Capítulo 13

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  As ruas estão lotadas de pessoas de todas as classes, há escravos acompanhando seus mestres e há ricos comerciantes negociando suas mercadorias, o caminho que tomamos é diferente daquele que fomos ao palacio do imperador então me pergunto se estamos realmente voltando ou indo para outro lugar, as ruas estão tomadas por um delicioso aroma de molhos e especiarias, escuto minha barriga me lembrar que estou com fome, sinto meu rosto esquentar de vergonha. 

 Olho em volta vejo algumas crianças brincando com espadas de madeira e acompanhando suas servas ou mães, por vários minutos consigo me perder em meus pensamentos e sentimentos, nunca antes pude sair dos limites do palácio e mesmo não estando entre meu povo é algo totalmente diferente de tudo que já imaginei, tudo diferente do que me contavam do mundo exterior, as pessoas parecem calmas e felizes, ao contrário das terríveis histórias que cresci escutando. Então como que em uma queda me lembro do porque estou aqui, me lembro de como uma aparência pode não refletir seu interior, lembro do rosto de meu assassino e sua postura, um calor sobe ao meu rosto ao lembrar da sua faca contra meu pescoço ameaçando minha vida e de seus olhos sem expressão a poucos centímetros dos meus.

- Eu nunca tinha visto como era uma cidade com meus próprios olhos.

 Digo antes de me assustar rapidamente com uma pequena explosão seguida de aplausos, me viro na direção do barulho e vejo um homem cuspindo chamas e perto dele bailarinas dançam sincronizadas em um pequeno palco de madeira.

 Ele não me responde apenas induz o cavalo a ir mais rápido, outra explosão acontece seguida de mais aplausos, a minha frente alguns jovens nobres cavalgam apressados como em uma corrida desviando das pessoas e quase batendo em algumas, há um pequeno menino brincando com uma bola de madeira, distraido ele não vê um dos cavaleiros indo em sua direção. O garoto segura sua bola sorridente por tê-la alcançado, sem pensar duas vezes bato meu cotovelo no homem atrás de mim fazendo-o me soltar e pulo do cavalo, sinto meu coração se apertar em meu peito e seguro parte do vestido para correr, agarro o menino rápido e sinto algo estalar em minha perna, caio no chão ainda protegendo o garoto em meus braços, afasto meu rosto olhando em seus pequenos olhos, seu rosto está sujo e suas roupas são de um servo, lágrimas escorrem por seu rosto.

- Você está bem? Se machucou?

 Pergunto já sentindo algumas lágrimas começarem a inundar meus olhos, pontadas de dor percorrem por toda minha perna. Antes do garotinho me responder sou puchada para cima por meu braço, cambaleio sem equilíbrio em apenas uma perna, me deparo com os olhos do assassino, sua respiração está mais acelerada que o normal mesmo assim sua expressão continua vazia, ele aperta meu braço com força mas antes de me arrastar seus olhos param no garoto, me viro para o pequeno e consigo ver uma mulher correndo em nossa direção.

- Li-Hao!

 A serva se abraça no garotinho sem ao menos nos olhar, ela está em prantos e percebo que uma pequena multidão já está se juntando ao redor, quando a mulher nos vê ela se ajoelha, não consigo falar nada, quero apenas fugir daqui.

- Obrigada senhora, muito obrigada!

 Sinto meu braço ser puxado para trás e solto um pequeno gemido de dor ao tentar fimar o pé no chão.

- Ande!

 O homem que me puxa diz sem se virar para mim, tento soltar meu braço em vão.

- Não consigo.

 Digo baixo com raiva de mim mesma, tento dar mais um passo e escuto minha perna estalar novamente.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now