O sangue que está em nós

2K 231 335
                                    

Ao despertar, Adalyn ainda estava inebriada pela dor e pela escuridão, e por alguns instantes pensou que estava morta. No entanto não houve nenhuma cantiga mórbida de corvos foi escutada, nenhum bater de asas ou galopar do cavalo das Valkirias. Apenas conversas bastante irritadas e passos, apenas isso. Odin não estava ali, ele havia a deixado.

Era difícil lutar contra a escuridão que a puxava a se manter de olhos fechados e desacordada, na verdade os seus olhos pareciam pesar toneladas naquela momento além da sensação arenosa nos mesmos. Lutava para se manter consciente, porque tinha receio de se afogar completamente no breu de sua mente. Sentia seu corpo sendo tomado por calafrios estranhos e gélidos, assim como uma camada de suor se acumular por sua pele. Sangue, sentia cheiro de sangue. O conhecido aroma que lembrava ao ferro, que tanto sentira em campos de batalha e que agora parecia estar empregnado em si.

Não haviam raios de sol fortes o suficiente para a acordar, apenas uma camada fina e fraca de luz solar em seu rosto. Poderia continuar apagada se não fosse pelas vozes irritadase altas ao seu redor, e era disso que o seu corpo precisava. De repouso total. E então, Adalyn abriu os olhos, ainda com extrema dificuldade e tentando se adaptar a luz ainda fraca da barraca. E rapidamente  aquela dor excruciante retornou ao seu útero, um gemido de dor escapou de seus lábios e atraiu a atenção dos presentes no lugar.

- Adalyn.- a voz serena e maternal de Lagertha a chamou.

A famosa escudeira parecia ter tentado se limpar do sangue da batalha, mas ainda existiam resquícios de tinta e do liquido escarlate em sua pele branca.

Alguém havia retirado a sua calça e as únicas coisas que a tampavam era a sua longa camisa e um pano colocaco em seu colo. Isso talvez explicava apenas a permanência de Lagertha e Bjorn ali, ao olhar para as suas pernas sentiu seu estômago se revirar pela quantidade de sangue que havia nelas. Sem contar é claro, no corte que percebeu onde havia recebido uma flechada já queimado por uma lâmina. Havia uma bacia próxima ao pé de sua cama cheia de panos sujos pelo líquido escarlate. Se questionou por quantas horas estava apagada, não eram dias ao perceber a agitação de pessoas andando e gritando ao redor da sua barraca.

Sua boca ainda tinha gosto de sangue devido a queda da muralha, e a sua cabeça estava dolorida.

- Estamos no fim da tarde.- Lagertha pareceu entender a pergunta explícita em meio a confusão da expressão da mulher deitada na cama improvisada- Deve descansar, Adalyn.

- Não há tempo para descansar em uma guerra.- a voz da mulher saiu rouca, ainda mais do que ela gostaria.

Seu corpo estava completamente dolorido. Sua perna ardia devido ao corte e a pele ao redor repuxava graças a lâmina ardente que alguém havia colocado ali para fechar o mesmo. Sem falar na dor que sentia em suas costas, possivelmente resultado de sua queda da muralha.

- Onde Heimdall e Hela estão?- Adalyn os questionou assim que percebeu que seria ignorado por sua última fala.

- Deixamos eles com uma escrava.- Lagertha se levantou e caminhou até ela, pousando a sua mão na testa de Adalyn- Está queimando.

Adalyn já imaginava que devia estar ardendo em febre, principalmente devido aos calafrios e a camada de suor.

- Fizeram bem, não quero que eles me vejam assim.- Adalyn fez uma careta ao sentir outra onda de dor em seu útero, e rangeu seus dentes uns contra os outros tentando segurar outros gemido de dor.

- Sei o que está sentindo, já passei por isso.- Lagertha se encostou ao lado de Adalyn, oferecendo a mão para a mesma- Duas vezes, para ser mais exata. E também, perdi minha filha Gyda quando ela era apenas uma menina.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now