Capítulo 1

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Queria saber como a branca de neve conseguiu sobreviver com sete homens na mesma casa, como ela não surtou e matou um deles? Como ela conseguia ser feliz arrumando casa e cozinhando para eles? Misericórdia!

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Queria saber como a branca de neve conseguiu sobreviver com sete homens na mesma casa, como ela não surtou e matou um deles? Como ela conseguia ser feliz arrumando casa e cozinhando para eles? Misericórdia!

Me vejo como a branca de neve, só que não sei falar com animais e estou por um triz em matar um dos meus sete irmãos. Exatamente, meus pais não tinham Tv em casa e isso fez com que os dois tivessem tempo o suficiente para procriarem igual a coelhos. É cansativo atura-los, principalmente quando sou a única mulher da casa, por ironia do destino, perdi minha mãe num acidente de carro, tinha 5 anos na época, mas consegui entender cada palavra que o policial usou para comunicar sobre o acidente. Doeu, doeu muito, desde então, sou a única mulher na casa responsável pelos rapazes.

Minha família é conservadora e parece viver na idade da pedra, funções domésticas são coisas de mulheres, no caso, eu. Festas? Nem pensar! "Filha minha não vai ficar por aí até altas horas da noite!", meu pai diz, sempre que peço para sair, mas claro, filha dele pode passar o sábado inteiro lavando roupa, arrumando casa e fazendo comida.

É tão injusto!

Sábados e domingos são sagrados para meus irmãos, nenhum deles ficam em casa, todos saem para beber e quando eu jogo na cara do meu pai sobre direitos iguais, ele tem a capacidade de me olhar no fundo dos olhos e falar que festa não é lugar para garotas. Não posso brigar ou bater o pé, caso contrário, ele começa a dizer que não trabalho e não coloco comida na mesa e muito menos o ajudo a pagar as despesas, e enquanto eu viver debaixo do teto dele sou obrigada a seguir ordens. A falação consigo aguentar, mas existem coisas que prefiro evitar.

Foi por esse motivo que aceitei um emprego na sorveteria do shopping, bom, não ganho muito, mas já é um começo. Todo o dinheiro que ganhei até hoje está muito bem guardado, pretendo alugar um lugar para morar, não aguento mais ser tratada como a empregada da família.

Faltam poucas semanas até a escola acabar e estou focada nos estudos, minha vida é parada, o que facilita não ter distrações. Tenho 17 anos nas contas e nunca fui a uma festa se quer, não tenho nenhuma história louca para contar, nenhuma ressaca para lembrar e nada de relacionamento... minha vida é mais parada que a água da lagoa da Pampulha.

─ Oi, maravilhosa! ─ Luana, minha melhor amiga, grita do outro lado do pátio da escola.

Eu nem consigo acreditar que estamos estudando juntas na mesma escola, não somos ricas, mas por um milagre divino uma escola particular estava fazendo uma seleção de bolsas de estudos, passei meses estudando para passar na prova de classificação, Luana nem se quer pegou nos cadernos e mesmo assim conseguiu a bolsa. Como meu irmão Thiago falaria: essa daí nasceu com a bunda virada para lua.

─ Oi, amiga. Como foi a aula? ─ Pergunto, diminuindo meus passos na intenção de Luana conseguir me acompanhar com segurança. Luana nesses últimos meses cismou que quando usa salto sua bunda fica mais empinada e desde então, para todos os lugares que vai, usa um sapado de salto com uma altura razoavelmente perigosa, o que resulta em tombos catastróficos e hilários.

Minha GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora