TWENTY ONE | PLAN

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Sem acreditar na figura loira em minha frente, impulsivamente, eu me joguei em seus braços. Me afastei assim que percebi o que estava fazendo e encontrei um sorriso convencido de lado, acompanhado por um nariz levemente machucado pela cabeçada que eu havia dado.

— Isso tudo era saudades? — ironizou e eu soquei o seu ombro — ! — reclamou — você, por acaso, andou malhando aqui dentro?

— O que você está fazendo aqui? — ignorei sua brincadeira.

— Não achou que havíamos abandonado vocês, achou? — ele levantou uma sobrancelha e eu desviei meu olhar. Era exatamente o que eu havia achado, assim como todos os outros recrutas. — Nós cumprimos com a nossa palavra, pensei que soubesse disso — disse ofendido.

— Não pode me culpar, Aiken. Você não faz noção do inferno que a gente passou desde que chegamos aqui. Pensamos que, ao sermos escravizados, vocês seguiriam adiante. Nunca precisaram da gente, então por que acharíamos que viriam ao nosso socorro? — defendi o nosso pensamento.

— Não entramos em contato antes porque a Ayla se machucou na fuga dos andarilhos e precisávamos de um bom plano — ele justificou a ausência.

— Onde ela está? — perguntei por sua irmã e olhei ao nosso redor, procurando por ela.

— Do lado de fora, vigiando a passagem que usei para entrar e sair — respondeu e logo acrescentou: — foi arriscado demais para um de nós conseguir entrar, seria ainda pior se fosse nós dois.

— Então vocês têm um plano? — voltei ao motivo por estarmos ali.

— Não estaria aqui só pra ver seu rostinho bonito — brincou novamente e eu senti minhas bochechas esquentarem.

— Vai falar o plano ou vai ficar me cantando? — devolvi na mesma moeda e ele sorriu, balançando a cabeça.

— É arriscado — ele alertou primeiro.

— Já estamos arriscando as nossas vidas e as dos nossos familiares só de estarmos aqui dentro — retruquei numa tentativa de lhe tranquilizar e ele assentiu, pronto para prosseguir e me explicar.

(...)

Aiken precisou de alguns minutos para explicar o plano todo, mas deixou os detalhes por minha conta, pois eu era quem estava dentro da aldeia e sabia como as coisas funcionavam lá dentro. Ele saiu sorrateiramente pelo mesmo local em que entrou quando alguns aldeões se aproximaram de onde estávamos.

Terminei a ronda, entreguei a lança que utilizava para caso de emergência e meu uniforme, como mandava o protocolo feito por Wakanda.

No caminho de volta até minha tenda, ouvi barulhos estranhos vindo por de trás de uma tenda apagada e, por causa da minha curiosidade atiçada, fui ver do que se tratava. Me assustei ao ver Karl totalmente nu entre as pernas de uma mulher, então descobri que os barulhos, na verdade, se tratavam dos gemidos feminino abafados pela mão do Karl, que notou a minha presença antes que eu desse a meia volta e sorriu malicioso para mim, indo cada vez mais forte nas estocadas. Saí dali com os olhos arregalados e cheguei em minha tenda o mais rápido que consegui, totalmente enojada. Todos os outros recrutas já estavam lá.

— Ninka? graças a Deus! — Margot me abraçou.

— Onde você se meteu? — Carter falou quando a loira se afastou de mim.

— Estava preocupado comigo? — cerrei meus olhos em sua direção, como uma provocação.

— Pensávamos que tinha acontecido alguma coisa — Margot foi quem respondeu, vendo que o capitão havia ficado mudo.

— Você não apareceu no jantar e ninguém sabia onde você havia se metido — Charles completou.

— O Karl também sumiu — Victoria informou, trazendo de volta às memórias do que eu vi há alguns minutos.

— Eu tinha ido atrás de vocês, mas não consegui achar nenhum dos dois, então...— Carter foi interrompido por gritos que vinham do lado de fora da cabana.

Todos nos entreolhamos e corremos para ver o que acontecia.

Acompanhamos a pequena multidão que corria na direção do barulho e, quando chegamos no local, nos deparamos com uma mulher estirada no chão com o pescoço sangrando e um morto um pouco mais na frente com uma flecha atravessada na cabeça.

Então, eu reconheci a mulher. Era ela quem estava embaixo do Karl há alguns minutos.

— Carter, temos um problema — eu sussurrei para ele que me olhou preocupado — o Karl...— então, avistei por cima do seu ombro, a figura do Karl se juntar ao grupo. Suas vestes estavam amassadas e ele parecia meio atordoado e desconfiado, olhando para os lados.

— O que tem o Karl? — Carter me fez voltar a conversar.

— Ele está aqui — eu mudei o rumo que iria tomar anteriormente e apontei com a cabeça para o menino.

Ah, ok — ele assentiu meio confuso e eu voltei minha atenção para o corpo da mulher.

Então Wakanda surgiu entre a multidão. Ela se agachou ao lado da mulher e checou o seu corpo.

isimi ni alafia, ẹjẹ ti ẹjẹ mi — a escutei dizer antes de enfiar uma faca afiada no cérebro da mulher, para evitar futuros problemas.

"Descanse em paz, sangue do meu sangue"

— Uma mulher inocente acabou de morrer em vão — ela disse alto para que todos a ouvissem ao se levantar e limpar a faca na própria capa. A multidão, antes agitada, agora estava calada. — que fique claro que o culpado ou a culpada pagará com o próprio sangue — ela deu a volta em torno de si mesma olhando para cada pessoa que a assistia — e, acreditem em mim, eu acharei o responsável! — ela parou de andar e olhou fixamente para o meu grupo — Custe o que custar.

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Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now