Capítulo 6

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Como um dia tão belo pode ser tão trágico? Como pode haver tanto verde em apenas um lugar mas mesmo assim homens como ele matarem, torturarem e roubar pessoas de suas famílias? É um belo dia com o canto de dezenas de pássaros espalhados pela vasta campina onde o sol brilha sobre nossas cabeças e faz o verde da grama parecer ainda mais intenso.

Sinto o leve roçar do capim alto em meus pés e o balançar do cavalo,meu corpo está dolorido pela longa viagem porém a tristeza me é mais dolorosa, coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha, o homem que me leva não fala nada desde que continuamos nossa viagem, ainda consigo ver as marcas nítidas das cordas que as prenderam e que voltam a me prender criando novas marcas sobre as antigas, me vejo olhando esperançosa a cada barulho a cada galho quebrado posso imaginar meu resgate, vejo dezenas de soldados, talvez centenas, porém eles nunca vêm, minha garganta está seca e sinto meus olhos arderem, minha cabeça dói por causa do sol e é como se tivesse engolido espinhos.

- Por favor podemos parar um pouco?

Peço baixo sentindo meu corpo fraquejar, meu corpo implora por descanso um luxo que lhe está sendo negado, em toda minha vida ninguém nunca me disse não e nunca precisei pedir algo como descanso, nunca precisei implorar ou me rebaixar a ponto de implorar por alguns minutos de descanso.

- Não!

Cerro os punhos e suspiro tentando manter a calma e preservar minha vida, se ele nega até mesmo um descanso de que adianta implorar pela vida? acaricio de leve a pelagem do animal, penso em talvez se conseguisse derrubar o homem o cavalo poderia me levar para longe rápido o bastante, mas amargamente me lembro que não sei conduzir o animal então afasto o pensamento, se ele realmente é quem diz ser com certeza me mataria antes de meu primeiro movimento.

Volto a ficar em silêncio apenas a esperança rodeando minha mente, imagino vez a pós vez meu resgate, me imagino de volta ao palacio e no sorriso de meu pai de minhas irmãs ao me verem salva, imagino os banquetes e o abraço costumeiro de meu pai imperial, a última vez que nos vimos ele estava bêbado e eu não posso suportar pensar que talvez seja a última vez que nos vimos.

- Por que um general foi enviado? Por que escolheu ir você mesmo e não um subordinado?

Me arrisco a romper o silêncio e conseguir descobrir sua motivação, talvez seja pessoal ou então por que enviariam um general ao invés de um espião? Viro meu rosto tentando ver o seu, tento o ver como um homem e não como o monstro que todo meu ser grita que é, talvez se entender seus motivos consiga o fazer mudar de ideia ou me diga como agir.

Não sei o porquê de eu ainda esperar uma resposta de sua parte. Volto a olhar para frente.

Um grito de surpresa escapa por minha garganta ao sentir ele passar uma lâmina em meu braço, as lágrimas tomam meus olhos, jogo meu corpo para frente ao sentir a dor do corte porém ele segura meu braço, outro grito ao sentir sua mão se fechar sobre o corte, viro meu rosto até o dele com as lágrimas ainda rolando encontro seu rosto sem expressão alguma, o homem ja guardou a faca e solta meu braço, olho em seus olhos mas ele fita o horizonte, sinto meu braço arder e o sangue quanto escorrer.

- Tenho ordens de leva-la viva mas não inteira.. sua mera existência me causa repulsa sua voz me faz querer matá-la de uma vez por todas e buscar uma de suas irmãs...mais alguma pergunta Gōngzhǔ?

Apenas abaixo minha cabeça e volto a ficar em silêncio tentando reprimir as lágrimas, eu nunca fiz nada pra o ferir, por que esse homem nutre tanto rancor por minha família? O imperador sempre cuidou bem do povo e mesmo assim eles se revoltam vez após vez, sempre fomos pacíficos e não estamos em guerra com nenhum estado então porque esse homem de outro estado está fazendo isso? Por causa de homens como ele eu vivi presa dentro dos muros do palácio, por causa de pessoas cruéis como tal que minhas irmãs mais novas nunca puderam se aventurar e conhecer lugares tão incríveis como essa campina. Sinto o sangue quente grudar o fino tecido em minha pele, alguns soluços escapam contra minha vontade enquanto tento impedir que o choro continue.

A queda de LíangUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum