Fenrir e a Serpente

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Seu corpo protestava contra o esforço de cavalgar naquele cavalo. Sua perna ainda estava doendo e ela ainda sentia o recente aborto em seu útero e mente, a visãodo corpo de Edith caindo ao chão retornava um momento ou em outro, no entanto nada parecia relevante o suficiente para que a prendesse naquele acampamento.

Os filhos e aquele cadáver eram o convite de Ivar para aquela conversa entre os dois, e ela sabia muito bem disso.

Havia trocado as suas roupas rasgadas, já que não desejava dar o gosto de vê-la destruída para os seus inimigos. E assim, seguiu com aquela cavalo até as muralhas de Kattegat, principalmente por não saber se conseguiria fazer todo aquele trajeto com o ferimento da sua perna tendo fechado a apenas algumas horas. Nada era mais relevante que trazer os seus filhos de volta, e não se importaria de colocar outra lâmina em brasas no ferimento, caso o mesmo se abrisse.

Seu olhar se ergueu para a muralha em sua frente, tantos e tantos arqueiros com as suas flechas miradas em sua direção. Poderia ser imprudência, maa ela continuou ignorando aquele perigo iminente até uma flecha zumbir no ar ao ser lançada na frente do cavalo dela. Um aviso para parar. E assim, o animal relinchava ao jogar o seu grande e forte corpo para trás. Adalyn teria ido ao chão se não tivesse segurando com força a guia do mesmo.

A raiva ardia em seu estômago.

- Abram os portões!- a mulher gritou para os homens na muralha- Sei que Ivar está me esperando agora.

Nada aconteceu por alguns instantes além de um silêncio pertubador e sepulcral. O homem de cabelos brancos pareciam a frente dos homens na muralha, na falta de Ivar entre eles, e o mesmo parecia a analisar com desprezo.

Adalyn agarrou com ainda mais força a guia de seu cavalo, o forçando a circular a flecha e andar mais alguns passos. Poderia ser arriscado demais para ela, mas não poderia demonstrar medo em meio a tantas pessoas que olhavam para a antiga rainha. Até mesmo conseguia reconhecer alguns rostos do passado, e para o alivio de seu luto, Hilde não estava entre eles.

- Eu não pedirei outra vez!- Adalyn gritou novamente, ainda com certa pacifidade em seu rosto- Abram esse portão, ou digam a Ivar que incendiarei esses muros. Não sobrará nada além de cinzas e ossos para governar!

Mais uma vez o silêncio se instalou entre eles, e existia em alguns rostos uma expressão de zombaria para as suas ameaças. No entanto, aqueles que a conheciam ou conheciam a sua fama permanecia crentes em suas palavras e em seu olhar mortal para com eles. E então, o portão se abriu para a sua entrada, uma abertura mínima para apenas uma pessoa. E assim tentou descer de seu cavalo, e apesar dos esforços para não forçar a sua perna, acabou sentindo o impacto de qualquer forma. Mesmo que a dor parecesse quase insuportável por alguns instantes, ela começou a andar para dentro de Kattegat. Sua expressão se mantinha séria e indecifrável, ainda que estivesse mancando.

O barulho do fechamento do portão ecoou em sua mente, assim que ela adentrou ao lugar. Um cerco de soldados a esperavam com seus arcos e espadas, a forçando a se permanecer no mesmo lugar. Sua mão se guiou para o cabo de sua espada e ela os insultava com o seu olhar sarcástico e voraz.

- Entregue as suas armas.- uma voz conhecida chamou a sua atenção, atrás daquela barreira de pessoas.

Era Hvitserk.

- Sou mesmo uma ameaça? Tantas flechas mirando em meu peito nesse momento, que me fazem questionar que fama me precede.- o tom irônico queimava na ponta de sua língua- Hum... Acham que Odin me permitiria fazer tal façanha?

Hvitserk adentrou em meio a barreira, ficando apenas poucos passos de distância de Adalyn. Sua aparência era mais máscula do que a última vez que Adalyn o vira, seu rosto estava mais cheio e com mais vida assim como o seu corpo aparentemente estava mais musculoso. No entanto, o mesmo parecia ter certa dificuldade de olhar para ela.

Ragnarök || Ivar, O DesossadoWhere stories live. Discover now