Capítulo 5

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Me remecho desconfortável sobre o cavalo e tento inutilmente limpar a terra de minha camisola, me sinto se possível ainda mais desconfortável por estar apenas de camisola, me sinto humilhada e desonrada, estou descalça porém não vi em que momento perdi meus sapatos, meus cabelos estão soltos e a galhos enrolados porém não tento os tirar.

Observo o céu alaranjado com os ultimos raios de sol sumindo no horizonte fazendo uma pintura mais bela do que qualquer artista poderia fazer, suspiro vendo tamanha beleza e solidão que o sol pode mostrar. A tristeza e melancolia voltam ao meu coração me fazendo pensar em casa e em minhas irmãs bem como meu pai. Sinto o cavalo parar ao lado de uma árvore e sem perceber prendo a respiração.

- Passaremos a noite aqui!

O Homem fala descendo do cavalo e parando ao lado, vejo seus olhos negros como a noite me observar por alguns momentos então sinto suas mãos em minha cintura me puxando para baixo, ao sentir suas mãos um grito de susto. Sinto minhas pernas bambas assim que elas tocam o chão e dou um passo quase caindo.

- Por favor me solte um pouco para descansar.

Digo em um suspiro baixo olhando em seus olhos, me sinto completamente exausta, ele abaixa olhos e sinto sua mão em meu pulso, logo os sinto livres, suspiro aliviada e dou dois passos relutantes para trás olho para eles que estão vermelhos e com a marca das cordas.

- Obrigada!

Digo tentando conseguir alguma coisa ou pelo menos um pouco de água. Ele apenas acena com a cabeça como resposta e se vira de costas prendendo o cavalo e tirando algo de uma bolsa de couro ao lado, caminho lentamente tentando não fazer nenhum movimento que ele considere suspeito ou que o irrite, sento escorada na arvore, me sinto envergonhada por minhas vestes impróprias e também medo então sento de costas para o cavalo e para o assassino enquanto massageio os pulsos doloridos.

- Aqui, coma isso!

Levo um pequeno susto pois não ouvi ele se aproximar, ele segura um pedaço de pão, exitante pego o pão de sua mão e o levo a boca sem pensar duas vezes, depois de um dia sem fazer nenhuma refeição isso parece um farto banquete, contra minha intenção ele senta a poucos metros de mim de frente para mim.

- Então.... como conseguiu escapar dos guardas na primeira vez?

Tento conversar, talvez achar algo de humano no homem a minha frente, ele me encara por alguns segundos e não diz nada apenas deita olhando para o céu, ele não parece preocupado com que eu fuja ou tente o atacar e isso apenas me dá certeza de que não o devo fazer.

- Por favor, não sei quanto tempo vou estar viva então por favor pelo menos fale comigo... Diga pelo menos seu nome.

Digo abraçando as pernas e encostando a cabeça em meus joelhos, minha vida toda as pessoas evitaram falar comigo e agora que estou sendo levada para um destino incerto que provavelmente me levará a morte esse homem age do mesmo modo, porém não por medo mas sim ele parece me desprezar, vejo o peito dele subir e descer varias vezes e suspiro pesarosa , o vento parece cantar uma canção sobre o campo mas apenas me faz lembrar de casa.

- Eu ajudei a me procurar.

Ele corta o silêncio e por alguns instantes não entendo o que ele disse mas então sinto uma risada amarga escapar por minha boca, ele se levanta e me encara sério, paro de rir no mesmo momento.

A lua já tomou o lugar do sol e as estrelas ocupam o céu, ergo minha cabeça, o que estou fazendo falando com alguém como ele? Devo estar enlouquecendo ou tentando morrer mais caso.

- Não  importa! Logo os guardas de meu pai vão me encontrar e você pagará por seus crimes.

Digo virando meu rosto para o lado mas escuto ele rir dessa vez, sua risada é afiada como uma espada, meu rosto esquenta e eu baixo a cabeça.

- Não eles não vão.

Ele levanta, vai até o cavalo e logo volta e joga algo sobre mim, cheira a cavalo e suor mas é quente.

- Fogo chama atenção... caso os guardas de seu pai venham ao seu resgate princesa...durma um pouco vamos sair cedo!

Suas palavras são carregadas de desprezo e ele zomba de mim sem ao menos mudar sua expressão ou tom de voz.

Jogo de volta para ele e me encolho contra a árvore prefiro congelar, não é  como se eu fosse conseguir dormir perto dele, apenas olho para o céu e sinto o vento gélido passar pelo fino tecido da camisola.

- Meu nome é Shang Lín.

Baixo meus olhos até encontrar os dele, mesmo no escuro vejo seu longo cabelo negro voar com o vento.

- Shang Lín?

Ele deita e se cobre com o manto que recusei. Penso no nome dito por ele e a pouca calma que consegui durante o dia se vai ao reconhecer seu nome.

- Se tentar fugir eu vou te alcançar antes que de vinte passos, e nao vou ser tão paciente como antes.

Apenas estremeço com sua ameaça ainda mais real ao saber quem ele é, fico em silêncio enquanto algumas lágrimas caem de meus olhos. Vejo sua cabeça cair para o lado, seu peito sobe e desce no mesmo ritmo calmo.

-"nǐ yào xué zhe nǔ lì bù pà hēi nǐ yào xué zhe nǔ lì bù pà hēi shēng mìng zhōng de yè xǐ yuè hé shāng bēi bú yào hài pà miàn duì qīn ài bǎo bèi guāi guai yào rù shuì ..." (Você precisa aprender a não ter medo do escuro, você terá que enfrentar por si mesmo, as noites escuras em sua vida, alegria e tristeza Não tenha medo de enfrentá-los, seja bom e vá dormir, meu querido tesouro)

Cantarolo baixo a canção de ninar que minha mãe cantava quando estava conosco, o vento parece assoviar a melodia, escondo novamente meu rosto enquanto abraço meus joelhos e estremeço a cada rajada de vento.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now