Capítulo 38

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Gabriel aponta o dedo para Alex e parece reconhece-lo, ele me lança um olhar furioso, abaixo a cabeça, como sempre

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Gabriel aponta o dedo para Alex e parece reconhece-lo, ele me lança um olhar furioso, abaixo a cabeça, como sempre.

─ Esse é o garoto da festa? ─ Não faço ideia para quem ele pergunta já que não consigo desgrudar os olhos do chão.

─ Sim, sou eu.

─ O que pensa que está fazendo com a minha irmã? ─ ergo a cabeça por ouvir Gabriel se aproximar. Alex não recua, pelo contrário, avança dois passos.

Meu agitado coração treme a cada respirar meu, teme e implora que os céus não deixem vacilar da boca de Alex a palavra namorado, implora para que esses dois não briguem, implora para meu pai não saber de nada. Estou tão apavorada que mando olhares na direção de Alex, pedindo que ele recue, mas ele não está cedendo. Não olha para mim. Eu não existo para nenhum desses dois garotos, estão focados demais querendo brigar para reparar na garota que está quase surtando aqui.

─ Quem você pensa que é para tocar nela? Anda, me responde! ─ Gabriel grita.

Os punhos do Alex se fecham. Sua atenção finalmente recai em mim e sem voz, apenas com os lábios suplico para ele não fazer nada.

─ Responde! ─ Gabriel berra, novamente.

Os punhos se abrem. Um respirar longo, tentando tranquilizar, afogar sua raiva é o necessário para Alex conseguir desviar seu olhar de mim e enfrentar meu irmão.

─ Ninguém. Eu não sou ninguém para tocar nela. ─ Sussurra. Parece doer cada letra pronunciada, cada palavra, vogal e consoante parece estraçalhar a garganta dele, mesmo assim, continua forte, mas com seu orgulho ferido, me olha mais uma vez, esperando uma atitude minha, uma opinião, uma ordem... esperando qualquer coisa. Nada. Não digo nada. Não esboço nada. Apenas retribuo o olhar deprimente de volta.

─ Jasmim, quem é ele? ─ Gabriel pergunta, sua voz não é calma, continua zangado, no entanto, tenta controlar o volume.

Um minuto passa, nada sai da minha boca.

─ Responda! ─ Gabriel berra.

Meu sangue ferve, odeio gritos, odeio ser tratada como uma criança desordeira. Não sou uma criança, não estou fazendo nada de errado, não necessito do Gabriel cuidando de mim, não preciso de seguranças como meus irmãos, não quero que tais se envolvam na minha vida. Estou tão cansada. Cansada.

Alex engoliu o orgulho dele por mim, seus olhos jorram chamas, sei que quer bater no meu irmão, sei porque também tenho cede de socar socos e socos nele.

Um passo, dois passos, três passos. Levanto a cabeça, Gabriel abaixa a cabeça um pouco para me olhar de modo igual.

─ Não grite comigo! ─ Exclamo.

Gabriel pressiona os lábios.

─ Quer saber quem ele é? Ótimo. Lhe apresento Alex, meu namorado.

─ Você sabe que você não pode namorar.

Balanço os ombros, sendo que esta frase não significa nada para mim.

─ Você todo o dia dorme com uma garota diferente, por que eu não posso namorar? Por que as regras são diferentes para mim? ─ A boca dele se abre, levanto a mão e balanço a cabeça de modo negativo. ─ Porque sou mulher? ─ Acrescento, imaginando ser esse o argumento fraco que Gabriel responderia.

Respiro fundo. Mais um respirar.

─ As coisas são diferentes para as mulheres, Jasmim.

─ Diferentes? ─ Zombo dessa palavra. Cerro os dentes contendo toda a raiva que transporta por minhas veias. ─ Então vocês podem sair, namorar, beber, se divertir, e eu sou obrigada a seguir regras que me impedem de viver, aproveitar a minha própria vida? Ok, mas cadê as regras que impedem do nosso pai me humilhar, me bater, ignorar minha existência, ou de me acusar de assassina? Cadê essas regras? ─ Grito. Grito para fazer espetáculo, para chamar os vizinhos a testemunharem a briga ridícula que nem deveria existir.

Gabriel não consegue dizer nada. Seus olhos mantem-se concentrado num ponto atrás de mim. Sei que ele não será capaz de dizer nada, sabe que sou uma empregada nessa casa, sabe que não tenho respeito, sabe das agressões, ele é uma das testemunhas que vê, mas não faz nada.

─ Se não existe regras que me protegem do nosso pai, então não existe regras. Quer contar para ele que estou namorando, fique à vontade. Faça a fofoca, faça com que ele me bata mais, com certeza a mamãe iria ficar orgulhosa por ter dado à luz a um covarde como você. ─ Ironizo o problema que os oito filhos possuem em comum, o trauma de ter uma mãe morta e o fato do fantasma dela ainda fazer parte de nossas vidas.

Qualquer assunto envolvendo-a não só destrói, como também consegue torturar as poucas lembranças que cada um tenta suportar.
Graças a nosso querido pai, não somente eu sou acusada de matá-la, aquele mostro semeou tortuosas lembranças em nossas infâncias, em cada filho uma acusação diferente, para cada filho uma lembrança de culpa que não sabemos distinguir se é real ou não, para cada filho uma culpa diferente, uma culpa que nem deveria ser carregada por nós. Os garotos aguentaram seus anos de gritos, e quando eu cheguei a idade de poder conseguir bancar a garota forte, aquela que segura as lágrimas, a raiva, o ódio passou a ser lançado em mim com toda força, esquecendo dos outros, e focando em mim.

Sou um alvo. Um alvo machucado mais de uma vez, o alvo que não aguenta mais ser atingido, um alvo que quer se tornar uma flecha, para poder revidar a dor, o ódio e as lágrimas derramadas ao longo dos anos.

Minha GarotaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum