Bonsai

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A primeira pessoa que pensei em ligar pedindo orientação foi Miguel, meu irmãozinho latino que eu sei que poderia contar para tudo e me daria o melhor conselho, mas conhecendo o garoto, se ele soubesse que toda essa confusão está relacionada às aç...

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A primeira pessoa que pensei em ligar pedindo orientação foi Miguel, meu irmãozinho latino que eu sei que poderia contar para tudo e me daria o melhor conselho, mas conhecendo o garoto, se ele soubesse que toda essa confusão está relacionada às ações para arrecadar dinheiro pra sua cirurgia, ele se sentiria péssimo e culpado, e eu não quero colocar mais nada em sua cabeça agora.
Pensei em Tory, mas ela sumiu.
Pensei em minha mãe, mas não quero que ela pense que papai está certo com tudo que diz sobre o Cobra Kai e me tire de lá. Pensei em Robby, mas ele estava fora do horário de ligações. E por último, pensei em meus amigos fora da cidade, mas eles simplesmente não entenderiam o peso da rivalidade entre os dois dôjos e achariam que somos malucos (e nós provavelmente somos).

Então, somente com minha própria cabeça, cheguei na conclusão de que a melhor coisa a se fazer era ignorar tudo, não conversar sobre nada e agir emburrada o dia inteiro. Muito maduro da minha parte, eu sei, mas você não pode me julgar! Todo mundo faz isso!

Neste exato momento estávamos em mais uma aula de Kreese e eu não tinha falado com Eli a tarde inteira, fazendo o garoto perguntar pelo menos umas 5 vezes sobre o que tinha de errado comigo.

— Nunca subestime seu inimigo! — Sensei Kreese diz depois de colocar a turma em uma formação circular. No meio do tatame havia um tronco alto com um vaso de planta no topo (u bonsai, claro) — Mesmo que pense que ele seja mais fraco, esteja sempre um passo a frente. É a única forma de garantir a sua vitória! Entendido?

— Sim, sensei! — Respondemos em coro.

— Ótimo. Agora vamos ver se realmente entenderam a lição. Quero que tirem esta árvore do topo com um chute. Ruivo, você começa.

O ruivo assente, pega uma distância do tronco e entra em posição antes de elevar seu corpo em um chute tão ridículo que não passou nem perto do bonsai... ou do tronco.

— Patético. — Kreese comenta, não posso evitar concordar. — Rickenberger, mostre.

O segundo garoto tenta parecer confiante atrás de sua cara de assustado e repete a preparação do ruivo, mas ao tentar se exigir em uma sequência de giros, se esborrachou no chão antes de conseguir chutar qualquer coisa, começando a reclamar de dor logo em seguida.

— Deixe de frescura. — Kreese diz com uma cada de desprezo hilária.

— Eu consigo, sensei. — Escuto a voz de Eli do outro lado da sala.

Eu já sabia o que o garoto faria, era a maneira mais esperta de se resolver o problema, e Eli é esperto, embora esconda isso.

— O que está esperando? — Kreese pergunta, então Eli vai para o centro do tatame e se aproxima do tronco. —  Não quer pegar distância para ter uma vantagem?

— Não preciso. — O garoto sorri, chutando o meio do tronco e derrubando a madeira e o bonsai no chão.

— Nada mal. — Kreese elogia enquanto Eli volta para o círculo sorrindo em direção a mim, esperando um sorriso em troca, que eu não consegui evitar. Ainda sinto orgulho dele, mesmo estando brava. — Nada mal mesmo.

THE BALLERINA - Cobra KaiWhere stories live. Discover now