Irmandade

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A princesa de Caellun observava o dia amanhecer lentamente pelas janelas do lugar, e a claridade iluminando aos poucos os aposentos de Ivar. Seus dedos delicados faziam desenhos no peitoral do marido e uma estranha sensação de paz se instalava entre os dois. Não havia nenhuma briga ou provocação, o que era bem estranho aos olhos da jovem, que também não sabia como reagir após tudo aquilo. No fundo de seu inconsciente uma voz irritante gritava que ela pecava ao desejar tanto aquele homem, e que toda aquela luxúria e prazer carnal que havia consumido o seu corpo à poucas horas eram a sua condenação definitiva ao inferno.

Contudo, Adalyn não se importava com as consequências daquilo. Só queria desfrutar de toda aquela sensação, e também se aproveitar da paz que reinava entre eles. Por isso continuou os seus desenhos, ainda que uma parte dela desejasse o beijar e reiniciar toda a sua diversão das horas anteriores. E como ela já desejava demais aquilo.

Os corpos colados e a falta de qualquer vestimenta pareciam fazer os pensamentos pecaminosos da jovem borbulharem mais e mais.

- Eu disse que você podia fazer o que você deseja, Ivar.- Adalyn parou os seus desenhos e encarou o homem.

- Sim, você disse.- a mão de Ivar envolveu o rosto da esposa, analisando os traços dela- Você tinha razão, princesa.

Ivar colou brevemente seus lábios nos da princesa. Ainda existia uma lembrança da luxúria em sua boca, e Adalyn sentia bem isso.

- Talvez você tenha sido um milagre dos deuses.- Ivar passou seus dedos levemente sobre a cintura exposta da sua esposa.

- Não sabia que acreditava em milagres.

O Desossado deu de ombros ainda olhando para a jovem deitada em seu peito.

- Me pergunto quanto tempo tudo isso vai durar. Toda essa paz ao seu lado.- Adalyn expôs seu pensamento- As coisas boas da vida costumavam acabar rápido.

- Então devemos aproveitar.- o sorriso do rapaz era sugestivo, e Adalyn percebia claramente aquilo.

Os beijos do vikings começaram em seu queixo, e desciam lentamente até o pescoço da princesa. Arrepios voltavam a correr por todo o corpo da jovem, porém outra coisa começava a voltar a martelar em seus pensamentos. A vontade de aproveitar dos toques de Ivar era muito grande, e muito tentadora, a fazendo repensar a sua pergunta. No entanto, a impulsividade era uma de suas características mais marcantes.

- Por quê deixou a Fredys fazer tudo aquilo?

Ivar se afastou bruscamente da esposa, se encostando no travesseiro improvisado. Na mente dele não havia uma resposta para aquela pergunta, e isso o incomodava também.

- Realmente, as coisas boas passam rápido.- o sarcasmo na voz dele irritou a esposa.

- Não ignore a minha pergunta. Só quero entender como ela envolveu você tão facilmente, só isso.

- Ela não me envolveu.

- Tem certeza?- aquelas duas palavras carregavam muita ironia.

A continuação da conversa foi impedida pela súbita chegada de dois homens ao aposento de Ivar. Adalyn teve que ter muita pressa para conseguir se cobrir com êxito, e pela expressão na face do marido, ele também não parecia contente com aquela intromissão sem nenhum aviso. Contudo, antes que o filho de Ragnar Lothbrok pudesse se exaltar com os mesmos acabou sendo informado o motivo de tal aparição em um momento tão inoportuno. Ubbe e Hvitserk haviam ido até Aethewulf em busca de um acordo, e agora se encontravam machucados na parte principal da Igreja. Um grande desespero se apossou do corpo da garota, fazendo com que a mesma se vestisse com muita rapidez assim que os dois homens saíram do lugar.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now