TWENTY FOUR | ACTION - PART I

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Carter concordou com o plano, mas somente depois de impor sua condição: todos teriam que aceitar o plano.
Se um recusasse, ninguém mais se arriscaria. Mas, para o seu desapontamento, todos aceitaram. Inclusive Charles, que estava com a perna mumificada pelo ferimento.

Graças a isso, no dia seguinte, botamos o plano em ação.

Eu deveria acompanhar Margot e Victoria, que carregariam cestos, até a tenda em que armazenavam as coisas da aldeia. Entre essas coisas deveriam estar nossas roupas, nossas mochilas e nossas armas. E era disso que precisávamos. Os cestos seriam disfarces para que ninguém desconfiasse do que estava de fato dentro.

Então... — Victoria começou a dizer enquanto nós nos encaminhávamos até a tenda — O que está rolando entre você e o capitão?

Quase engasguei com a minha própria saliva.

— Como assim o que está rolando? Não tem nada rolando — eu a respondi um pouco nervosa.

— Não adianta negar, Ninka, todo mundo viu o jeito como vocês estavam se olhando — Margot foi quem falou, me pegando de surpresa por querer dar continuidade ao assunto — Só precisava de uma faísca para aquilo lá dentro pegar fogo.

— E quando discutiram, então? Nossa! Dava pra sentir a tensão sexual do outro lado da aldeia! — Victoria comentou empolgada para Margot que concordou com um sorriso.

— Victoria! — a repreendi.

O quê? Não estou mentindo — ela deu de ombros.

— Ela está certa — Margot apoiou a ruiva e eu a repreendi também, desta vez com o olhar — Só estou dizendo, se alguém me beijasse daquela forma...— deixou a frase no ar e se abanou com a mão livre.

— Vocês duas são pervertidas, isso sim! Eu e o Carter só nos beijamos porque precisávamos convencer Wakanda da história que inventamos — expliquei pela segunda vez, usando um tom de voz mais baixo para que nenhum aldeão, ao nosso redor, escutasse.

— E que beijo hein! — Victoria comentou com um sorriso malicioso, me fazendo a empurrar para o lado.

— Idiota — murmurei, sem realmente querer ofendê-la.

Quando chegamos perto o bastante da tenda, eu avistei apenas um aldeão de guarda, como eu havia imaginado.

Wakanda não queria chamar atenção para aquela tenda em específico, por isso, eu só descobri que se tratava de um armazém ao escutar uma conversa dela e seguir um aldeão que deveria guardar algo ali dentro.

Pedi para que as meninas se escondessem enquanto eu cuidava daquilo.

Oga ti o ranṣẹ fun ọ. — eu disse pausadamente para ele, enrolada com as palavras.

"A chefe mandou lhe chamar"

Eu havia aprendido um pouco da língua deles no tempo em que passara ali, principalmente porque alguns dos aldeões não falavam a nossa língua, o que dificultava em certos momentos o diálogo em geral. O mais difícil, sem dúvidas, era o sotaque deles.

— Eu fico no seu posto por enquanto — acrescentei, depois dele me olhar desconfiado — Ordens da patroa.

Sem questionar, o homem saiu em direção à grande tenda. Esperei que se afastasse o suficiente para que não escutasse o meu assobio em forma de sinal, que fez com que as meninas saíssem de trás de alguns arbustos e viessem até mim.

— Temos pouco tempo — eu as alertei — ficarei do lado de fora.

Então elas entraram. Fiquei olhando para os dois lados da pequena rua de barro, torcendo para que ninguém precisasse das coisas que estavam armazenadas do lado de dentro. Alguns minutos depois, Margot colocou a cabeça para fora para me chamar.

— Temos um problema — disse em um sussurro e eu virei para lhe encarar — As armas e as munições não estão aqui.

— Como assim não estão aí? — perguntei preocupada, com os olhos levemente arregalados.

— Procuramos por todos os lados, mas só consigamos achar as nossas roupas e as nossas mochilas. Aqui dentro também tem comida e remédio, é tipo um estoque. — explicou.

— Abasteça as nossas mochilas com o que puderem — eu mandei e ela voltou para dentro.

Era claro que Wakanda não deixaria as nossas armas no armazém, ela não deixaria algo tão perigoso dando sopa desse jeito. Ela deveria ter guardado em algum lugar com segurança máxima, perto dela o bastante para que pudesse cuidar e vigiar. Mas onde?

Então, a minha própria mente me respondeu: na grande tenda.

As meninas saíram de dentro da tenda com os cestos cheios e pesados, eles estavam com alguns panos em suas superfícies para cobrirem as coisas roubadas.

— Vamos sair logo daqui — as apressei, afinal o aldeão voltaria querendo explicações por ter sido tirado de seu posto à toa e eu não saberia o que lhe dizer.

Conseguimos voltar para a nossa tenda sem alarmar e sem sermos paradas por ninguém, o que já contava como uma vitória. As deixei sozinha com Charles para voltar à minha ronda, não poderia dar motivos para Wakanda desconfiar de nada.

Encontrei Carter parado do lado de fora da grande tenda, ele estava servindo como guarda.

— E então? — sussurrei discretamente quando me posicionei ao seu lado, ele havia ficado com a segunda parte do plano junto com Karl e Amon.

Ambos olhávamos para frente e mantínhamos uma expressão neutra, como se realmente tivéssemos apenas vigiando. Alguns aldeões estavam há apenas alguns metros da gente.

— Amon colocou as palhas secas e velhas por toda a aldeia enquanto cuidava dos jardins de algumas casas e o Karl deixou vazar algo alcoólico enquanto caminhava por aí — relatou, usando o mesmo tom de voz baixo que eu e sendo discreto ao mover a boca à medida que falava — e você?

Quase tudo certo.

— Quase? — ele perguntou alto e preocupado e virou o rosto em minha direção, bati com com o cotovelo em sua costela para que voltasse à sua posição normal e falasse mais baixo, e ele assim o fez. — Como assim "quase"?

— Pegamos todas as nossas coisas, mas as armas não estavam lá — ele me lançou um olhar de lado preocupado, provavelmente pensando que aquilo afetaria todo plano, o que de fato aconteceria se eu não soubesse onde elas estavam — Tenho quase certeza que Wakanda as trouxe para cá — eu apontei discretamente com a cabeça para a tenda atrás de nós.

— E como, diabos, vamos pegar isso agora?

— Não vamos pegá-las agora — eu retruquei, mordendo o meu lábio inferior por estar preocupada com a nossa única opção: — Vamos ter que pegá-las no último minuto.

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Já deu para adivinhar o plano do Aiken? Será que eles conseguem sair da aldeia?

__________________________Já deu para adivinhar o plano do Aiken? Será que eles conseguem sair da aldeia?

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Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora