Capítulo 31

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 Quando os soluços finalmente cessam e a proteção que os braços que me envolvem me deixam com a sensação de segurança que tanto ansiei aos poucos me solto de meu heroi percebendo o quão proximos estavamos sinto meu rosto esquentar de vergonha. Ergo meus olhos lentamente até encontrar os seus e sentir meu sorriso desaparecer, não grito e não choro apenas me sinto cansada mas ao mesmo tempo deslumbrada em como olhos tão escuros como trevas podem ser tão brilhantes como milhões de estrelas é como se o tempo não passasse quando olho dentro de seus olhos perfeitamente desenhados pela natureza. 

 - Está ferida?

 Sua voz soa como sempre sem emoção alguma e me tira de meu transe, percebo que estava perdida em seu olhar mas a realidade vem a tona me deixando sem ar por alguns instantes.

- Por que está aqui? Por que não deixou que me matassem, quer ter o prazer você mesmo wángzǐ?

 As palavras saem mais firmes do que eu esperava, estou a menos de um dia de casa, já estou em meu estado, por que não posso ter uma vida livre de tantas intrigas e tentativas de tirar minha vida? Me aproximo mais um passo dele, seus olhos me acompanham mas ele não move nem um musculo, ele apenas me encara por alguns segundos e então abre a boca para responder mas antes que o faça puxo sua própria espada e aponto para ele me afastando ligeiramente a ponta cravando em seu peito o bastante para ver sangue, sua expressão muda não para dor e isso me assusta mais do que a espada em minha mão, a solto deixando que caia no chão.

- Eu não queria que morresse assim!

 Ele fala pressionando o ferimento com uma das mãos e se aproxima um passo de mim, meus pés parecem presos ao chão, ele parece me analizar, sinto como se seus olhos pudessem ver além de mim.

- Não está ferida está? 

 Não consigo falar apenas vejo o sangue escorrer por seus dedos, faço que não com a cabeça, lágrimas brotam em meus olhos mas as impeço de cair.

- Bom.

 De longe ouço meu nome ser chamado repetidas vezes, Shang Lín olha para trás e então assovia em poucos segundos um cavalo de pelagem escura aparece correndo sinto meu corpo se puxado junto ao dele para cima do cavalo em apenas um pulo, sinto um de seus braços me segurar firme contra ele quando o cavalo volta a correr como que já sabendo o destino, tento me soltar mas um grunhido de dor escapa por sua boca e no mesmo instante paro de me mecher como se não comandasse meu próprio corpo, seu corpo parece pesar sobre minhas costas. Depois de um tempo o sol começa a baixar e o cavalo para, vejo a pequena entrada entre as pedras para um caverna, sinto meu corpo ser puxado para baixo e sou levada para dentro da caverna sem lutar, ele me solta bruscamente fazendo com que eu caia de bruços, quando me levanto pronta para reclamar o vejo de joelhos, seus olhos estão fechados e a gotas de suor se acumulando em seu rosto, me ajoelho em sua frente e relutante encosto a mão em seu rosto e me assusto com a temperatura, está queimando de febre.

 Em silêncio o ajudo a se escorar na parede de pedra e olho em volta não vendo nada que possa  o ajudar, olho para mim mesma e sem pensar uma segunda vez rasgo parte de meu vestido e o amarro firme em seu ferimento, nenhum som ou expressão de dor pode ser vista em seu rosto mas o vejo tremer de frio, a temperatura cai rapidamente dentro da caverna e a febre os faz tremer, me levanto mas antes que eu saia sinto sua mão segurar meu braço.

- Não fuja!

 Não olho para ele mas sinto uma lágrima escorrer por meu rosto.

- Não vou fugir, mas precisamos de uma fogueira ou vamos congelar, e eu não quero morrer.



A queda de LíangWhere stories live. Discover now