A bênção de Frigg

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O couro do cabo de sua espada roçava em sua mão, de uma forma mansa e tentadora, fazendo com que sua mente visualizasse coisas prazerosas aos seus olhos. A lâmina brilhando em decorrência à chama das velas e as raios de sol que invadiam o grande salão de Kattegat, fazendo com que seus olhos brilharem com o seu resplendor prateado.

Algo tão letal e tão próximo dela, escorada em sua perna direita, o cabo repousando em sua mão.

A espada afiada entraria com facilidade em seu pescoço, e ela poderia se engasgar com seu próprio sangue, caso sobrevivesse ao golpe da rainha. Era tentador imaginar aquela lâmina banhada pelo sangue inimigo, enquanto esse mesmo mancharia a sua pele pelo escarlate e o seu vestido seria marcado pela mesma cor. Como era prazeroso se imaginar andando na poça de sangue inimigo, e o observando se espalhando em meio ao chão de madeira do salão. E então, assistiria com louvor a vida se esvaindo do corpo da loira. Logo seus lábios se abriam em um pequeno sorriso ao pensar em cada um daqueles pequenos detalhes de um momento como aquele.

Em meio ao salão, ou em meio à floresta e a neve que se formava em Kattegat, Adalyn conseguia se ver matando Freydis, na primeira oportunidade que tivesse.

O acalento de seus dias e de sua raiva era passar que em um dia próximo, finalmente mataria a sua nova inimiga. Freydis se instalou em sua casa, corrompeu a mente de seu marido, andava livremente e desenrolando a sua teia em meio as pessoas, e além disso, havia desrespeitado o aviso da rainha. A antiga escrava não havia partido de Kattegat como Adalyn havia orietando em dado momento, e nem sequer parecia estar planejando cumprir com o combinado, e acabará se escondendo atrás de Ivar em todos os momentos em que Adalyn planejava a confrontar.

Seria fácil matar a loira em frente ao rei, porém não era algo a qual a rainha desejava fazer. Ela não queria começar uma briga por ter matado a víbora que o marido acreditava ser a sua amiga. Na verdade, Adalyn planejava fugir dos olhos atentos de Ivar e acabar por consumar o seu plano, e então, para todos os efeitos Freydis teria apenas ido embora sem deixar rastros e sem nenhuma despedida. Logo, Adalyn teria a paz de sua casa e de seu casamento restaurada e nada mais a incomodaria. E era nesse meio que os seus pensamentos se perpassavam, onde matava Freydis com a arma que Ubbe havia a presenteado. Era até mesmo prazeroso se preparadar para aquela batalha silenciosa, a qual apenas dois oponentes se enfrentariam. Seu final era óbvio. Freydis não teria nenhuma chance contra alguém como Adalyn, como uma dama do escudo que a rainha se tornou.

E foi nas entre linhas desse planejamento que muitas coisas mudaram para a jovem rainha. Acabará descobrindo a lealdade de alguns homens e mulheres em meio aos soldados de Ivar. Pessoas que confiavam cegamente em sua nova governante. Foi surpreendente para a jovem descobrir que alguém a via como dignidade do trono, que alguém a queria ali. Muitas das pessoas acabaram confessando que não eram fiéis ao rei, e a rainha. Segredos esses que nunca ultrapassavam de sussurros entre Adalyn e de seus defensores, e Ivar nem sequer imaginava as coisas que eram planejadas sem a sua permissão.

Muitas escudeiras recorriam aos conselhos da rainha, e se tornavam suas protetoras em meio aquelas conversas. E em poucos dias, Adalyn tinha olhos e ouvidos pelos quatro cantos de Kattegat, e assim acabavam ultrapassando barreiras que Ivar não conseguia ultrapassar. Nada era secreto por muito tempo para ela.

E aquela não era a única coisa que mudará no comportamento de algumas pessoas em relação a sua rainha. Com o crescimento de seus seguidores, o mito de que seria a escolhida dos deuses logo se esparramou pela terra e pelas pessoas. Muitos não acreditavam que uma princesa saxã teria sido abençoada pelos deuses nórdicos, mas outros acabaram acreditando no que escutavam, e assim, passavam a admirar a escudeira de mechas brancas. Aos poucos seu passado na Inglaterra era apagado pelos próprios locais, e muitas pessoas de fora acabavam não sabendo sobre a sua criação. Sabiam apenas que uma jovem que nunca havia levantando uma espada, teve sua mão guiada na tomada de York.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora