THIRTY EIGHT | SIREN

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Desci para o térreo depois de refletir um bocado, sobre o que estava acontecendo, e tomar uma decisão da qual eu sabia que muita gente não concordaria quando ela viesse à tona.

— Onde estão todos? — perguntei para a mulher ruiva da recepção que mascava um chiclete e lia alguma coisa antiga.

— No meu bolso que não estão — respondeu sem nem se dar o trabalho de me olhar.

Precisei respirar fundo e contar mentalmente até dez para não descontar toda a minha frustração na Ziva. Decidi procurar por mim mesma e me arrisquei a atravessar o hall do hotel, que agora estava vazio e bagunçado.

Achei todo mundo na rua. As meninas estavam na calçada monitorando as bolsas que estavam sendo carregadas aos poucos pelos meninos para um veículo, que me fez abrir um sorriso.

— Isso é um carro? — eu perguntei surpresa e maravilhada com a invenção a minha frente.

Era uma máquina revestida de metal e ferro, suspensa por grandes e grossas rodas. As janelas tinham proteções no lugar de vidro e a traseira era alongada, como uma antiga caminhonete. Igual as que eu via nas aulas de história no bunker.

— Modificado e montado com peças de outros veículos, mas, sim, é um carro — Aiken disse parando ao meu lado para descansar um pouco.

Senti meus músculos enrijecerem, mas me obriguei a ser madura e relaxar. Ayla estava certa em muitas coisas, e uma delas era o fato de que eu devia me concentrar na missão. Aiken estaria por perto o tempo inteiro, eu não poderia ficar distraída toda vez que estivesse perto dele.

— O Charles amaria isso aqui — Margot se aproximou de nós, também contemplando o carro.

— Ele não pararia de falar sobre os rádios na portaria do hotel ou de comparar os carros de hoje com os antigos — Victoria também comentou.

Eu sorri, imaginando meu amigo ali conosco, nos dando uma aula de história.

— O carro está abastecido e conseguirá levar todos vocês para seja lá onde estiverem indo — Atlas se juntou a nós na calçada — Tem lanternas de longo alcance na parte frontal e a traseira está carregada de munições e armas, como você pediu.

— Obrigado, Atlas — Aiken bateu em suas costas em cumprimento.

— Não é como se eu tivesse outra escolha — o homem deu de ombros.

— Não, não tem. E não pense nem por um segundo que as suas dívidas com a gente foram pagas, ouviu? Isso é só o começo — Ayla disse em cima do carro, amarrando as malas para não caírem no meio do caminho.

— A sua irmã não cansa de ser durona o tempo todo? — Atlas questionou, o rosto contorcido em uma careta.

— Eu ouvi isso! — Ayla o apontou e ele recuou um passo, amedrontado.

— Faz parte do charme dela — Aiken brincou, sorrindo.

— Estamos prontos! — Carter avisou ao lado de Ayla em cima da carroceria.

— Bom, essa é a minha deixa — Atlas disse, batendo suas mãos como se as limpasse de algo.

— Foi um prazer — eu o cumprimentei.

— Em outra situação, talvez, eu pudesse dizer o mesmo — foi tudo o que respondeu antes de entrar no seu hotel.

— Qual é a de vocês com esse cara? — Karl perguntou ao parar ao nosso lado, a testa brilhando pelo suor. O sol parecia ter resolvido nos maltratar. — O tratam como um cachorro e ele deixa! Simplesmente deixa!

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now