Capítulo 8

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Os dias passaram e com a chuva se foram todas minhas esperanças bem como qualquer rastro deixado para trás, o sol voltou a brilhar, os pássaros cantam alegres sobre a verde campina e as flores continuam a desabrochar mas eu sinto somente meu coração doer a cada lágrima silenciosa que derramo.

Meu corpo estremece de frio mesmo com o sol brilhando sobre nossas cabeças, me sinto vazia e sem nenhuma esperança, com tantos dias sobre esse cavalo duvido até mesmo que ainda estejamos em meu estado, suspiro é difícil aceitar o destino que me fora traçado. Mexo as mãos doloridas por estarem a tanto tempo presas, dias atrás fiz minha última tentativa e tentei roubar uma faca enquanto ele dormia desde então ele não me desamarrou.

Meu corpo está tão dolorido quanto meu coração, sinto minha cabeça ferver mas meu corpo treme de frio. A distância posso ver telhados de uma cidade brilhando com o sol, abaixo a cabeça em silêncio enquanto nos aproximamos da cidade. Pela primeira vez ele não a contorna mas sim entra nela, não consigo evitar erguer minha cabeça, vejo mulheres olharem para nós e resmungarem entre si e homens pararem seu trabalho para observar a chegada.

- Ela parece uma mendiga...

- Está mais suja que uma escrava.

- É a princesa?

Eles sabem quem eu sou mas não fazem nada para me ajudar, sinto algo se chocar contra meu rosto que vira com força para o lado, levo as mãos até ele tentando aliviar a dor e escuto exclamações, abaixo as mãos amarradas rápido e volto a abaixar minha cabeça envergonhada.

O cavalo mesmo cansado continua veloz, sinto meu corpo fraco e frio, escuto portões se fechando, reuno minhas forças e levanto minha cabeça, entramos em um amplo pátio com cerejeiras floridas e guardas espalhados.

- Se eu fosse você abaixava a cabeça, seu pai matou os melhores amigos deles, suas famílias e seus filhos.

Escuto o homem atrás de mim sussurrar, sinto suas palavras penetrarem em minha espinha e o obedeço, evito pensar nas coisas que ele fala sobre meu pai, ele sempre foi um bom imperador e um ótimo pai sempre nos protegendo, ainda mais quando minha mãe morreu.

- Onde estamos?

  Me atrevo a perguntar e fecho os olhos sem saber o que esperar em resposta.

- Estamos nas planícies centrais Gōngzhǔ, está em Yan.

 Cada vez que ele fala meu título ele parece cuspir a palavra com desprezo.

Sinto meu coração acalerar, já havia lido sobre as planices, meu pai havia tido uma concubina da região a muito tempo mas ela morrera devido a uma forte doença, consigo lembrar dos dias de luto apesar que eu era uma criança.

  Sinto meus olhos pesarem mas os mantenho abertos, meus lábios estão secos e minha cabeça doi. Sinto o cavalo parar e o homem atrás de mim desce a para ao meu lado, olho para ele, seus olhos negros estão sem expressão alguma como sempre, antes que ele me tire do cavalo sinto meu corpo amolecer e a última coisa que vejo antes de cair é o rosto dele.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now