FIFTY SIX | PERSECUTION - PART II

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Abri os meus olhos, sentindo o asfalto quente sob o meu corpo dolorido. Minha cabeça latejava assim como minha pele ardia por inteira, me dando a certeza de que eu estava toda arrebentada. Me senti meio zonza ao arriscar levantar a cabeça e, quando tentei me apoiar nos meus braços para levantar o meu corpo, o meu braço direito doeu como um inferno e fraquejou, me fazendo cair de novo e ralar ainda mais o meu rosto. Arfei, sentindo o sangue escorrer.

Busquei ajuda com o olhar, estreitando os olhos por causa do sol, e só então avistei o carro, em que eu lembrava estar alguns minutos atrás, de cabeça para baixo. Notei que Ayla estava sendo carregada por dois guardas para fora enquanto Aiken era puxado brutalmente por outro. Ambos com as roupas ensopadas de sangue. Tentei balbuciar algo, como um chamado, mas a fraqueza fez minha visão ficar cada vez mais distorcida, até que eu apaguei novamente.

(...)

Acordei, mas dessa vez assustada ao finalmente juntar todas as minhas lembranças e entender o que diabos aconteceu. Contudo, eu não pude fazer muita coisa a respeito já que me encontrei amarrada à uma pilastra de um prédio abandonado. Olhei ao meu redor e encontrei os guardas de antes reunidos, eram cinco no total.

Três deles estavam ao redor de uma pequena e improvisada fogueira dentro de um tonel de lixo. Um estava rondando a área, como se estivesse fazendo a guarda, e o outro estava com o rádio na mão, parecendo tentar fazer contato com o Distrito.

— Ninka? — escutei alguém murmurar perto de mim.

— Aiken?! – perguntei em um sussurro enguiçado quando reconheci a sua voz, e tentei encontrá-lo com o olhar.

Senti algo nos meus dedos esquerdos e só então percebi que era sua mão e que ele estava amarrado no mesmo pilar que eu, mas afastado o suficiente para que eu só conseguisse ver suas pernas estiradas como as minhas.

— Cadê a Ayla? — perguntei baixinho para não chamar a atenção dos homens.

— Está inconsciente em algum lugar perto deles. Ela está ainda mais ferida do que antes, precisamos fazer alguma coisa ou ela não vai estar viva ao amanhecer.

Amanhecer?

Olhei para fora do prédio e só então notei que havia anoitecido. Meu deus. Quanto tempo eu havia passado desacordada?

Tentei me mover um pouco para o lado para enxergar o Aiken, mas tudo o que consegui foi sentir o meu braço direito doer ao ser movido, o que me fez soltar um grunhido involuntário de dor.

— Ninka? O que foi? — Aiken perguntou preocupado.

— Meu braço está deslocado — constatei com uma careta.

O ouvi suspirar.

— É um milagre que esteja viva. Você foi arremessada do carro pela janela enquanto ele capotava — informou e eu arregalei os olhos, impressionada ao mesmo tempo que assustada.

Olhei para as minhas pernas em algumas partes descobertas, por causa da calça que havia sido rasgada durante o acidente, e percebi que a ardência que eu sentia era culpa dos arranhões que estavam espalhados por elas. Mexi os meus dois pés, o direito doía, mas era uma dor suportável.

— Você está bem? O vi encharcado de sangue ao ser retirado do carro — comentei preocupada.

— Eu estava de cinto, só bati com a cabeça no volante, o sangue era da Ayla, eu estava tentando acordá-la — explicou cabisbaixo, me fazendo desejar poder abraçá-lo.

— Ei! Eles acordaram! — escutei um dos guardas informar aos outros que olharam para a gente.

O que parecia liderar o time veio em nossa direção. Ele se agachou na minha frente e segurou o meu queixo para avaliar o meu rosto.

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now