Ragnarök || Ivar, O Desossado

Língua Nórdica

* Aviso: Palavras em itálico significam que estão falando em nórdico.

- Céu.- o sotaque pesado de Ivar reforçou a palavra na mente da jovem, ainda que ela a confundisse facilmente com as outras dezenas que ele vinha ensinando na última semana.

- Céu?- apontou para o alto, obviamente querendo saber se era para aquilo que a mesma estava se referindo.

- Certo.- o rapaz sentado em sua frente concordou brevemente, um tanto quanto contente pela princesa finalmente esteja progredindo em suas aulas- Comida.

Adalyn tentou disfarçar a confusão que devia ter sido formada em seu rosto naquele instante, se viu pensando se devesse pedir para que Ivar repetisse a última palavra para que ela pudesse ter certeza sobre o que ele falava, já que naquele instante uma dezena de várias outras palavras viam em um turbilhão em sua cabeça. Pensou que seria mais fácil, principalmente por ter aprendido tantas coisas sozinha nos primeiros dias no acampamento viking. E por esse mesmo motivo decidiu guardar a dúvida para si mesma e apontar para o copo na mão do marido, o que para ela pareceu ser a resposta certa.

Entretanto no momento em que percebeu um sorrisinho divertido nos lábios de Ivar já soube que havia errado. Nas "aulas" com o rapaz, Adalyn dava seu máximo para ignorar as suas provocações, assim como o seu sarcasmo e divertimento com os seus erros. Nos últimos dias os erros se tornaram raros para a garota e por esse motivo os mesmos se tornavam ainda mais divertidos para o filho de Ragnar.

- Talvez você goste de mastigar madeira e nunca me informou isso.- o rapaz deu de ombros, ironizando cada  uma de suas palavras- Isso se chama copo, Adalyn, copo.

- Copo.- a princesa repetiu a palavra para si mesma, enquanto ignorava o olhar atento do homem.

- Talvez você devesse se esforçar mais.- a simplicidade com que Ivar disse aquilo a irritou, o que era o propósito do mesmo- Ou então aceitar que nunca vai aprender, princesa.

- Talvez a culpa não seja minha, e sim seja culpa do meu professor.- provoca-ló era seu passatempo favorito e ela aproveitaria da fala dele para fazer isso.

A respiração pesada dele foi uma resposta bem clara para Adalyn. Ela havia atingido a sua irritação e nada poderia diverti-la mais do que aquilo.

- Arrume outra pessoa pra te ensinar, então.- Ivar deu de ombros, voltando ao seu comportamento alheio.

- Talvez seja uma boa idéia, quem sabe Ubbe ou Hvitserk possam ser bons professores, o que acha?- ela sabia que falar aquilo era entrar em uma zona perigosa, mas não falar iria contrário ao seu orgulho.

Augusta sempre dizia que a irmã mais velha tinha dificuldades em controlar a sua língua, e que os seus pensamentos passavam rapidamente da mente dela até a ponta da sua língua sem filtro algum, e Adalyn nunca discordou dessa fala. Enquanto sua mãe, Winifred, dizia que quando a filha se casasse o seu marido iria impor limites nas falas da garota, contudo claramente ela estava errada.

- Não dê um passo para fora dessa tenda.- a voz de Ivar era ríspida e isso a instigou ainda mais.

- Claro que não vou sair, não percebeu que o mundo está caindo lá fora?- se referiu a forte chuva que assolava o acampamento desde o começo da tarde- Tudo ficará mais fácil quando você entender que não manda em mim.

O filho de Ragnar bufou com a resposta da sua esposa. Sua teimosia o irritava, mas ao mesmo tempo o deixava intrigado.

- Ouvia dizer que as mulheres saxãs eram submissas, assim como uns gatinhos.- a fala de Ivar trouxe aquele gosto amargo em sua boca- Não é isso que a sua Igreja ordena, Adalyn?