FORTY | TUNNEL

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Aiken fez uma manobra com o carro em meio à escuridão e o desligou. Ele desceu do veículo e foi para a traseira do mesmo, mandando em meio a sussurros os meninos descerem e irem para onde estávamos. Ayla também veio junto e o carro pareceu encolher com tanta gente enfiada dentro dele.

Margot precisou sentar no colo de Victoria e eu fiquei espremida contra a janela para que os meninos conseguissem se sentar ao nosso lado. Ayla estava entre os bancos da frente, o que nos dava espaço para respirar.

— Aiken, o que tá acontecendo e aonde a gente tá? — eu perguntei por todos, que estavam confusos.

Menos Ayla, ela parecia ser a única que sabia o que o seu irmão estava fazendo.

Shhhh — ele fez um sinal com a mão para que eu esperasse — Abaixem!

Todos obedecemos, mesmo sem sabermos o motivo para aquilo. Mas logo entendemos quando os mortos que estavam nos seguindo começaram a passar ao nosso lado, sem se darem conta da nossa presença ali. E nós só sabíamos da deles por causa do barulho que emitiam ao grunhirem e correrem.

Foram longos minutos de tensão para termos certeza de que havia passado todos os mortos que estavam nos seguindo. Sabíamos que alguns deles haviam se perdido em meio à tempestade e que uma grande parte havia seguido pela avenida principal.

— Podem se levantar — Aiken mandou e nós o obedecemos.

Okay...o que acabou de acontecer? — Carter perguntou, se virando de lado no banco para ter uma visão geral do carro.

— Eu também gostaria de saber — afastei um pouco a cabeça de Margot para conseguir olhar para o motorista.

— Estamos em um túnel — Aiken começou a falar.

— Acho que todo mundo já percebeu isso — Ayla comentou, o interrompendo.

— Eu não! — Karl disse com dificuldade por estar sendo esmagado contra a janela pelo corpo do Amon.

— Por que você nos trouxe aqui? — Victoria retomou o assunto principal, fazendo Aiken voltar ao que estava falando.

— Porque aqui estamos protegidos da tempestade de areia.

— E é o único lugar onde conseguiríamos passar despercebidos — Ayla complementou a resposta do irmão.

— Porque é escuro — Carter concluiu e a loira anuiu.

— Aonde o túnel vai dar? — eu perguntei, tentando completar as lacunas.

— Do outro lado da cidade, mas não vamos usá-lo. É extenso e agora está cheio de mortos, então é arriscado demais. Vamos voltar para a nossa rota na avenida principal assim que a tempestade passar. — Aiken respondeu.

— E quanto tempo até isso acontecer? — Amon quis saber.

— Imprevisível. Pode levar minutos, mas também pode levar horas. — Ayla o respondeu.

— Não podemos esperar horas! — eu disse alarmada e procurei pelo olhar de Aiken, que entendeu que na verdade eu era quem não podia esperar tanto tempo.

— Vamos sair assim que for possível, mas, até lá, temos que ficar trancados aqui dentro sem ascender nenhuma fonte de luz ou fazer qualquer barulho que atraía os mortos — ele tentou me acalmar, mas não funcionou.

Nada funcionaria.

Eu só ficaria em paz no momento em que pisássemos dentro daquele distrito e eu tivesse a certeza de que todos ficariam bem, inclusive a minha família.

(...)

Não foi preciso esperar tanto, pois a tempestade logo passou. Os ventos ainda eram fortes, mas nada turbulento ou com areia. Todos suspiraram aliviados quando finalmente voltamos para a estrada, não porque o nosso tempo estava acabando, mas porque não estávamos mais no apertado.

Karl e Amon voltaram para a traseira do veículo, dando espaço o suficiente para que Margot saísse do colo de Victoria. Ayla também havia voltado para a sua moto.

— Ei, você está bem? — Carter sussurrou para mim pelo vão entre o seu banco e a carroceria.

Ele parecia preocupado, talvez pensando que eu também estivesse com o fato de não conseguirmos chegar no Distrito.

Aham — murmurei, sem forças ou cabeça para mentir melhor.

— Nós vamos chegar lá, Baker. Nós vamos conseguir.

— Eu sei — sorri esperançosa para o tranquilizar e ele voltou a olhar para frente.

Aiken me olhou pelo retrovisor, um olhar de quem estava preocupado com o meu bem estar diante do vírus. Assenti discretamente, tentando lhe tranquilizar também.

Eu não queria que nenhum deles dois se desconcentrasse por um segundo qualquer por minha causa, pois poderia ser um segundo precioso e decisivo quando pisássemos na Capital.

E nós pisaríamos.


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Ninka Baker e Os RecrutasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora