TWENTY NINE | LAST NIGHT

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Vasculhamos a maioria das lojas que conseguimos sendo discretos e silenciosos. Estávamos correndo em um bom ritmo, o qual não nos cansava. E estávamos usando somente as armas brancas para aniquilar os mortos que surgiam em nosso caminho, principalmente para não atrairmos mais deles.

— Achei o remédio para febre! — avisei ao Aiken que estava do outro lado da farmácia destruída.

Ayla estava na entrada, dando conta dos mortos que perambulavam por lá.

— Achei uma seringa fechada! — ele balançou um pacote no ar e veio em minha direção.

— Acho que essa é a última — eu comentei sobre a loja enquanto guardávamos as coisas junto às outras dentro da minha mochila.

Havíamos passado por todas as farmácias do shopping e pela maioria das lojas aproveitáveis do segundo andar. Conseguimos achar mais da metade da lista da Margot e ainda encontramos galões de águas, que foram escondidos provavelmente por algum funcionário que não conseguiu voltar para buscá-los.

— Será que faz mal comer essa barrinha de cereal com chocolate que venceu há mais de cinquenta anos? — ele brincou, pegando a comida de uma prateleira torta.

— Minha mãe costumava dizer que o que não mata, engorda — eu entrei na brincadeira, colocando a mochila de volta nas costas.

— AIKEN! NINKA! PRECISAMOS DAR O FORA DAQUI! A COISA TÁ COMEÇANDO A FICAR FEIA! — Ayla gritou do lado de fora, nos apressando a sair dali.

Ela não estava mentindo sobre a quantidade de morto que surgiu de repente no corredor em que estávamos.

— De que inferno eles saíram? — perguntei preocupada, degolando um que tentou me atacar.

— Tinha um ninho na loja do outro lado. A trovoada fez com que eles ficassem tão agitados que acabaram derrubando a porta. — ela resumiu a explicação, parecendo calma enquanto jogava um para o térreo.

— Se vocês duas continuarem brincando, vão vir cada vez mais deles e aí sim teremos problemas de verdade! — Aiken disse ofegante logo depois de abrir a cabeça de um morto.

Ele estava certo. Ayla matava para livrar o nosso caminho, mas também porque gostava da adrenalina. Já eu estava fazendo aquilo para extravasar toda a raiva e tristeza que estavam alojadas em meu peito. E, de certa forma, aliviou. Eu estava até gostando.

— Até parece que você também não está se divertindo — Ayla zombou, enfiando sua faca na testa de outro morto — Merda, ficou presa! — praguejou baixinho e puxou a sua arma do cós de sua calça, atirando no meio do rosto de um que pulou em sua direção.

— Okay, chamamos atenção demais. Vamos sair daqui. — pedi ao constatar que o barulho do disparo havia entregado nossa posição para todos os outros mortos.

(...)

Quando voltamos para a área restrita, o clima parecia ter ficado mais tenso.

— Feliz natal! — eu ousei brincar por um momento, jogando a mochila aberta em cima da mesa e me esquecendo do motivo para termos saído dali em primeiro lugar — O que aconteceu? — perguntei receosa ao ver as expressões dos meus amigos.

Karl estava sentado na mesa com um olhar vago, Amon estava perto do sofá com os lábios comprimidos e o Carter estava escorado no armário com os braços cruzados.

Margot e Victoria estavam de costas, mas logo saíram de perto do sofá, me dando visão do Charles dormindo que agora estava com as veias alteradas até o pescoço. E estava amarrado ao sofá por uma corda.

— O que, diabos, aconteceu aqui? — eu perguntei novamente, ficando ainda mais nervosa e impaciente.

— Ele apagou e...— Margot começou a contar, mas parou.

— E o quê? O que aconteceu?

— Quando acordou, era um daqueles bichos — Karl disse logo de uma vez, me fazendo arregalar os olhos.

O quê? — perguntei petrificada.

— Foi só por alguns segundos, ele quase atacou a Margot, mas os meninos o seguraram e aí ele voltou ao normal, até apagar de novo — Victoria foi quem conseguiu contar tudo.

— Isso é normal? — olhei para Aiken e Ayla que não pareciam nem um pouco surpresos.

— Infelizmente, sim. Ele vai continuar tendo esses apagões até o vírus chegar no cérebro. E aí...— Aiken se conteve ao explicar.

— Ele não volta mais — eu supus e ele assentiu, concordando — Quanto tempo?

Eu precisava saber quando meu amigo partiria de vez. Eu precisava estar preparada.

— Do jeito como está avançando, essa pode ser a última noite dele — Ayla sentenciou.

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EU TÔ MT TRISTE PELO CHARLES, MEU NENÉM!

EU TÔ MT TRISTE PELO CHARLES, MEU NENÉM!

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Ninka Baker e Os RecrutasOnde histórias criam vida. Descubra agora