Capítulo 52

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(Shang Lín)

  Meu inteiro ser está em agonia, passo a noite inquieto, meu coração bate forte tentando se libertar, engulo mais uma tigela de vinho e tento me convencer inutilmente que estou fazendo o correto, o ódio entre nós é inevitável, se antes Líang Mei não me odiava depois dessa noite ela por certo odiará.

Talvez seja melhor que me odeie, não sou digno de receber admiração de alguém como ela, lembro de sua expressão no banquete enquanto vestia roupas humilhantes e em como mesmo assim não se rebaixou perante os olhares maliciosos de todos a volta, porém suas palavras irrefletidas terão um preço sobre ela, algo que não posso evitar, a emoção sempre a faz agir sem usar todo conhecimento que recebeu.

Sirvo mais uma tigela e a tomo de uma única vez, derramando um pouco sobre minha roupa por acidente, uma brisa fria entra pela janela antes que uma serva corra para a fechar. Ouço um grito a distância e acerto um soco na pequena mesa a minha frente e levanto pronto para a tirar de lá e sofrer eu mesmo as consequências.

- Xiānshēng, está muito frio pode ficar doente se sair.

Uma serva fala e tenta impedir que eu saia, a empurro para longe e saio, assim que saio para fora uma brisa gélida bate contra meu rosto, começo a andar em direção a árvore pensando em milhares de maneiras de compensar, talvez assim ela me perdoe por ser um tolo.

- Shang Lín Wángzǐ.

Ao ouvir a voz masculina me viro me deparando com um guarda real que faz uma leve reverência.

- Sua majestade solicita sua presença imediata.

Sinto meu coração se acelerar ainda mais, luto contra o conflito interno que tem me sufocado.

- Tudo bem, preciso fazer algo e...

Começo a falar tentando ir na direção em que meu coração manda eu ir.

- Sinto muito mas é urgente preciso que me acompanhe agora mesmo.

Respiro fundo e cerro os punhos antes de o acompanhar. A caminho do palácio peço a lua que guarde meus sentimentos e que a proteja de todo mal e sofrimento, inclusive de meu egoísmo ao fazê-la sofrer pelos pecados de outro.

As horas passam e quando o sol já está alto no céu consigo voltar para casa, se antes estava agonizando agora sinto que meu coração fora esmagado, ando o mais rápido que consigo sem ao menos esperar o cavalo parar para descer, corro em direção a Líang Mei.

Aí vê-la perco totalmente os sentidos, não consigo respirar, seu corpo está mole ainda preso a árvore, vejo seu rosto machucado e sua roupa rosa claro manchada de vermelho, sua pele queimada pelo sol, aos poucos consigo me aproximar sem conseguir acreditar no que vejo, suplico aos céus que ainda haja fôlego em seus pulmões, o desespero de vê-la morta por minhas mãos apenas me fez ver que eu a perderia e seria por minha culpa, apenas minha. O que fazia de mim alguém digno de ter tais sentimentos? Não, não posso perdê-la.

Encosto em seu rosto e vejo seus olhos abrirem por alguns segundos, ela desvia a cabeça de meu toque antes de desmaiar novamente, sua rejeição e raiva me trazem apenas felicidade por ver que ainda vive e tem forças, corto a corda a pegando em meus braços, corro o mais rápido que consigo.

- Alguém chame um médico! O melhor!

Grito repetidas vezes enquanto a levo para meu quarto, o mais cuidadoso que consigo a coloco sobre minha cama, sua respiração está muito fraca, as vezes acho que parou de respirar mas então para meu alívio mais uma vez vejo seu peito subir.

O médico logo chega e a examina calmamente e então se curva em minha direção.

- Xiānshēng... Essa senhorita sofreu muito, ela tem muitas feridas profundas tanto antigas quanto novas e ficou muito tempo exposta ao frio e ao sol, também sua mente está ferida e sinto uma grande tristeza... Posso prescrever um remédio para os ferimentos externos mas dependerá dela se recuperar.

Assim que todos saem do quarto me deixando com ela sinto meus joelhos cederem e baterem no chão, por favor me odeie, vingue-se... Acorde e crave uma espada em meu peito mas acorde.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now