Capítulo 55

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Seus olhos prendem os meus, sua expressão não muda ao mover seu corpo para frente, é como se fosse incapaz de sentir dor, solto o cabo da adaga a deixando cair sobre a cama.

- Eu realmente sinto muito, sei que não irá me perdoar mas fico feliz que não me odeia a ponto de desejar me matar.

Vejo seu sangue manchar sua roupa escorrendo em seu peito, antes que eu perceba coloco minha mão sobre o ferimento tentando impedir que sangre. Sinto o corte em meu lábio ainda doer, apesar de minha mente me dizer algo meu coração diz o contrário.

Ele olha para minha mão e antes que eu a tire uma serva entra carregando uma bandeja e ao nos ver se ajoelha parecendo nervosa.

- Xiānshēng, me perdoe não quis interromper.

Ela deixa a bandeja em um lado e sai quase correndo do quarto, puxo minha mão mas ele a segura rápido impedindo que a tire, vejo ele se aproximar ainda mais de meu rosto até estar a centímetros do meu, percebo que não tenho para onde recuar já que minhas costas estão encostadas na parede e a minha frente há apenas ele.

- O que está fazendo?

Pergunto sentindo meu rosto esquentar com sua proximidade. Então meus olhos desviam para porta onde um jovem vestido com roupas negras como as do que treinam na casa de Shang Lín entra.

- Xiānshēng, está ferido.. se afaste!

O vejo puxar sua espada e puxo minha mão assustada mas Shang Lín não a solta.

- Não ouse Tiang Ming, guarde a espada!

Shang Lín fala sem desviar seus olhos de mim, vejo ele guardar a espada e se curvar levemente.

- Perdão mestre, ainda não encontramos o culpado.

O jovem fala e então Shang Lín vira o rosto para ele. Sinto meu coração bater forte.

- Eu mesmo encontrarei o culpado, agora saia.

Ele obedece e novamente estou sozinha com Shang Lín, meu corpo dói mas não sinto mais medo de sua presença, minha mente diz para que eu fique cautelosa pois pode ser apenas mais uma armadilha e logo mais uma vez ele me machucar, mas meu coração me diz que é sincero e sou levada por ele.

- Quem fez isso com você?

Ele se volta para mim, engulo em seco ao lembrar das antigas bailarinas, abaixo minha cabeça.

- Me conte quem foi que lhe machucou tanto e eu farei pagar.

Não ergo minha cabeça, a dor física que senti não parece nada mais, o que mais doeu foi meu coração ao mais uma vez me sentir traída.

- Peça..

Digo baixo, minha voz sai mais fraca e trêmula do que gostaria.

- O que?

Ele pergunta se acalmando e se aproximando novamente.

- Disse que eu não o perdoaria.. não sei se consigo o perdoar mas se me pedir....

Sinto uma lágrima escorrer por meu rosto, espero que ele fale alguma coisa, meu coração parece estar apertado em meu peito.

- Me perdoe... Eu fui um tolo egoísta, mas eu farei o possível para me redimir.

Me sinto aliviada com suas palavras, seus olhos negros e estrelados, lembro de suas palavras em meu sonho.

- Devo minha vida a você... Eu perdôo.

Digo entre lágrimas, não consigo confiar em suas palavras mas devo isso. E meu coração grita para que o faça.

Ele se afasta ligeiramente de mim, apesar da mudança em seu semblante ser quase imperceptível eu noto em seu olhar.

- Não diga isso, não deve nada a mim, prometo não permitir que a machuquem novamente, eu a protegerei.

Ergo meus olhos para ele ao ouvir sua promessa.

- Pode cumprir isso? Se seu imperador ordenar... Sei que o obedecerá, não o culpo por isso, lealdade..... Mas peço que seja honesto comigo. Por que age como se se importasse comigo e como se me odiasse ao mesmo tempo?

Jogo minhas dúvidas em cima dele cansada de não entender finalmente solto minha mão, vejo sua roupa manchada de vermelho. Ele parece diferente de antes, algo em sua postura mudou, o brilho em seus olhos parece mais intenso e suas finas expressões mais agradáveis.

Ele se vira então e pega na bandeja uma tigela e aproxima de meus lábios, sinto o cheiro amargo.

- Beba seu remédio e responderei qualquer pergunta que me fizer, dormiu por três dias ainda está fraca.

Sinto meu coração bater mais forte. Três dias, dormi por ter dias como pode ter sido? Então olho novamente para o remédio e o obedeço deixando que passe por minha boca.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now