Capítulo 49

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Frio, escuro, úmido e assustador. Era assim que imaginava o lugar para onde me levariam mas para minha surpresa sou deixada em um grande e luxuoso quarto o que me trás ainda mais dúvidas.

Olho em volta sentada na cama, vejo a sombra de dois guardas à porta impedindo que fuja por ela, e sem um plano ou conhecimento do terreno não ouso tentar escapar, fecho os olhos tentando pensar em toda e qualquer possibilidade do que possa vir a minha frente mas a pequena quantidade de bons finais faz meu coração se apertar.

Se ao menos Shang Lín ficasse ao meu lado mas sua lealdade ao seu imperador é indiscutível, e não posso confiar em alguém imprevisível como ele, que hora cuida e me trata bem e no próximo momento me despreza e me trata como seu inimigo.

- Gōngzhǔ.

Abro os olhos e vejo que três servas entraram sem que eu percebesse, uma está com uma bandeja com roupas brancas sobre ela, outra trás uma caixa com jóias e enfeites.

- Viemos ajudá-la a se vestir para o banquete, sua presença foi solicitada.

Sinto minha garganta secar, não há dúvida que é uma armadilha, eu ir será como uma presa entre um bando de lobos famintos.

- Eu não irei!

Digo decidida apesar de duvidar que tenha alguma opção, devo testar cada possibilidade.

- Gōngzhǔ, por favor não dificulte para nós.

Engulo em seco ao ver suas mãos tremendo a minha frente, me levanto e analiso as roupas trazidas, sinto meu coração se encher de raiva, não roupas de dançarina, roupas indignas, Coloridas não respeitando meu luto e deixam minha pele exposta, sinto as mãos delas tirarem minhas roupas rapidamente e as substituir, coopero com elas em silêncio, deixo que me aprontem como um prato para ser servido ao agrado dos senhores, mas não me deixarei abater, vou lutar até o último suspiro em meu corpo.

Em pouco tempo sou guiada por dois guardas para fora, sou levada a um grande salão onde escuto risadas, meu coração bate forte no peito e sinto as lágrimas lutarem para sair, fecho os olhos antes da porta se abrir, em minha mente vejo uma alta mulher com longos cabelos negros, ao seu lado meu pai a abraça e sorriem para uma versão jovem minha. Tento cobrir o máximo de meu corpo, a roupa não tem mangas longas e deixa parte de meus ombros a mostra bem como uma fina abertura em meu abdômen.

A porta se abre e por alguns segundos esqueço de respirar então sinto um leve empurrão que me força a entrar, o silêncio toma o ambiente e sinto os olhos pousarem em mim.

Lentamente crio coragem para dar alguns passos a frente, não abaixo a cabeça em momento algum, sou o que resta de Líang e não deixarei que outro rei me subjulgue.

- Curvê-se diante de sua majestade mulher.

Não me viro para a origem da voz, meus olhos passam por Shang Lín sentado próximo ao imperador mostrando seu status elevado, ele não olha para mim apenas bebe uma taça de vinho, então paro meus olhos no imperador que está sorrindo enquanto olha para mim.

- Deixe estamos aqui para nos divertir, não vamos estragar a noite... Princesa sua fama diz que não há dançarina igual em toda Líang, por que não mostra para nós o que sabe fazer?

Respiro fundo, apesar de ser um jovem imperador seus olhos mostram experiência, a ferocidade de um tigre e a cautela de uma águia que tudo pode ver, dou mais um passo em sua direção e vejo alguns homens levantarem para impedir uma possível ameaça. Sinto que está brincando comigo como um gato brinca com sua presa então decido entrar em seu jogo como a vítima mas desafiar seu comando.

- Permita-me fazer uma pergunta... Majestade... Minha família foi morta, possivelmente por aliado de Yan, fui sequestrada três vezes duas por ordens de sua majestade, fui atacada e ferida de várias maneiras, vi meu povo sofrer e segurei minha irmã mais nova morta em meus braços... É tão cruel a ponto de não sentir nenhum remorso por fazer isso com alguém que nunca lhe causou nenhum mal e não permitir nem que sofra por um período de luto e ainda pede que dance e os etretenha?

Escuto apenas sua risada ecoar entre o silêncio de todos, sinto a raiva sair em minhas palavras, em momento algum me deixo chorar e mantenho minha cabeça erguida.

- Como ousa... Como ousa falar em crueldade? Que moral tem para falar de igual para igual comigo?

Respiro fundo ao ouvir suas palavras, sinto meu corpo tremer de raiva, olho para Shang Lín que continua sem olhar para mim.

- Meu rei está morto, não tenho motivos para deixar meu povo para trás pois eu nunca vou o aceitar como meu rei.

Ele se levanta sem perder sua postura.

- Shang Lín, leve-a daqui e a puna até que decida dançar ou morra.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now