Depois do pequeno surto, eu me recuperei. E não demorou muito para que o cronômetro chegasse em zero e a voz robótica voltasse a se comunicar com a gente.— QUESTÃO RESOLVIDA, PASSAGEM LIBERADA — informou — SEJAM BEM-VINDOS AO DISTRITO.
Então uma parte da parede a nossa frente foi aberta, revelando uma passagem. E lá estava um homem barbudo de cabelo récem-cortado castanho quase preto dentro de um terno branco com a gravata preta. As mãos nos bolsos da calça e o sorriso de lado fizeram a minha cabeça mandar pontos de alerta por todo o meu corpo, algo naquele cara não me agradava.
— Me sigam — foi tudo o que disse antes de nos dar as costas.
Mas, antes que qualquer recruta desse o primeiro passo, eu tratei de impor um questionamento.
— Como quer que a gente siga o cara que nos forçou a matar um de nós? — a minha pergunta fez com que o homem parasse e se virasse novamente para nós.
— Ninguém aqui de dentro forçou vocês à nada — ele respondeu com a testa franzida e a voz tranquila — Nós os demos duas escolhas, não temos culpa de qual escolheram.
— Sair não era uma opção real e você sabe disso — eu retruquei.
— É claro que era uma opção real, tudo o que tinham que fazer era voltar pelo mesmo caminho que vieram. E em nenhum momento, ninguém disse pra vocês matarem o contaminado. Isso também foi uma escolha de vocês. Inclusive, nós tomamos as suas armas para que ninguém se machucasse, e novamente foi por uma escolha de vocês que havia um objeto pontiagudo dentro daquela sala — ele argumentou e olhou diretamente para mim — Ninka, nós não somos seus inimigos. Não precisa mais lutar para sobreviver. Estarão seguros aqui dentro, se nos permitirem cuidar de vocês.
— Como sabe o meu nome? — eu uni as minhas sobrancelhas.
— É impossível esquecer um nome que seus amigos gritavam a todo instante enquanto tentavam te impedir de matar uma pessoa — ele debochou e eu trinquei meus dentes, me obrigando a permanecer calada — Isso é tudo? Podemos prosseguir agora?
— Sim, podemos — Carter respondeu por mim, me olhando de lado como se perguntasse o que eu estava fazendo questionando o cara que estava nos dando tudo o que sempre desejamos.
— A propósito, me chamo Bruce. Sou responsável pelo funcionamento geral da Sede e comando as nossas forças militares. — o homem se apresentou enquanto andávamos por um corredor branco — Mas, antes de prosseguirmos com as apresentações e o tour pelas nossas instalações, precisam se proteger contra os vírus.
— Como assim? — Margot foi quem perguntou, mas, ao invés de responder, o homem colocou a mão em um leitor de digital para abrir a porta de uma sala.
Dentro dela haviam várias poltronas inclináveis ao seu redor e uma equipe de enfermeiros enfileirados contra uma de suas paredes.
— Por favor, tomem seus lugares — Bruce praticamente nos obrigou à nos sentarmos e se posicionou em nosso meio. Ele pegou um pequeno controle de seu bolso e apertou em um dos botões, fazendo com que as luzes da sala se apagassem e apenas uma ficasse acesa: um refletor, que estava direcionado para uma das paredes brancas — Como muitos de vocês devem saber, há muito tempo houve uma terceira guerra mundial — Bruce apertou outro botão, que fez o refletor reproduzir vídeos, sem som, exclusivos da guerra.
Todos nós ficamos boquiabertos.
— Durante a guerra, a sede de poder foi tanta que não bastava a criação inovadoras de armas tecnológicas, os países queriam algo que afetasse os soldados dos seus inimigos e assim começaram com a guerra biológica e química — narrou tudo enquanto imagens atrás dele mostravam as cidades destruídas e pessoas gravemente feridas — E, depois de todo o caos que a guerra trouxe, um único vírus conseguiu sobreviver firme e forte. O Vírus Funguer. Não só sobreviveu, como começou a se propagar em grande escala, chegando a matar milhões de pessoas. Um vírus que comia os seus hospedeiros de dentro para fora até controlarem os seus cérebros e fazerem deles os seus reféns. — a imagem que passou a seguir foi a de uma mulher com veias pretas por todo o corpo com o sangue escuro escorrendo pela boca e pelo nariz, amarrada pelos braços, querendo avançar em cima dos cientistas — O vírus dominou país por país, e a única solução que o nosso país achou para ter uma chance de lutar contra esse mal foi criar uma cidade com apenas os melhores dos melhores para que pudessem, juntos, encontrarem uma cura.
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...