Os olhos da escudeira

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Os olhos da escudeira se mantinham nas construções de Kattegat, nos muros que eram erguidos e fortificados e percebia que aos poucos, o lugar se assimilava mais com uma fortaleza do que um pequeno reino

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Os olhos da escudeira se mantinham nas construções de Kattegat, nos muros que eram erguidos e fortificados e percebia que aos poucos, o lugar se assimilava mais com uma fortaleza do que um pequeno reino. Na verdade, desde Ragnar o lugar não era mais uma simples terra. Se lembrava com clareza sua primeira visita a Kattegat, havia chegado à pouco em sua adolescência e viajou ao lado de sua mãe e irmão em busca de um novo lar, já que seu pai havia falecido em uma expedição anos antes e deixou a família sem recursos, que naquele dado momento haviam chegado ao seu fim. A fome pesará em seus estômagos, os assolando por dias e duramente durante o inverno. Hilde se lembrava que dormia para aliviar o vazio em seu estômago, mas isso nem sempre funcionava para ela. Se lembrava perfeitamente em como seu corpo passou a ficar esquelético, e como desejou morrer.

Foram épocas difíceis que a marcaram pelo resto de sua vida mortal. Chegar em Kattegat foi como uma benção dos deuses para a sua pequena família.

Sua mãe, Idun, planejava conseguir alguma cabana e começar a pescar ao lado de Hilde e de Rurik. Enquanto a matriarca da família ia em busca de alguma forma de sobreviverem, os dois irmãos seguiram em busca de algo divertido para fazer em Kattegat. E foi em busca de diversão que Hilde e Rurik escutaram falar sobre o vidente que vivia na região, um homem com talvez centenas de anos e que vivia ouvindo sussurros dos deuses em sua mente.

Hilde, quase que instantaneamente, desejou ir até o tal homem e descobrir se sua vida iria além de redes de pescas. Não, ela desejava ser como seu pai e lutar intensamente em nome dos deuses, mas a sua mãe parecia bem contrária em deixar que a filha pegasse em uma arma o que fazia a jovem Hilde ir treinar escondida com o seu irmão.

Ela sabia que se Rurik desejasse poderia ter qualquer espada, do melhor material e do melhor ferreiro. Sua mãe nunca faria conta disso para o filho, daria a Rurik o que ele desejasse. Sem dúvidas alguma, ele era o filho favorito, e isso talvez estivesse ligado a sua grande semelhança com a sua mãe.

Hilde, por outro lado, era a cópia exata de seu pai. Os mesmos cabelos negros e os mesmos olhos azuis, além do gênio difícil. E talvez fosse por isso que Idun nunca olhasse diretamente para os olhos da garota, ou tivesse preferência por Rurik.

Contudo, nada disso pareceu diminuir o desejo ardente de seu coração. Almejava mais do que qualquer outra coisa se tornar uma escudeira, e ela seria uma.

Havia atazanado os dias de seu irmão como nunca, já que o rapaz se recusava a ir ao vidente. Rurik não acreditava que ele pudesse ser o oráculo dos deuses. No entanto, Hilde acreditava em tais superstições e desejava saber se deveria ou não desistir de seu sonho. E assim, foram necessárias semanas para que Rurik concordasse com as ideais infantis da irmã e resolvesse ir junto a ela. Os dois raramente faziam qualquer coisa separados, e por isso a garota prezava tanto pela companhia do seu irmão. Então, foram necessários mais dias para que Idun concordasse em deixar que os dois abandonassem um dia de pescaria para uma aventura.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now