Capítulo 21

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Escondo meu rosto em suas costas e seguro mais forte meu corpo contra o dele, sinto o frio como navalhas passando por minha roupa, meu coração acelerado e as centenas de emoções passando por ele de uma só vez. Viro a cabeça e vejo sua capa sobre meus ombros voar com o vento assim como meu cabelo, seu cavalo é veloz mas atrás de nós cavalos nos perseguem como uma tempestade impossível de ser evitada.

Aperto mais ainda meu abraço e sinto uma de suas mãos segurar as minhas.

- Precisamos chegar as montanhas Huá tenho quinhentos homens escondidos nas montanhas, é um lugar perfeito para uma emboscada então aguente firme Mei.

Faço que sim com a cabeça encostada em suas costas e fecho meus olhos, Yáng Shun recebeu o melhor treinamento em sua infância e em toda nossa infância ele nunca foi derrotado, seus feitos são famosos e grandes heróis estremecem ao lutar contra ele, não há ninguém que se compare a ele em artes marcias, por isso não sinto mais medo ao sentir sua mão junto a minha.

- Espero que me perdoe por ter demorado tanto.

Escuto sua voz suave voar com o vento e aquecer meu coração.

- Não pelo que se desculpar wángzǐ.

Mas não entendo porque Jin me resgatando e não Líang, á anos a aliança entre os dois reinos enfrenta uma crise desde a morte da consorte.

- Há sim, mas pretendo passar minha vida procurando um meio de compensa-la.

Enquanto ele fala esqueço completamente que estamos sendo seguidos, esqueço o frio, as saudades e a dor, esqueço inimizades e reinos, títulos e obrigações. Involuntariamente e contra a razão um sorriso surge em meus lábios trazendo calor ao coração.

Mas a fúria de nossos perseguidores nos alcança, uma linha de luz corta o céu antes de antingir o chão a nossa frente na forma de uma fecha em chamas, o cavalo não recua nem se abala, como um bom cavalo de guerra ele continua em frente inabalável, sobre o ombro de Yáng Shun consigo ver a silhuetade montanhas iluminadas pela lua e passamos próximos a um desfiladeiro o som dos animais e da água batendo nas rochas se torna quase inaldivel em comparação as batidas em meu peito.

Então no tempo em que uma coruja leva para voar de um galho a outro vejo uma fecha se enterrar na carne do cavalo que cai, empurro Shun para o lado oposto de minha queda, sinto o vento em minhas costas mas não sinto o chão, na verdade vejo o chão acima e continuo a cair, no escuro da noite não vejo o príncipe vejo apenas tochas acima e a lua a testemunhar então água, caio de costas no rio, o impacto faz com que todo ar saia de meus pulmões, sinto meu corpo afundar, me debato procurando a superfície e luto desesperadamente pela sobrevivencia, pedras batem em mim enquanto a correnteza me arrasta contra a direção que estava indo, então sinto meu corpo ser puxado para superfície e ser jogado para fora, caio de bruços na terra, o ar volta aos meus pulmões e tusso água, meu peito parece queimar e meu corpo inteiro treme, consigo me virar de costas para o chão ainda tossindo, consigo ver um par de olhos brilhando com a mesma intensidade que as estrelas, sinto uma mão gelada tocar meu rosto e retirar uma mecha de cabelo, meu peito sobe e desce rapidamente mas sinto dificuldade para respirar, ele me carrega em seus braços não consigo definir seu rosto antes de meus olhos se fecharem contra minha vontade, meu corpo está cansado e logo perco meus sentidos.

Minha mente vagueia ao passado e em meus sonhos sou presenteada com memórias de infância dos belos dias passados ao lado de Yáng Shun, me vejo tocando flauta enquanto ele dança com sua espada, nos vejo de mãos dadas correndo dos servos e também lendo manuais militares os quais ele me trazia as escondidas e me ensinava cada estrategia diferente, cada terreno que não conhecia e me fazia promessas de me mostrar o mundo. Como um presente essas memórias acalmam meu coração e minha mente.

A queda de LíangWhere stories live. Discover now