CAPÍTULO 30

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Eu bati na porta, Silent olhava para todos os lados, ele não gostava de sair para o mundo dos humanos. Quinze já olhava para o jardim, ele tocou numa planta de folhas roxas e sorriu, eu bati de novo pensando no grupo idiota que nós éramos. Eu não tinha coragem de machucar ninguém, nem Silent. Pelo menos Quinze era mau, mas ele estava preocupado que a mãe dele, a Senhora Professora, não gostasse dele ter ido para fora da Reserva.
Meu pai abriu a porta olhou para mim, para Silent e sorriu debochado. Quinze sorriu de volta e foi entrando, ele não imaginava que meu pai pudesse machucá-lo.
"Oi, Nove pai. Viemos ameaçar você. Mas antes que a gente brigue, você sabe o nome da planta roxa? Eu gostei muito dela. Se puder me dar uma muda, eu agradeceria." Quinze disse com uma voz amigável, meu pai sorriu para mim. Talvez eu devesse ter trazido Sunny. Ele sim era ameaçador.
"Eu não sei o nome, o jardim foi uma idéia de Ben. E também não sei como tirar uma muda pra te dar. Gostam de refrigerante? É só o que eu tenho. E água, é claro." Ele disse sem um pingo de medo.
"O refrigerante é de quê?" Silent perguntou, meu pai tirou duas garrafas, uma de cereja, outra de laranja.
"Só tem essas duas?" Silent perguntou, meu pai respondeu:
"Geladas sim, mas pode tomar a vontade, eu vou colocar mais na geladeira." Ele abriu um armário, tirou quatro garrafas e colocou na geladeira enquanto Silent tomava o refrigerante de cereja da garrafa mesmo. Meu pai pegou copos e encheu um para Quinze, Quinze agradeceu e bebeu. Não era assim que eu imaginei que a conversa seria.
Ele se sentou no sofá, eu sempre invejei a calma e o quanto ele era seguro de si. Ele indicou uma cadeira para Quinze, outra para Sil e eu teria de me sentar no sofá ao lado dele, eu cruzei os braços.
"Então vieram me ameaçar." Ele começou, Silent olhou com medo para mim, Quinze encheu o copo de novo.
"Fique longe de Breeze." Eu disse e me estiquei todo.
"E se eu não ficar?" Ele perguntou olhando para as unhas, chamando minha atenção para elas. Estavam grandes, pareciam afiadas. E ficavam maiores se ele quisesse.
"A questão é que Breeze acha que quem tem dormido no apartamento dela é o nosso Nove aqui. O que acha que vai acontecer se ela souber que é você e não ele que faz sexo com ela? Mesmo que você nos enfrente, e minha mamãe ficaria muito triste se eu apanhasse de você, o que me fará lutar pra valer, ainda assim, basta que contemos para ela. Então, e eu gostei muito do seu jardim e por isso espero que não lutemos, acho que talvez poderíamos chegar num acordo." Quinze disse, Silent sorriu, orgulhoso de seu irmão. Silent me amava, eu sabia disso, mas ele amava os filhotes do pai dele mais, Peter e Quinze eram seus preferidos.
Meu pai assentiu, afinal, ele era muito forte e sabia que eu e Silent não queríamos lutar.
"E esse acordo seria..." Ele perguntou, dessa vez foi Silent que respondeu:
"Não enganar mais a tia Breeze. Ficar longe dela, não ir mais na Reserva. Você disse que só ia dar o filhote para ela, então cumpra sua palavra. Tenha honra." Ele disse, meu pai ergueu uma sobrancelha quando ele chamou Breeze de tia. Ele convivia com os trigêmeos que só chamavam Vengeance de tio, mesmo quando eram bem pequenos. Silent falava como os filhotinhos e chamava todos os outros adultos de tio ou tia, mesmo tendo idade para ser avô da maioria deles.
Meu pai saiu, fomos atrás, ele se abaixou e alisou as folhas da planta roxa, Quinze sorriu.
"Essa?" Ele perguntou, Quinze aumentou o sorriso, mas rosnou, quando meu pai arrancou a planta da terra e a pisoteou.
"Vão embora. Ou vamos lutar e eu duvido que consigam evitar que eu mate um de vocês." Ele se esticou, Quinze voou nele e eu e Silent ficamos parados, eu tremia, Silent começou a chorar.
Eu nunca vi uma luta como aquela, eles se jogavam longe e saltavam um no outro de volta, meu pai arranhou o lado de Quinze, Quinze o socou na garganta várias vezes. Meu pai o mordeu, Quinze também, eles sangravam e continuavam lutando, Silent entrou no meio, meu pai o jogou contra a parede com tanta força que a parede da casa rachou, Silent desmaiou. Eu aproveitei e entrei na frente de Quinze quando meu pai ia saltar nele de novo.
"Não bata nele mais, ele só veio por que eu pedi. É injusto o que está fazendo com ela, ela vai sofrer muito." Eu encarei meu pai, ele tinha um grande corte no pescoço e no lado, ele se aguentava a muito custo de pé. Quinze atrás de mim, estava de joelhos, ele tinha um enorme corte na barriga.
"Você..." Ele não conseguiu falar, Quinze tinha machucado muito a garganta dele.
"Por favor, pai." Eu disse, ele se deixou cair, logo ele e Quinze estavam em poças de sangue.
"Vamos ligar para o papai." Silent disse se levantando, ele se segurou em mim, havia sangue na nuca dele. Ele discou, eu me senti um inútil contando para Vengeance o que tinha acontecido. Vengeance disse que estavam indo. Silent se ajeitou, a tarde estava indo embora, ele não demoraria a dormir. Quinze rosnou mas se sentou, o corte na barriga estava fechando mas poderia ter tido traumas internos. Meu pai também se sentou, ele estava com o rosto todo torto.
"Vamos fazer isso de novo, ninguém ganha de mim!" Quinze o ameaçou, meu pai cuspiu um monte de sangue e sorriu para ele com os dentes sujos.
"Parece... Que eu... Ganhei." Meu pai disse bem baixo e com muita dificuldade, Quinze começou a engatinhar até ele, eu o arrastei para longe.
"Não. Parem com isso." Eu disse.
"Você perdeu. Vai ter de ir para a reserva se quiser falar direito de novo, Breeze vai te ver. Ela mesmo vai chutar esse seu traseiro gordo." Quinze disse. Ele apertou a barriga e acabou se levantando.
"É claro que se ainda aguentar, podemos continuar." Quinze disse, meu pai se levantou e foi a gota d'água. Eu rugi com tudo o que eu tinha e soquei meu pai até ele desmaiar e depois bati a cabeça de Quinze na parede até ele desmaiar também.
"Eu nunca mais vou ameaçar ninguém. Não dá certo se a pessoa não gostar de ser ameaçada." Silent disse, eu suspirei.
Vengeance chegou com os clones e Honor, eu pensei na burrada que fiz em não chamar Honor e ao invés disso ter chamado Quinze e Sil.
Adam parecia estranho, ele jogou meu pai no ombro e o carregou para um carro, Noah me abraçou e me beijou, eu me senti bem.
"Eu só queria que ele parasse de enganar Breeze." Eu disse, Vengeance sorriu.
"Quando ela souber, a surra que meu filhote deu nele vai parecer uma ida ao lago."  Vengeance alisou o rosto de Quinze com carinho e o jogou no ombro. Honor riu e me abraçou também.
"É uma pena que ela não veja o macho especial que você é." Ele disse e eu não sabia o que responder. Meu pai enfrentou Quinze por ela, isso significava que ela era especial para ele, ou não?

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