Convivência

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Adalyn observava um tanto sem jeito o barco viking com o corpo de Sigurd, o irmão de seu marido que havia sido morto pelo mesmo. Queria sentir algum sentimento de pena ou de tristeza, porém não sentia nada ao ver o corpo sem vida daquele homem, então a melhor forma que encontrou para representar a suas condolências era o silencio. Se Winifred, sua mãe, estivesse ali a mandaria rezar pela alma de Sigurd e pedir alguma misericórdia no inferno para ele, mas ela não estava ali e também não sentia vontade alguma de rezar por ele, na verdade não sentia mais vontade alguma de pedir algo a Deus nos últimos dias, talvez fosse em razão de ser a única crista ali ou apenas estivesse cansada de pedir coisas que nunca aconteciam mesmo.

Era o primeiro velório viking que presenciava, e pedia aos céus para que demorasse muito tempo até que precisasse participar de outro. A cabeça de uma ovelha parecia reluzir aos seus olhos naquele barco, e também pela proximidade da mesma com o corpo de Sigurd, e isso causava certo desconforto para ela. Entretanto, Adalyn havia aprendido desde cedo a controlar a suas emoções, ou pelo menos a controlar elas na frente das pessoas.

Não duvidava de que teria sonhos com aquela cabeça ao dormir naquela noite, isso já era quase como certo para a jovem princesa.

Em pé ao lado do marido percebi todos os olhares tortos e julgadores que ele recebia das pessoas ao redor, e também de seus outros irmãos, e acabou sentindo pena de Ivar por isso. Aparentemente todos ali haviam esquecido rapidamente que fora Sigurd quem começará aquela discussão, tentando humilhar Ivar publicamente e o levando ao extremo. Ou pelo menos havia sido isso que Adalyn conseguiu entender por meio de terceiros que presenciaram a cena, já que não consegui encontrar Helga após toda a confusão e nem achava educado perguntar diretamente a um dos filhos de Ragnar, então se virou questionando alguns vikings que tiveram a paciência e a decência de a responder, alguns apenas passavam reto pela princesa e ignoravam sua presença completamente.

Se sentiu grata quando tudo aquilo finalmente havia acabado e agora se via livre para ir atrás de Helga, e então engolir seu orgulho e pedir para Ivar permitir que de alguma maneira ela conte ao seu pai sobre os planos de Ecbert.

Ao virar pelo lado percebeu que Ivar já havia desaparecido entre a multidão, se arrastando como uma serpente e não deixando sinais para trás. Entretanto, a jovem já sabia onde o encontrar, e assim caminhou rapidamente até a tenda que tinha visto os filhos de Ragnar usando para reuniões. Em poucos metros d distancia do lugar já conseguia escutar as vozes dos homens, claramente exaltados.

Para desagrado de sua curiosidade eles falavam a sua língua natal, a qual Adalyn já passará a entender algumas palavras naqueles dias, porém a rapidez com que eram faladas e a tonalidade que eles usavam a impediam de os compreender. Não sabia se era certo adentrar a tenda, contudo a sua pressa em comunicar o seu pai era maior do que o medo de acabar com um machado fincado no peito como Sigurd.

Contudo, ao adentrar o lugar percebeu que Ivar não estava ali.

- Onde ele está?- Adalyn não questionou ninguém em especifico, mas esperava que alguém a respondesse, o que acabou não acontecendo- Preciso falar com Ivar, onde ele está? Em?

Os irmãos e os outros homens presentes pareciam mais ocupados pelo silencio do que em a responder.

- Desaprenderam o inglês por acaso? Onde ele foi?

- Deve estar por ai, pensando em qual de nós vai matar na próxima vez.- Hvitserk a olhou brevemente e logo em seguida voltou a sua atenção para seu copo cheio de hidromel. 

- Tudo bem, se não posso falar com Ivar espero que vocês possam me escutar.- Adalyn acrescentou- Falei com Ecbert e preciso avisar ao meu rei dos planos daquele homem para Caellun.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now