FIVE | BROTHERS

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Nós paramos embaixo de um viaduto, ou do que sobrou dele, para passarmos a noite.

- Vamos montar guardas de duas pessoas para ficarem de vigias, trocaremos os turnos durante a noite – Carter avisou e escolheu os dois primeiros recrutas para a guarda.

Sentei no chão com as costas encostadas em uma parede, colocando minha mochila de lado e meu revólver sobre a perna para se caso houvesse uma emergência. Fechei os meus olhos e tentei manter minha cabeça em casa, na minha família. Mas, a minha mente me fez lembrar dos olhos do Daniel quando o mesmo percebeu que sua vida havia acabado naquele momento. Minha mente me fez ouvir os gritos do Edward quando aquela coisa caiu em cima dele e atacou o seu rosto.

Acordei no meio da madrugada, meu peito subia e descia descontroladamente por causa da minha respiração desregular. Passei as costas de minha mão em minha testa e percebi que a mesma estava molhada pelo suor frio que escorria.

Uma mão pousou em meu ombro, me fazendo estremecer e arregalar os olhos.

- Calma, Ninka, sou eu – Charles me tranquilizou.

- Ah, oi – o respondi, aliviada.

- Pesadelo? – ele perguntou, se sentando ao meu lado.

- Lembranças – ele assentiu, retirando os seus óculos de grau e os limpando no casaco verde musgo.

Um pássaro pousou em um pedaço de concreto quebrado perto da gente e nós nos assustamos ao perceber que o mesmo tinha duas cabeças.

- Quando você pensa que não tem como ficar mais esquisito – ele comentou, balançando a cabeça em meio a uma careta e eu acabei por rir.

- Tira um cochilo, eu fico no seu turno – me levantei.

- Sério? Não precisa – ele tentou ser modesto.

- Charles, dorme ou eu vou te dar um soco – lhe ameacei e ele sorriu.

- Já que você insiste – ele deu de ombros, deitando no chão com a cabeça apoiada na mochila e ajeitando suas pernas para dormir de conchinha. Observei um garoto negro do outro lado da nossa pequena área, logo deduzi que era o segundo vigia daquele turno.

Ao contrário do dia, à noite o vento era forte e gélido, fazendo com que fosse mais frio. Por isso, Victória e Christine, antes de dormirem, haviam feito uma pequena fogueira para que nós nos esquentássemos durante a madrugada.

Eu não sabia que horas eram exatamente, mas já havia amanhecido quando escutei um barulho. Eu procurei por sua origem na rua, mas não consegui encontrar nada.

- O que foi? – o garoto, que estava no turno comigo, perguntou.

- Eu pensei ter escutado – o barulho soou novamente como se fosse de algo se movendo e dessa vez estava mais perto – esse barulho – sussurrei e me virei com minha arma em mãos – acorde o Carter! – eu mandei e o garoto assentiu, saindo.

Vi algo se mover em um carro abandonado, então fui em sua direção. Apontei minha arma para o veículo e o circundei, procurando por uma daquelas coisas. Tomei um susto quando um gato de cor verde neon saltou de dentro do porta-malas.

- Mandou me chamar, Baker? – Carter perguntou, sua voz estava rouca por ter acabado de acordar.

- Alarme falso, me desculpe – ao apontar para o gato, uma criatura igual a de ontem caiu de cima do viaduto em minha frente.

- Merda! – murmurei para mim mesma quando a coisa soltou um grunhido e avançou em minha direção.

Acabei por me assustar e cair de costas no chão, fazendo minha arma derrapar pelo asfalto para debaixo do carro. Arregalei os olhos. Carter e o garoto do meu turno atiraram na coisa na tentativa de tirá-la de perto de mim.

Ninka Baker e Os RecrutasDove le storie prendono vita. Scoprilo ora