FORTY FOUR | OUTBREAK

2.4K 403 231
                                    



Ficamos em silêncio absoluto e estáticos, ponderosos sobre o motivo de estarmos sendo observados daquela forma.

— OLÁ, MORADORES DO BUNKER QUATRO ZERO ZERO DOIS — uma voz feminina e robótica soou pelos altos falantes.

— Como sabem a numeração do nosso bunker? — Carter sussurrou para mim, desconfiado.

Olhei para o nosso grupo, procurando por algo que entregasse a localização da nossa casa.

— As pulseiras — eu deduzi — Devem ter captado os nossos sinais vitais que estão sendo enviados para o bunker através do scanner.

— ATENÇÃO! — a mulher continuou a falar — UM DE VOCÊS ESTÁ PORTANDO UM VÍRUS PERIGOSO — alertou — REPETINDO: ATENÇÃO! UM DE VOCÊS ESTÁ CONTAMINADO. PARA QUE POSSAMOS CONTINUAR COM O PROCEDIMENTO, VOCÊS PRECISAM RESOLVER ESSA QUESTÃO. EM CASO DE DESISTÊNCIA, BASTA SE DIRIGIREM DE VOLTA AO ELEVADOR E SERÃO LEVADOS PARA FORA DO DISTRITO. VOCÊS TÊM UM MINUTO PARA DECIDIREM.

Então a janela no alto da sala foi transformada em um telão, onde um cronômetro foi iniciado.

— O quê? — murmurei incrédula e todo mundo se entreolhou assustado.

— Okay, eu não estou contaminado, então quem está? — Karl se liberou, se virando para nós.

— Eu não fui mordida, nem arranhada — Margot também se liberou.

Idem — Victoria balançou os ombros com os braços cruzados.

— Eu estou intacto — Carter disse.

— Nenhum morto chegou perto de mim ou de meu irmão — Ayla tirou a sua família da reta.

— Ninka? — Margot se dirigiu a mim quando viu que eu estava calada.

Eu...— Me senti zonza e precisei engolir a minha própria saliva para tomar coragem, eu precisava me entregar. Não podia arriscar o grupo por causa de um descuido meu. — Eu estou...— mas antes que eu pudesse confessar, fui interrompida.

— Sou eu — Amon disse do meu lado, fazendo todo mundo o encarar — Fui arranhado enquanto estávamos fugindo da multidão de mortos e um deles pulou no carro — ele confessou e levantou a camisa, mostrando o peitoral arranhado com veias pretas até o umbigo.

— Amon — lhe encarei com pena.

— Eu sinto muito, capitã — ele murmurou com um sorriso triste.

— KARL, NÃO! — antes que eu pudesse entender o motivo do grito de Aiken, uma faca foi lançada  e cravada na testa do Amon, que arregalou os olhos antes de tombar para trás e cair morto.

Recuei um passo com um grito entalado na minha garganta. Olhei trêmula para o grupo e me deparei com Aiken assustado ao lado de Karl ofegante, que havia roubado sua faca.

— Você o matou? — balbuciei desnorteada.

— Baker? — Carter me olhou preocupado ao notar meus punhos se fecharem com força.

— Bom, questão resolvida! — Karl sorriu e limpou uma mão na outra.

— VOCÊ O MATOU! — eu gritei com ele enquanto caminhava em sua direção.

— Alguém tinha que fazer — ele me olhou como se não entendesse o motivo do grito.

— VOCÊ. MATOU. O. AMON. — eu empurrei seu peito enquanto pontuava cada palavra, me certificando de que ele estava entendendo a gravidade do que acabara de fazer.

— Desencana, Ninka, ele já estava morto — ele debochou — Igual ao Charles.

Ao dizer isso, algo dentro de mim se desligou. E, quando eu vi, eu já estava por cima do Karl, acertando seu rosto repetitivas vezes. Então cenas dos recrutas sendo mortos invadiram a minha visão. Primeiro o Daniel, depois o Edward, a Christine, o Charles e, agora, o Amon. Todas as suas mortes passaram como um pesadelo por minha cabeça e eu precisava acabar com aquilo, então eu acho que foi por isso que em algum momento eu projetei aquilo no Karl enquanto tentava acertar uma faca em sua cabeça. O garoto segurava o meu braço com seu antebraço enquanto eu o forçava ainda mais contra si usando o meu braço livre. Os gritos dentro da minha cabeça eram ensurdecedores.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora