SIXTY ONE | MUSHROOM EFFECT

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Atlas voltou para o carro no tempo que havia dito.

— Mas que inferno aconteceu aqui? Não posso deixar vocês sozinhos por trinta minutos que já são apedrejados e machucados? — perguntou horrorizado ao se aproximar do carro com o parabrisa quebrado e o chão cheio de sangue.

— Estamos bem, deixe de drama e nos diga no que deu a sua visita aos seus antigos amigos — Aiken pediu, sem muita paciência, apesar de não soar grosso como de costume ao se referir ao homem negro.

— A antiga base militar ainda funciona, graças à Resistência, que nos garantiu que estaríamos fora do radar do Distrito e nos deu passe livre para lá — informou.

— Resistência? — eu quis saber.

— Grupo antigo de rebeldes que não aceitam a soberania que o Distrito tem e lutam contra a opressão — Aiken definiu.

— Resistentes — Ayla simplificou no melhor sentido da palavra, a loira suava com febre por causa das dores que sentia — Nunca conseguiram passar pelos muros, mas contrabandeiam tecnologia e recursos para o resto do povo.

— Então devem ter rádios — eu pensei alto e me pus entre os bancos da frente — Atlas, será que os seus amigos deixariam eu tentar fazer contato com os meus recrutas?

— Só perguntando para descobrir, princesa — ele respondeu e tirou algo do bolso do seu blaser azul — Um presente pra você — então jogou um frasco de comprimidos para a Ayla, que agarrou no ar.

— Céus, eu até te beijaria agora — a menina disse ao engolir uma das pílulas a seco.

Atlas sorriu malicioso, mas, antes que pudesse responder com uma de suas gracinhas, Aiken o cortou.

— Se tocar nela, perde a mão — ameaçou antes de dar partida no carro e nos tirar dali ao som das gargalhadas da Ayla por causa do olhar de incredulidade e medo do Atlas.

(...)

Chegamos na tal base depois de algumas horas na estrada seguindo as instruções do Atlas, resultado: ele fez com que nós nos perdêssemos no caminho duas vezes antes de nos colocar na rota certa.

A base era em um lugar afastado da cidade. Ao seu redor havia um campo de folhagem alaranjada e meio morta junto à destroços do que seria construções antigas. O prédio era largo e deveria ter, no máximo, três andares. E era cercado por andarilhos armados que, inclusive, nos pararam na entrada para verificarem se tínhamos permissão para estarmos ali ou se éramos intrusos. Nos deixaram passar, porque a nossa permissão foi confirmada por alguém de dentro.

— Não falem e nem olhem para ninguém, deixem isso comigo — Atlas pediu ao descermos do veículo.

Aiken me encarou com um olhar de divertimento no rosto, pois julgava o comportamento do homem como uma piada.

— Se formos expulsos, eu mato ele. Não aguento nem mais um segundo dentro dessa lata velha. — Ayla reclamou, sendo ajudada pelo seu irmão e por mim a ficar de pé.

— Bem-vindos, eu estava esperando por vocês — uma garota da nossa idade apareceu no nosso campo de visão sendo acompanhada por quatro andarilhos-guardas.

Ela tinha o cabelo preto curto, acima das orelhas, a pele era queimada pelo sol e os olhos eram grandes, bem expressivos.

— Senhorita, obrigado por nos receber — Atlas fez uma reverência a menina que sorriu.

— Você deve ser o Atlas, certo? — o homem concordou, então ela o ignorou — E vocês devem ser os gêmeos ao qual todos chamam de mortais — olhou para os irmãos ao meu lado até finalmente parar em mim — E você deve ser a lenda viva que todos pregam por aí: Ninka Baker, a garota que surgiu do nada, que conseguiu escapar de Wakanda, A chefe das sete tribos, e conseguiu entrar e sair do Distrito Federal.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora