SIXTY TWO | MOM? WALLY?

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Minha cabeça rodava e tudo o que eu conseguia pensar era que eu precisava chegar no Bunker o mais rápido possível, por isso, decidi sair do terraço para ir ao estacionamento.

— Pera aí, tá indo aonde? — Aiken perguntou ao me alcançar.

— O que você acha? — debochei, com a cabeça cheia demais para ter qualquer filtro.

— Okay, eu vou com você — ele disse simplesmente.

— Nós também vamos — Ayla disse, fazendo o irmão dela parar enquanto eu avançava cada vez mais em direção ao carro.

— Não, não vão. Você deveria estar de repouso por causa dos seus pontos e o Atlas vai ficar aqui para cuidar de você. — disse, não aberto para discussões.

— Eu não tô doente! — Ayla ainda tentou fazer o irmão mudar de ideia.

— Escuta aqui: isso é perigoso, nós não sabemos o que vamos encontrar lá e você quase morreu ontem, precisa descansar, queira você ou não! — pôs um ponto final — e se eu souber que ela saiu da cama, eu mato você — disse especificamente para o Atlas que revirou os olhos e assentiu, cansado das ameaças diárias.

— Aqui — Cleo estendeu uma maleta para o Aiken — Vão precisar disso — dentro dela havia duas armas e várias munições.

Porém, quando o Aiken se virou pronto para partir, eu já estava atrás do volante no carro ligado e acelerei.

— NINKA! — ele gritou enquanto eu ia para o portão de saída.

— É A MINHA FAMÍLIA, CUIDE DA SUA! — gritei de volta e parti para fora dali.

(...)

Não sei bem quantas horas passei na estrada ou como eu lembrei do caminho, só sei que cheguei onde deveria ser o bunker, mas tudo o que eu encontrei foi uma cortina de fumaça e uma cratera na área.

Parei o carro e encostei minha testa no volante, tomando coragem para prosseguir. Peguei a flanela com sangue seco no porta-luvas e a amarrei ao redor do meu rosto, tampando o meu nariz e a minha boca. Eu não sabia do que a bomba era feita, então podia ter algum gás no ar que me fizesse mal, e como eu ajudaria a minha família se não conseguisse respirar?

Desci do veículo com uma arma presa na entrada da minha calça nas costas. Andei até a beirada da cratera e o que vi doeu na alma: tudo o que sobrara da entrada do Bunker era escombros. Temendo o desconhecido, escorreguei pela parede de barro até chegar no subsolo onde estava o Bunker. Mas ao olhar na direção de onde deveria ter portas de vidro reforçadas, só havia um buraco, por onde passei até chegar o local totalmente destruído.

Prendi a respiração enquanto olhava ao meu redor. As paredes estavam em pedaços com os vergalhões de aços tortos ou completamente destruídos. Quando cheguei no salão principal, porém, foi que tive noção do que havia acontecido. Os corpos ensanguentados e outros esmagados por concretos me fizeram ter certeza de aquele ataque havia sido um massacre. Vi uma pessoa se mexer debaixo de uma pedra, mas quando me aproximei para ajudar percebi que ela não era mais ela mesma. Então concluí que, quando a bomba acabou com todas as nossas defesas, o vírus se espalhou. Ou seja, deveriam ter vários mortos, mas não havia porque o distrito mandou uma equipe por terra que neutralizou qualquer ameaça. Assassinaram os sobreviventes. Mas por que? Por que matar todas essas pessoas? Por que vieram atrás de mim e deles?

Todas as perguntas escaparam com o vento quando eu reconheci um corpo virado. Me aproximei sentindo meu coração pulsar na garganta e, quando o virei com o pé, tive a minha certeza que me fez cair de joelhos.

— Mãe? — meu sussurro entrecortado logo foi acompanhado de lágrimas — Não, por favor, não — pedi baixinho enquanto a puxava para perto e apoiava a sua cabeça em meu colo — Por favor, mãe, acorda! — pedi, tentando não chorar — Por favor, por favor! A senhora não pode me deixar desse jeito! Por favor, mãe! Olha pra mim! Olha, eu consegui! Eu conheci a superfície e explorei lá em cima como o papai e eu sempre sonhamos! — comecei a dizer coisas sem sentido enquanto a chacoalhava, mas, vendo que não acordaria, eu a abracei — Me perdoa, eu falhei! Eu não estava aqui pra proteger vocês! Por favor, mãe, me perdoa! — solucei e me permiti chorar.

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now