Um Herdeiro Prometido

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Adalyn nunca pensou muito em como partiria desse mundo, e muitas vezes acabava ignorando o fato que a morte sempre estava a espreita de sua porta. Sabia que morreria um dia, mas evitava pensar muito sobre isso. No entanto, essa percepção começou a mudar quanto mais descobria sobre o seus novos inimigos, que aos olhos de muitos pareciam quase invencíveis.

E mesmo assim, a jovem rainha de Kattegat tentava evitar pensar sobre o quão desigual e árdua aquela luta seria, principalmente estando a cada dia mais próxima. E com isso passava os dias arquitetando a sobrevivência do povo, daqueles que amava e daqueles que não conhecia, sendo a sua em último lugar. Planejava e planejava, sendo uma necessidade quase tão grande quanto o ar que respirava.

Todos eles pensavam em vencer a batalha. Adalyn pensava em vencer a guerra e manter o seu trono. E também pensava em ir além, junto a chama de ambição que sempre percorreu suas veias.

E por isso ela pensou e pensou. E no fim, tomou diversas decisões para a luta que determinaria tantas coisas para a sua vida.

Decidiu que os três filhos seriam mantidos em Kattegat, protegidos pelos olhos de alguém confiável como Torvi ou Hilde, que havia anunciado que não participaria da batalha e permaneceria ao lado da única filha. E caso o exército viking fosse derrotado, as três crianças deveriam partir. E por mais que essa realidade doesse nos ossos de Adalyn, parecia ser o melhor a ser feito.

Era melhor ver Thorunn, Heimdall e Hela vagando de volta para a Inglaterra, para os braços de sua tia Augusta e do tolo marido da mesma, Rei Alfred, do que ficar na Noruega e esperar a morte na lâmina dos invasores, ou seja lá o destino que os russos dariam aos filhos da rainha.

Seu peito pesava ao pensar em como seria o futuro de seus herdeiros, e por isso acabava se agarrando com mais força no menino deitado ao seu lado na cama, que dormia de forma tão pacífica. Heimdall se parecia muito com o pai, principalmente quando estava acordado e roubando armas ou provocando pessoas, mas ao dormir se parecia com sua mãe já que era naquele momento que alguma pacifidade percorria sua face.

E aquela era a visão que Adalyn gostava de ter em dias tão turbulentos.

Bjorn estava fora de Kattegat, junto aos seus homens, onde dava forma ao que foi pensado por eles naquelas muitas reuniões. E com a ausência do rei, Adalyn tinha o trono e as decisões completamente para si e para a sua mente tão ambiciosa e astuta. E por meio das ordens da rainha a porta do grande salão se manteria fechada naquele dia, evitando murmúrios e perguntas desnecessárias sobre seu respeito, já que algumas pessoas passaram a compartilhar publicamente a sua aversão sobre as escolhas da rainha, sempre questionando o fato que Ravencrone trouxe consigo inúmeras guerras desde que chegou a primeira vez na Noruega, ou então, como passou a usar de seu poder e de suas escudeiras para ter qualquer informação que desejava. E era por isso que Adalyn desejava a sua falsa paz ao lado de seus filhos.

Pelo menos ao lado de Heimdall e Hela, tendo em vista que Thorunn havia desaparecido para fora assim que o sol deu seus primeiros sinais. Nas palavras da menina, ela passaria o dia caçando ao lado de Fenrir e depois ficaria com seu pai.

Adalyn nunca concordaria com a filha caçando ao lado de um lobo em uma floresta, e Thorunn sabia disso e mesmo assim disse que nada a impediria. No entanto, a rainha ordenou que duas escudeiras acompanhassem a menina, e em qualquer sinal de perigo a trouxessem arrastada para o grande salão. Thorunn claramente parecia contrariada com a presença das escudeiras, mas Adalyn a lembrou que além de sua mãe, também era rainha. A última palavra sempre seria a da rainha.

E era nisso que Adalyn acreditava.

A última palavra seria sua, sempre sua, e só isso importava aos seus olhos. Não ligava se uma aversão sobre si crescia entre algumas pessoas, já que era impossível agradar a todos. Sua própria mãe falava sobre isso para a filha mais velha, de como nenhum rei poderia agradar ao seu povo plenamente, pois sempre existiriam demandas diferentes pelas pessoas. Grupos opostos tinham visões opostas, e Adalyn via isso com clareza agora que está no trono; os pescadores e comerciantes iam contra as decisões de guerras e tensões entre os reinos, como o cerco de Harald, e do outro lado os guerreiros e escudeiras pareciam sempre prontos para alguma decisão dos governantes.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now