Ninka Baker e Os Recrutas

FIFTY THREE | CLARIFICATIONS

Acordei no dia seguinte mais cedo do que todos e, para o meu alívio e surpresa, a porta havia sido destrancada.

Andei pelo corredor principal em direção ao refeitório, procurando um rosto no meio dos poucos adolescentes que também haviam acordado cedo. O encontrei conversando com um guarda e, quando me avistou, veio em minha direção.

— Precisamos conversar — eu disse.

— É, precisamos — Bruce concordou e indicou um caminho com a sua mão — Minha sala?

Apenas assenti, o seguindo.

(...)

Quando estava voltando da esclarecedora reunião que tive com o Bruce, ouvi uma gritaria do corredor, o que me fez apressar os passos até o quarto.

Ao chegar no cômodo, me deparei com o Carter imprensando o Aiken contra a parede pelo pescoço enquanto Ayla o puxava para trás, as meninas gritavam para que parassem com aquilo e o Karl ria com a situação deitado na sua cama.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — eu gritei ao me aproximar deles — CARTER, SOLTA! — ordenei e ele hesitou com o olhar preso no rosto vermelho do loiro — AGORA! — então ele me obedeceu, soltando o Aiken que tossiu ao tentar respirar — Cristo! Você está bem? — perguntei com a mão apoiada nas suas costas enquanto ele mantinha o corpo curvado pra frente, tentando recuperar o ar.

— Vou ficar — murmurou rouco.

O soltei para olhar para o Carter com raiva, então empurrei o seu peito.

— Ficou maluco?! O que deu em você?

— Por que você não me diz? De noite eu acordei e, quando perguntei o que estavam fazendo, o seu namoradinho de merda me nocauteou! — acusou, me apontando o dedo.

— Tudo isso por causa de ciúmes? Sério? Pensei que o capitão fosse uma pessoa mais madura — Ayla zombou, entregando um copo de água ao irmão que estava sentado em uma das camas.

— Não era ciúmes, eu só queria saber o que eles estavam fazendo se arrastando pelo chão do quarto! — Carter logo se defendeu.

— Ele está certo — eu disse antes que mais alguém falasse alguma coisa e suspirei — Não estávamos namorando, estávamos procurando uma saída para o corredor.

— Uma saída? — Margot perguntou com as sobrancelhas unidas.

— Pra que precisariam de uma saída? — Victoria também quis saber.

— Porque ontem, antes de ir ao refeitório, eu encontrei a Kim no corredor. A garota asiática que nos recebeu. E ela não se lembrava de ter sequer conversado com a gente. — contei a verdade, recebendo um olhar repreendedor do Carter que me perguntava em silêncio o que diabos eu estava fazendo.

— Não vai me dizer que estamos convivendo com um bando de loucos — Karl debochou.

— Eu fiquei preocupada com a situação dela e questionei o Bruce que me disse que ela esquecia das coisas por sequela dos dias que passou fora do Bunker — continuei a contar, ignorando completamente o comentário dele.

— São raros os traumas que causam episódios de amnésia, na verdade, eu acho que isso nem existe. Quer dizer, às vezes a nossa mente apaga as memórias traumatizantes e depois de um tempo podemos acabar lembrando, mas nunca ouvi falar sobre ter picos de amnésia desse jeito — Margot opinou com o seu vasto conhecimento na área médica.

— Eu também achei estranho e foi por isso que desconfiei da crise nos tubos de ar que teve durante a noite — olhei para o Aiken — Eu dividi minhas preocupações com o Aiken e foi por isso que saímos ontem para entendermos o que estava de fato acontecendo.