Ivar, O Desossado

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O dia nem mesmo havia amanhecido direito quando uma relevante parte do Grande Exército Viking montou um acampamento ao redor do Castelo do reino de Caellun. O rei Augustine estava extremamente aflito com a futura reunião com os lideres daquele enorme exército, temia que os mesmo não  aceitassem sua proposta e junto a negação um machado seria fincado em sua cabeça, e também tinha medo de aceitarem e que sua filha viesse a sofrer por isso. No entanto, não havia outra escolha se não essa já que os soldados do reino seriam facilmente aniquilados pela frota. O ódio e tristeza que a rainha lançava em sua direção também não ajudavam a melhorar um pouco seus tensos pensamentos com tudo aquilo.

Augustine se questionava se algum dia em todos os seus anos no poder havia passado tanto medo e angústia como naquele. Na primeira invasão dos vikings em Caellun o rei só havia descoberto o que aconteceu alguns dias depois, quando o perigo já havia passado, porém naquele instante o perigo estava em sua porta, e além disso possivelmente levaria uma de suas filhas embora. Pensou se algum dia poderia se perdoar por fazer aquilo, mas no fundo já sabia a resposta para a sua pergunta. E não, ele nunca iria se perdoar por convidar o próprio diabo a entrar em sua morada.

O olhar zangado de Winifred sobre ele no salão principal o irritava ainda mais, mas sabia que não era o melhor momento para começar uma discussão.

- Espero que se sinta bem quando entregarem a cabeça da nossa filha em uma bandeja.- a rainha praticamente rosnou para o rei.

- Mulher, acha mesmo que eu faria mesmo isso se houve outra opção?

- Sim, eu tenho certeza.- Winifred o encarou raivosa- Sempre pelo caminho mais fácil, sempre.

- E acha que esse é o caminho mais fácil?- Augustine questionou ironicamente a esposa- Adalyn é minha filha também, caso tenha se esquecido disso.

Winifred sentia uma crescente vontade de estrangular o marido, mas sabia que isso seria impossivel, então se contentou em imaginar isso no silêncio de sua mente.

- Agradeço se manter sua boca fechada quando eles chegarem aqui.- o rei olhou para a esposa, mas a mesma desviou o olhar- Winifred, você vai assinar nossa sentença de morte se não os tratar com respeito.

- Claro, meu rei.- o grande sarcasmo parecia pingar como veneno dos lábios da rainha.

E então, Augustine se aproveitou do silêncio da esposa para se preparar para o encontro que deveria acontecer em tão pouco tempo, já que a maior parte do nórdicos já haviam se instalado do lado de fora do Castelo. O que restava a fazer era esperar a boa vontade dos Vikings para comparecer para a realização do tratado. O medo do inimigo era visível em cada um dos presentes naquele recinto, principalmente o medo da negação.

No entanto, a espera pelos recém chegados não demorou tanto quanto o rei e a rainha de Caellun imaginavam, e em poucos minutos um soldado adentrava um tanto quanto nervoso ao salão principal do Castelo, olhando assustado para os presentes no lugar. Atrás do homem, quatro grandes figuras inimigas andavam imponentes, como se todos ali fossem alvos de tédio para os mesmos. Contudo, um estranho barulho chamou a atenção do rei e ao olhar para o chão percebeu alguém que havia passado despercebido até então, que se arrastava com certa dificuldade pelo chão o que atraia alguns olhares divertidos de alguns soldados do rei. Um aleijado.

Entretanto, antes que a atenção de todos fossem ao aleijado um dos vikings tomou a frente de seus companheiros, Augustine o compararia mais tarde como ao tamanho de um urso e tão intimidador quanto um, e para o rei aquele homem possivelmente deveria ser o líder do Grande Exercito Viking, ou pelo menos era isso que as suas ações davam a entender.

- O que quer conosco?- a voz do homem era tão assustadora quanta a sua aparência, e isso fez com que o rei temesse a sua reação.

- Olá, vocês devem ser os filhos de Ragnar Lothbrok.- Augustine percebeu um olhar ligeiramente irritado em sua direção- Ou estou enganado, senhores?

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now