Capítulo 19

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Caminho lentamente pelos corredores tentando ser menos notada o possível mesmo assim outras escravas cochicham entre si quando me veem, as dançarinas e escravas que estão  com um status acima do que me fora dado trocam risadas de desprezo quando me veem passar.

Em frente paro para ver os homens treinando mas não há nenhum hoje, sinto-me inquieta e meu coração acelera ao pensar no que um pequeno exército como esse poderia fazer a um grande exército como o de Líang, então escuto o choro abafado e me viro em direção a ele, ando mais rapidamente buscando a origem de tal som, ao chegar no pátio interno vejo um homem batendo com uma longa vara em uma jovem escrava, outras escravas de mais alto nível sorriem com a cena e o encorajam, em um grito da menina Possi ver seu rosto.

- Li-Wei.

Corro em sua direção sem pensar no que estava ao meu redor, alguém segura meus dois braços para trás, um soldado deduzo, jogo minha cabeça para trás com toda força que consigo acertando seu rosto, sinto seu aperto soltar e corro um pouco tonta, se fosse outra pessoa provavelmente não faria nada mas Li-Wei foi a única a mostrar gentileza desde que cheguei, me curvando levemente empurro o homem que está a castigando, com as mãos em seu abdômen o empurro para mais longe que consigo dela, sinto sua mão bater em meu rosto fazendo meu corpo todo se chocar contra o chão, sinto todo meu corpo tremer de raiva, não sinto nem mesmo a dor de seu tapa, começo a me erguer novamente, escuto pequenos gritos das escravas que a pouco riam e agora parecem assustadas, me apoio nos joelhos para me erguer mas então sinto algo estalar em minhas costas, um grito escapa por minha boca e volto a cair, tento mais uma vez me erguer mas novamente sou atingida e jogada ao chão, e mais uma vez, sangue molha meus lábios e suja algumas folhas de grama.

- Parem!

Sinto ele se afastar ao ouvir a voz masculina ecoar pelo pátio, ergo minha cabeça e vejo o senhor da casa descendo os degraus para o jardim, consigo erguer parte do meu corpo apenas mas vejo as outras escravas já ajoelhadas, inclusive Li-Wei que parece estar tremendo e suas costas curvadas cortadas.

- Xiānshēng!

A palavra ecoa pelo pátio, tento me erguer mas minhas costas doem a qualquer tentativa.

- O que está acontecendo aqui?

Vejo seus olhos passando de Li-Wei para as outras.

-Xiānshēng essa pequena escrava é uma ladra, eu a vir sair de nosso quarto e uma pulseira de jade da irmã mais velha foi levada.

Li-Wei nunca roubaria, ela é uma garota dócil e com muitas cicatrizes, consigo ver as lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto ela se curva com a cabeça quase encostada nos pés dele.

- Por favor Xiānshēng eu não fiz, eu nunca roubei.

Ele passa por ela e então seus olhos passam pelos meus.

- Quando foi dada autoridade a vocês para punir alguém de minha casa? Eu deveria rebaixar vocês a alguém mais baixo que essa escrava!

Escuto em silêncio as súplicas daquelas mulheres, sinto meu coração acelerar e minha garganta secar.

- Levem ela e cuidem de seus ferimentos, e você investigue isso!

Ele da ordens aos servos ao seu redor.

- E vocês não apareçam mais durante essa lua.

- O senhor é justo!

Elas falam ainda curvadas, vejo ele vir em minha direção, não consigo falar nada, ele me ergue facilmente em seus braços, um leve grunido de dor escapa por minha boca ao sentir sua mão em minhas costas, ele não olha para mim mas eu olho seus olhos, escuros como a noite eles parecem refletir as estrelas apesar de o sol estar alto no céu.

Ele me larga em minha cama e logo volta com água e um pedaço de pano, me encolho levemente quando ele aproxima o pano de meu rosto mas delicadamente limpa o canto de minha boca, sinto uma pequena lágrima escorrer.

- Não tinha permissão de ir ao pátio, mais tarde veremos qual será sua punição e..

Ele finalmente olha em meus olhos por alguns segundos e então volta a sua postura.

- Termine de se limpar.

Ele diz antes de virar as costas e me deixar sozinha mais uma vez. Assim que as portas se fecham as lágrimas começam a cair, lágrimas de dor, de tristeza e de humilhação.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now