A queda de Líang

Capítulo 53

(Yáng Shun)

Depois de anos de opressão e sofrimento onde Líang pegava o que queria ou quem queria, onde fomos escravizados e mortos finalmente meu povo pode sentir o que gerações nossas nunca sonharam em desfrutar, liberdade.

Os dias se transformam em semanas, o povo está mais alegre do que jamais sonhei em ver, sou recebido como um herói em toda e qualquer vila em que entro, as crianças correm felizes nas ruas e famílias se reencontram depois de anos de escravidão.

Porém sei que a pessoa que queria ao meu lado deve me odiar, eu a traí e usei seus sentimentos, sua confiança e sua ingenuidade a favor de meu povo, ainda quando planejei passar a vida tentando a compensar a perdi mais uma vez.

Jin Leste não pode permitir que uma descendente direta de Líang viva nas mãos de outro estado, e eu não posso permitir que passe seus dias nas mãos de Shang Lín, penso na sua dor e sofrimento, lembro de como estava sendo tratada quando a resgatei e em como deve estar sendo difícil para ela agora, estar nas mãos do homem que lutou metade da vida para destruir a família real de Líang.

A minha frente vejo um homem mais velho ser abraçado fortemente por sua esposa, uma imagem que agora se tornou comum de Jin, os homens aprisionados e escravizados por anos finalmente reencontram suas amadas e seus filhos, mulheres feitas escravas conseguem retornar para seus pais e maridos, os campos voltam a produzir dez vezes mais e em poucas semanas Jin se recupera quase totalmente. Porém meu coração me condena por meus atos vis, a tristeza no olhar de Líang Mei, não era para ela ter visto, não era para ter vivido tal experiência.

Eu teria me casado com ela e viveríamos felizes, teríamos ido embora quando o palácio tivesse sido destruído e ela não teria visto tudo, mas o exército chegou cedo de mais, era arriscado ser descobertos e o plano feito as pressas para a tirar de lá não funcionou, lembro de seus braços me apertando em um abraço que não gostaria de soltar, em como procurava refúgio em mim quando estava com medo, consigo ver claramente sua pele clara e seus olhos brilhantes como gotas de orvalho, seus lábios corados como a flor da cerejeira e suas sobrancelhas baixas.

- Wángzǐ, sua tenda já está montada.

Sou tirado de meus pensamentos, me viro para o soldado ao meu lado e faço que sim com a cabeça algumas vezes.

- Descansem por um dia depois marcharemos.

Ele faz uma leve reverência com as mãos em frente ao corpo e então sai de minha frente indo espalhar a ordem.

Me viro olhando para o céu antes de me virar para voltar para o acampamento, cerro os punhos ao lembrar de Shang Lín, não o deixarei impune, cada fio de cabelo de Mei que ele tocar eu farei com que deseje morrer, passarei com meus cavalos de guerra por cima de todo aquele que me separar dela.

O acampamento está organizado, soldados passam fazendo a guarda e outros fazem a manutenção das espadas e lanças assim como cuidados com os cavalos. Arqueiros treinam em outra parte do acampamento, analiso as habilidades de meu exército e fico satisfeito com elas, tomarei o mundo apenas para tê-la ao meu lado, farei tudo para protegê-la e compensar a dor que lhe causei, não espero receber seu amor, sei que me odiará por toda vida e apesar do desejo em meu coração sei que dificilmente de perdoará, mas vou a proteger com minha vida contra todos até mesmo os de minha casa se preciso, e talvez um dia ela encontre o perdão em seu coração e corresponda meus sentimentos como seu marido.