TWENTY SIX | RUN, BAKER, RUN!

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Andamos por muito tempo para conseguirmos sair da floresta e para chegarmos no centro urbano, que por sua vez estava deserto.

Durante o caminho, eu distribui as armas que peguei. Dei o machado para Amon e as duas adagas para Victoria e Margot, ficando com o facão para mim. Carter havia dado a arma extra para o Karl e o Charles estava desarmado por conta da perna mobilizada. Karl e Amon também haviam distribuído as nossas mochilas carregadas de suprimentos.

Ouvimos um barulho estrondoso vindo do céu que estava mais escuro que o normal e com mais nuvens, o que era estranho já que havia amanhecido.

— O que foi isso? — Victoria perguntou assustada, como o restante de nós.

— Um trovão — Ayla foi quem respondeu, olhando para o céu.

— Vem vindo uma tempestade. Temos que nos abrigar. — Aiken informou, antes de acrescentar: — E rápido.

— Por que? — perguntei com a testa franzida.

— Chuvas assim são perigosas. A guerra também mexeu com a natureza, ela está bem destrutiva. Como se estivesse nos castigando por todo o dano que os nossos antepassados provocaram — Ayla disse, voltando a caminhar.

— A água por si só, às vezes, é perigosa porque pode estar contaminada ou ser ácida num nível crítico, mas o que mais nos preocupa é o que vem com ela — Aiken comentou ao meu lado.

— Como o quê por exemplo? — Carter perguntou do lado oposto.

— Relâmpagos.

— Os raios conseguem chegar até aqui? — Amon perguntou um pouco mais atrás da gente.

Ele estava ajudando Charles, que parecia ser o mais debilitado de todos nós, a caminhar.

— Sempre puderam, a diferença é que agora são mais frequentes — Aiken o respondeu — Vocês sabem a expressão "um raio não cai duas vezes no mesmo lugar"? É um mito, por aqui caem mais do que cinco em menos de dois metros quadrados.

Da hora! — Karl comentou admirado, fazendo todo mundo lhe encarar. O menino deu de ombros, sem se importar com os olhares tortos.

— Faz sentido, visto que, em determinados pontos, tem mais areia do que asfalto — Charles analisou, mesmo estando ofegante.

— Aonde vamos ficar durante a tempestade? — perguntei preocupada, não queria que ninguém morresse.

Muito menos eletrocutados.

— Ali — Ayla apontou para um lugar específico.

— Isso é um...— Margot foi interrompida.

— UM SHOPPING! — Victoria gritou animada — Eu sempre via as fotos e me perguntava como puderam destruir essas construções incríveis!

— Ótimo, vamos às compras — Carter murmurou debochado, incomodado com a escolha do local.

— É impressão minha ou ele está...— Aiken pareceu ler os meus pensamentos, pois completou a minha frase.

— Soterrado, sim.

— Entraremos pelo que deveria ser a varanda do primeiro andar — Ayla nos guiou até a suposta entrada.

Era uma grande parede de vidro e concreto que em estava em sua maioria quebrada. A areia em que pisávamos havia invadido o local e era a nossa pequena ponte para o piso de cerâmica do shopping.

— Cuidado aonde pisam. Se botarem o pé no lugar errado, essa barreira toda de areia irá desmoronar e então todos morreremos — Ayla alertou, sem  um pingo de delicadeza.

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now