FORTY SEVEN | SHOWER

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Esperei tempo o suficiente para saber que o banheiro feminino estaria vazio quando eu fosse tomar o meu banho. Era um lugar amplo com paredes altas de cerâmicas brancas, metade dele tinha cabines com sanitários e com portas de vidros enquanto a outra metade eram cabines com chuveiros e suportes para deixarmos nossas toalhas, mas não tinha portas, o que me apressou a aproveitar o tempo que teria por ali sozinha.

Me despi e me encaminhei até uma das cabines de banho, onde percebi que não havia torneira. Só havia uma bola preta acoplada a parede ao lado de um compartimento com produtos higiênicos e um chuveiro quadrado metálico acima da minha cabeça, que aguardava para ser ligado. Suspirei frustada logo depois de passar a mão sobre o botão e nada acontecer. Me agachei e deixei meus olhos à vista para ver se aquela coisa me reconheceria e deixaria que eu tomasse meu banho, mas de nada adiantou.

— Nin ka Ba ker, Bun Ker 4 0 0 2 — disse pausadamente para a bolota que continuava lá, debochando de mim e de minha burrice.

— Ninka? — a voz do Aiken me fez dar um pulo no lugar e perceber que havia passado mais tempo ali do que realmente deveria.

Antes que o garoto chegasse na cabine onde eu estava, peguei a minha toalha e enrolei ao redor do meu corpo.

— Ninka? — o escutei chamar novamente, dessa vez mais perto, e segundos antes dele finalmente me encontrar — Ei, aí está você! — ele sorriu e só então se deu conta de que eu estava sem roupa — Eu te atrapalhei? Desculpa entrar desse jeito, é só que você disse que queria conversar e...— ele me olhou de baixo a cima antes de engolir em seco — Eu acho melhor a gente conversar outra hora.

— Não, Aiken, espera! — eu avancei em sua direção para segurar o seu braço quando ele ameaçou sair — O que eu tenho pra te contar é importante — afirmei e o soltei.

— Tudo bem — ele balbuciou, com as mãos nos bolsos de sua nova calça, parecendo focado em manter os olhos fixos nos meus.

Respirei fundo, tentando focar no motivo para tê-lo chamado ali.

— Lembra do antídoto que disseram só funciona 40%? — eu perguntei para ele que assentiu — Então...— eu sorri — Isso pode soar como loucura, mas eu acho que, de alguma forma, funcionou 100% em mim.

— O quê? — ele procurou pelo meu braço e eu o estendi em sua direção, mostrando que as veias pretas haviam sumido deixando em seus lugares várias estrias.

— Como? Quando isso aconteceu? — ele perguntou afobado, dividindo o olhar entre o meu rosto e o meu braço.

— Eu não sei, eu pensei que tivesse perdida depois daquele surto, mas aí eu senti que algo estava diferente e quando eu olhei pro meu braço....havia sumido — eu balancei a cabeça, também desacreditada — A minha teoria é de que o vírus só estava em 40% do meu corpo, então quando eu tomei a injeção...

— Você foi curada — ele concluiu e sorriu — Isso é incrível, Ninka.

— Eu sei — sussurrei aliviada.

Aiken olhou novamente para o meu braço e esticou suas mãos para tocá-lo. Assim que nossas peles entraram em contato, o choque foi eminente, fazendo com que uma trilha de arrepios tomassem conta do meu corpo. Prendi a respiração involuntariamente, o observando massagear levemente o local com uma certa admiração. O loiro levantou os olhos para mim, ainda alisando o local com os dedos, e umedeceu os lábios. Minha respiração saiu em um suspiro entrecortado, o fazendo levantar a ponta dos lábios em um sorriso. Havia muita tensão ao nosso redor, e nós dois tínhamos ciência disso.

— Eu acho melhor deixar você tomar o seu banho — ele disse, a voz soando rouca, e soltou suas mãos do meu braço.

E por algum motivo o lugar do seu toque ficou dormente, como se estivesse anestesiado.

— Na verdade...— eu o interrompi antes que ele saísse, de novo — Eu tô tendo problemas pra ligar o chuveiro.

Aiken arqueou uma sobrancelha, duvidoso sobre o que aquilo significava exatamente. Ele não imaginava que eu estava dizendo a mais pura verdade, que convenientemente estava sendo usada ao meu favor.

O garoto se aproximou de mim, deixando nossos corpos a centímetros um do outro, o que me fez inflar o peito e levantar a cabeça para conseguir enxergar os seus olhos. Ele passou um braço por cima do meu ombro e fez a única coisa que eu não pensei em fazer: empurrou o botão. Ouvi o barulho da água se chocando contra o chão atrás de mim. O loiro sorriu, achando que eu tinha usado uma péssima desculpa para provocá-lo e tê-lo perto de mim.

— Mais algum problema impossível que eu precise resolver?

Eu semicerrei os meus olhos em sua direção e sorri de lado.

— Bem, agora que você citou...— eu dei de ombros, dando as costas para ele enquanto pegava no compartimento um sabonete em barra e o levantei com uma mão enquanto com a outra afrouxava a toalha ao redor do meu corpo em um ato de coragem, fazendo a toalha cair em meus pés — Uma mãozinha? — eu perguntei o olhando por cima do meu ombro.

Aiken suspirou em meio a um sorriso surpreso enquanto me analisava de costas. Mas não hesitou em se aproximar e tomar o sabonete de minha mão.

Eu entrei embaixo d'água com ele ainda atrás de mim e não demorou muito para eu sentir o seu toque junto ao sabonete pelas minhas costas. O loiro se aproximou ainda mais, se permitindo ser molhado. Deslizou com o sabonete até a minha lombar, provocando, depois subiu para o alto das minhas costas e aproximou o rosto do meu ombro, onde devagar depositou um beijo estalado. Senti o meu corpo entrar em chamas enquanto um sorriso crescia cada vez mais em meu rosto. Aiken prosseguiu com os beijos para mais perto do meu pescoço e eu involuntariamente pendi a cabeça para o outro lado, fechando os olhos e, consequentemente, dando mais espaço para a sua exploração. Ele desceu com o sabonete pelo meu braço enquanto sugava a minha pele e em algum momento no percurso deixou que o sabonete caísse, deixando sua mão livre para se entrelaçar com a minha.

Aiken gentilmente me fez girar na ponta dos calcanhares, como em uma valsa. Quando seus olhos encontraram os meus, eu enxerguei o mesmo desejo que também estava dentro de mim. Ainda segurando sua mão, eu o puxei para mais perto enquanto dava alguns passos para trás, grudando minhas costas nos azulejos gélidos. Nessa altura do campeonato, Aiken tinha suas roupas encharcadas. Ele colou seu corpo no meu e lentamente alcançou o lóbulo da minha orelha, onde mordeu e chupou, me fazendo suspirar.

— Tem certeza disso?

Perguntou quase sem voz e entrelaçou as nossas mãos livres, levando os meus braços pra cima.

— Mais do que tudo na minha vida — sussurrei em resposta, porque era verdade.

Ali. Eu e ele. Era tudo o que eu mais precisava. E, naquele momento, enquanto explorávamos cada parte do corpo um do outro, não nos importávamos com mais nada. Estávamos focados em aproveitar cada segundo do nosso presente, não dando a mínima para o que o futuro nos reservava.


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Podem surtar e reler várias vezes, porque era o único capítulo que tinha pronto, então rezem pra que eu consiga entregar os capítulos de quarta e sexta!

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Podem surtar e reler várias vezes, porque era o único capítulo que tinha pronto, então rezem pra que eu consiga entregar os capítulos de quarta e sexta!

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now