Capítulo 42

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Os dias passam e por mais que tenha lutado foi em vão e apenas me causou mais dor, Líang foi tomada e minha família não foi ao menos dignamente enterrada, sinto como se estivesse morta porém ainda respiro.

Respirar no mesmo ambiente que ele é insuportável, ver seu rosto em frente ao meu ou sentir seus cuidados, sentir suas mãos em minha pele faz com que odeie cada vez que meus pulmões se enchem de ar, a dias ele deixou de tentar se justificar mesmo assim vejo dor em seus olhos o que faz que sinta ainda mais raiva, ele não tem o direito de estar triste depois do que fez comigo.

Seus dedos levantam meu queixo me forçando a engolir mais uma colher da sopa e então limpa meu rosto com um lenço, algumas vezes uma lágrima ainda escapa contra minha vontade, quero o afastar, quero fugir mas meu corpo teima em não se mover, não enquanto a agulha estiver presa em meu pescoço, contra minha vontade engulo o alimento, cansei de gritar ou gastar palavras com ele ou seus homens então apenas sofro em silêncio a cada vez que ele aparece, a noite não durmo com medo de fechar meus olhos e ele estar lá.

- Perdeu peso, deve parar de lutar Mei não quero que se machuque mais... Eu não tive escolha, com o tempo as feridas vão cicatrizar, você verá como Jin Leste é bonita com suas montanhas e vales.

Fecho os olhos tentando conter as lágrimas enquanto ele fala coisas com um tom suave e calmo, enquanto planeja uma vida comigo ao seu lado.

- Eu te levarei para conhecer as cachoeiras gêmeas, você conhecerá meus irmãos e minha mãe, ela vai amar te conhecer... Sei que um dia vai me perdoar.

Suas palavras destroem meu coração, o homem que pensei conhecer e que sonhei em passar minha vida é o homem que a cada palavra mata uma parte minha.

Ele termina de limpar meu rosto e com a mão atrás da minha cabeça volta a me deitar na cama com cuidado para não fazer a agulha machucar ainda mais minha carne.

- Eu te odeio!

Digo antes que ele saia da tenda em que estou por hoje, o acampamento é montado a cada entardecer e desmontado antes do sol nascer, sou levada em uma carroagem cada dia para mais longe de minha casa, então me lembro de que não tenho mais uma casa. Engasgo em minhas próprias lágrimas, as horas passam e como sempre ninguém mais entra em minha tenda, sou deixada sozinha com minha tristeza e fantasmas de um futuro que nunca vou ter, a história de amor de namorados de infância, uma risada rasga o silêncio da noite ao me lembrar de todas as histórias de amor que nos rodeavam, a cada dia sinto minha mente enfraquecer, cada vez que meus olhos pesam de mais para ficarem despertos eu vejo seu sorriso, vejo o tecido rosa manchado e vejo um rei caído.

Então sem apenas um ruído alguém está ao meu lado, os olhos negros brilham na escuridão iluminada por apenas uma pequena chama, as lágrimas voltam a cair sem controle nenhum assim como os soluços.

- O que fizeram com você?!

Ele puxa meu corpo para cima pelos braços me fazendo sentar.

- Deram alguma coisa para tomar?

Ele pergunta mais baixo que um sussurro, não consigo responder, quero o abraçar e chorar, todo mal que ele já me causou parecem uma história de outra vida. Ele passa a mão por meu cabelo e encontra a agulha, em um único movimento ele a retira, tento me mover mas mesmo assim não consigo.

- Uma agulha de acupuntura... Jin tem muitos especialistas nisso... Não se esforce, vai demorar um pouco pra conseguir se mover completamente... Eu vou te tirar daqui.

Suas palavras fazem meu coração se apertar, ele retira meus cobertores e cruza sobre a cama os tecidos que a cobriam, com cuidando sinto ele erguer meu corpo e então o largar sobre os tecidos brancos, não tenho forças nem ao menos para falar então ele ergue os tecidos sobre os ombros amarrando em frente ao seu corpo e me deixando presa em suas costas, escondo o rosto e suas costas e molho seus cabelos negros com minhas lágrimas enquanto ele me carrega para fora de minha tenda.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now