Capítulo 45

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Me remexo no cavalo, meu corpo fraco parece sucumbir mais a cada segundo mas luto é para manter o que resta de minha mente, o escuro faz com que o medo me invada, me encolho mais perto de seu corpo procurando por proteção.

- Não faça isso.

Levo um susto ao ouvir sua voz, é como se eu fosse uma criança,  ou uma presa cercada por um predador, viro minha cabeça em sua direção encontrando seus olhos, por alguns segundos me sinto calma e sinto minha mente organizada.

Fecho os olhos por alguns segundos e outra noite aparece em meus pensamentos, uma noite sem estrelas mas com uma grande lua, onde eu estremecia de medo minha voz parece a de outra pessoa, pergunto o por que de ele estar fazendo isso comigo e ele me responde apenas que foi pago.

-Sinto muito, Sinto muito eu não farei de novo, sinto muito, por favor não me machuque, se é dinheiro que quer eu pago o dobro do lhe ofereceram, afinal disse que foi contratado!

Minha cabeça dói, e as lágrimas voltam a cair, sinto seus braços me segurarem para que eu não caia, a grama molhada de orvalho bate em meus pés.

- O que está falando?

Levo rápido a mão ao meu braço ao ouvir sua voz, posso sentir a cicatriz abaixo do tecido macio, abaixo a cabeça.

- Não me machuque..

Fecho os olhos forte esperando que a dor chegue mas ela não vem.

- Líang Mei, lute, precisa se manter sã.

Escuto sua voz de longe, sinto o balançar do cavalo, penso nas estrelas em seu olhar, lembro do sabor do ensopado de costelas e lótus e de seu cuidado um dia atrás e então outra memória distante, a imagem de uma bela mulher de longos cabelos negros e roupas finas, ela sorri para mim.

-"nǐ yào xué zhe nǔ lì bù pà hēi nǐ yào xué zhe nǔ lì bù pà hēi shēng mìng zhōng de yè xǐ yuè hé shāng bēi bú yào hài pà miàn duì qīn ài bǎo bèi guāi guai yào rù shuì ..." (Você precisa aprender a não ter medo do escuro, você terá que enfrentar por si mesmo, as noites escuras em sua vida, alegria e tristeza Não tenha medo de enfrentá-los, seja bom e vá dormir, meu querido tesouro)

Cantarolo baixo, sinto sua mão em minha testa antes de fechar meus olhos, com uma mão ele me puxa para mais perto.

- Está delirando de febre... Fique comigo, não durma, é uma ordem gōngzhǔ não ouse me desobedecer ou vou machucá-la.

Faço que sim com a cabeça e me esforço para obedecer, minha cabeça está pesada e cai para o lado pousando em seu corpo, sinto o cavalo correr, uma de suas mãos está protegendo meu rosto, as lágrimas continuam caindo, minha mente vagueia entre o passado e o presente.

- Bàba...

Meus olhos pesam, lembro de meu pai me ensinando a jogar, dispensando assuntos importantes para cuidar de sua filha mais velha.

- Xiōngshǒu... Está doendo..

A queda de LíangWhere stories live. Discover now