THIRTY FIVE | HOTEL - PART I

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Acabamos dentro de um escritório azul marinho, que podia ser facilmente resumido pela mesa no meio do cômodo, uma lareira ao lado e um sofá preto e grande ao outro. Também havia um mini-bar no canto da sala, que não passava de uma mesa com várias bebidas e pílulas de diferentes cores.

— Então, a que devo a honra de tê-los no meu humilde hotel? — Atlas sentou-se em sua cadeira acolchoada de couro preta, colocando as pernas sobre a mesa marrom e um charuto entre os lábios.

Havia um lustre de vidro sobre as nossas cabeças, o que dava um ar de riqueza ao local.

— Lembra dos favores que sempre fazíamos à você quando se metia em enrascadas? — Aiken perguntou e logo respondeu: — Viemos cobrar, pelo menos, um terço deles.

— E como eu poderia ajudá-los? — o homem perguntou interessado, assoprando a fumaça por entre seus lábios.

— Precisamos de quartos — Ayla disse e olhou para nós — Oito.

— Não sei se será possível — Atlas respondeu debochado, como se a garota estivesse exigindo o impossível.

— Acho que não ouvi direito — Aiken encostou os punhos na mesa, segurando o corpo enquanto aproximava seu rosto do homem negro que engoliu em seco e retirou as pernas de cima da mesa.

— É que talvez não tenha vaga, Aiken, vocês chegaram muito em cima da hora e...— o loiro o interrompeu.

— Tenho certeza que você dá um jeitinho, Atlas, até porque eu já cansei das vezes que precisei salvar a sua vida. Tirá-la seria bem menos trabalhoso. — ameaçou.

— Preciso de alguns minutos para checar — o homem se levantou da cadeira, indo em direção à porta.

— Você tem apenas um — Ayla o cortou e o homem correu para fora.

Wow, quem diria que vocês são as ovelhas negra da cidade — Karl debochou, impressionado.

— Precisavam mesmo tratar ele daquele jeito? Ele parecia...inofensivo — eu falei, incomodada.

— Não se engane, Ninka. Atlas é uma serpente venenosa, se faz de bom moço para atacar no primeiro sinal de fraqueza. — Ayla comentou.

— Ele não é um bom homem, acredite em mim — Aiken afirmou, indo em direção ao mini-bar, onde se serviu de um líquido transparente em um copo largo — Só viemos até ele, porque apesar dos apesares, Atlas é um dos homens com mais contatos daqui de Casa.

— Um mal necessário — Carter rotulou.

— Exatamente — Aiken levantou o copo de vidro em direção ao capitão, como se o brindasse, e bebeu o líquido que estava dentro.

Em menos de alguns segundos, Atlas entrou em sua sala novamente. Ele coçou a garganta antes de começar a falar.

Eu...— ele se forçou a tossir — Eu só consegui disponibilizar dois quartos.

— Eu acho que fui clara quando pedi por oito, Atlas — Ayla tirou uma faca do seu cinto e caminhou em direção ao homem que empalideceu.

— Eu sinto muito mesmo, mas hoje estamos realmente lotados.

Atlas não parecia mentir. E havíamos passado por uma multidão quando entramos no prédio, então a sua história parecia ter coerência.

— Que pena, A, acho que vou ter que fazer algumas modificações no seu rosto de chocolate — Ayla deslizou levemente a lâmina da faca pela barba do homem.

— Dois estão ótimos — eu me intrometi, fazendo os gêmeos me encararem.

— Ninka...— Aiken tentou me deixar de fora, mas eu o interrompi.

— Aiken, eu sei que vocês conseguem mais quartos, mas todo mundo está realmente exausto e não é como se tivéssemos dormindo nos melhores lugares do mundo durante todo esse tempo. Podemos dividir o grupo em dois e está tudo bem, portanto que tenha travesseiros para todos — eu olhei para Atlas com uma sobrancelha levantada.

— Posso arranjar até mesmo de penas, se quiserem! — concordou comigo.

— Viu? Tá tudo bem, não vamos ficar aqui por mais de algumas horas — eu lhe encarei, implorando mentalmente para que aceitasse.

O menino olhou para Atlas com as sobrancelhas unidas, os olhos semicerrados e a boca formando um pequeno bico.

— Todos vão poder tomar um banho e sem serem cronometrados! — Aiken impôs uma condição enquanto colocava o copo de volta ao mini-bar.

— Isso é um...— antes que Atlas pudesse reclamar, Ayla pressionou a faca contra o seu rosto com mais força, causando um pequeno corte — Tudo bem, tudo bem!

Ele tirou duas chaves de dentro do seu colete azul de tecido e as segurou no ar. Ayla as pegou, se afastando dele.

— É sempre bom fazer negócios com você, amigão — Aiken passou pelo homem, batendo em suas costas.

— De nada — eu sussurrei para o homem que estava parado como uma estátua, seguindo junto ao grupo atrás dos gêmeos.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora