FORTY EIGHT | MEDICAL WARD

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Depois do banho com o Aiken, decidimos que seria melhor se cada um saísse sozinho do banheiro para não levantar suspeitas. Não era como se estivéssemos nos escondendo, só não queríamos que ninguém soubesse por enquanto.

Então, por isso, esperei alguns minutos depois que ele saiu para sair também. Decidi ir ao quarto para dar mais tempo ao loiro que foi direto para o refeitório. No trajeto que eu estava fazendo, porém, acabei por esbarrar com a asiática que havia nos dado boas vindas assim que chegamos.

— Kim? — eu a chamei e a garota levantou a cabeça para olhar em minha direção.

— Eu...conheço você? — ela semicerrou os olhos, os deixando quase fechados, em uma careta de confusão.

— Sou a Ninka — uni minhas sobrancelhas — A garota com um grupo novo que você recepcionou hoje mais cedo.

— Desculpe, eu acho que está enganada — ela balançou a cabeça.

— Você tinha um grupo grande ao sair do seu Bunker, mas a maioria morreu no caminho. Só quatro deles conseguiram chegar aqui. — eu narrei as informações.

— Como você sabe disso? — Kim recuou um passo e me olhou desconfiada.

— Porque você me contou!

— Isso é impossível, eu cheguei aqui, no Distrito, ontem e não falei com ninguém fora do meu grupo — ela me explicou e, dessa vez, eu que recuei um passo com a testa franzida.

— Mas isso não faz sentido — eu balbuciei confusa.

— Aí está você! — Bruce surgiu no nosso corredor — Te procurei por toda parte — disse diretamente para Kim.

— Desculpe, eu acabei me perdendo — ela olhou para ele parecendo temerosa.

— Está tudo bem, querida — ele a segurou pelos ombros e eu vi a garota tremer — Por que não volta para a ala médica? Precisa terminar os seus exames.

— Os meus exames, claro! — Kim assentiu e olhou para mim — Tenho que ir — dito isso, ela começou a andar para longe da gente.

— Está tudo bem? — Bruce, então, se dirigiu para mim.

Talvez notando a interrogação em forma de expressão que estava tomando conta de minhas feições.

— Ela não se lembra de mim — eu apontei para a asiática no fim do corredor, afim de explicações que veio logo em seguida.

— Não se preocupe, é normal. A Kim tem esses episódios de amnésia. — ele olhou em direção a garota que já estava dobrando em outro corredor — Sequelas dos seus dias pelas cidades do medo.

— Cidades do medo?

— Um jeito de chamar as cidades que ficam fora dos muros — ele sorriu — Bom, preciso checar algumas coisas, presumo que estava indo ao seu quarto? — assenti, ainda desconfiada — Não vou mais incomodá-la. Tenha um bom dia.

Então ele simplesmente me deu as costas e começou a ir para o mesmo lugar para o qual a Kim havia se dirigido. Algo não cheirava bem naquela história e foi pensando assim que eu comecei a seguir o Bruce.

Andei atrás dele com passos largos e fracos para não fazer nenhum barulho. Quando ele virava, uma vez ou outra, para checar o corredor, eu me escondia à espreita pelas paredes. O diretor me levou até a suposta ala médica, onde haviam janelas de vidro que davam para o corredor, as quais usufruir para espiar o que acontecia lá dentro.

Foquei em encontrar a Kim em meio à tantas pessoas de jaleco branco. A encontrei sentada em uma maca enquanto parecia ser examinada por uma médica. O que mais me chamou atenção era a agulha enfiada no seu braço que enchia tubos de sangue. Por um segundo me permiti vacilar por causa da curiosidade e me deixei mais visível para conseguir enxergar a sala melhor. Foi por isso que, quando o Bruce decidiu dar uma olhadela por cima do ombro para a direção onde eu estava, eu lancei o meu corpo para trás. E, com isso, acabei por esbarrar em outra pessoa. Me virei com os olhos arregalados e o coração na boca, mas senti uma onda de alívio me percorrer quando vi o Carter me olhando com uma sobrancelha arqueada.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora