Jasmim quase deu um troço quando contei a ela sobre meu pai e em meio a tantas palavras, percebi que minha namorada nem conhece meu pai, mas o odeia tanto quanto eu. Isso é demais.
─ Como vai o apartamento?
─ O colchão e o fogão chegaram, além desses dois itens não tem nada. ─ Fala desanimada. ─ Bruno pretende mudar antes do esperado. No começo queríamos comprar as duas camas e a geladeira para depois nos mudarmos, porém, as coisas lá em casa não estão favoráveis para ele. ─ Lamenta, com a voz baixa, muito baixa.
Pela infelicidade em sua voz, temo que o pai dela não esteja descontando seus problemas somente em Bruno, por receio, procuro me certificar que durante esses dias que não a vi nua nenhum hematoma surgiu em seu corpo. A procura de qualquer ferimento, passo minhas mãos firmes pelos braços cobertos, a barriga e a região das coxas que consigo tocar. Nada. Ela não fez cara feia, não gemeu, ou manifesta nenhum semblante de dor, deixando meus pensamentos mais calmos.
─ O que seu pai está fazendo com ele? ─ Pergunto, dando continuidade ao assunto.
─ Meu pai não aceita a sexualidade de Bruno, isso resulta em deboches, piadas de mal gosto e muitos apelidos homofóbicos. As piadas estão extrapolando, principalmente agora que Bruno entrou em um relacionamento, ele se despediu do namorado em frente de casa, meu pai viu e assim que Bruno entrou em casa recebeu bombas atômicas de preconceitos jogados em formas de piadas ofensivas... ele dormir no meu quarto ontem... passou horas chorando.
─ Seu pai tem sérios problemas. Imagino que Bruno esteja péssimo, caso ele precise de alguma coisa, pede ele para me ligar. ─ Gosto do Bruno. Ele seguiu meu conselho do apartamento, jogou na minha cara que meu pedido de namoro foi uma droga e foi graças a ele também que realizei uma das noites mais românticas da vida de Jasmim, ele é um cara legal e acho errado ele ter que reprimir sua sexualidade por causa de outras pessoas.
─ O desespero de Bruno chegou ao nível dele ir ao asilo pedir o cartão da minha avó emprestado, ele disse que assim que comprarmos a geladeira, vamos nos mudar. Para ser sincera, não vejo a hora disso acontecer. ─ Expressa otimismo.
─ Se precisarem posso ajudar com minhas economias.
─ Sério? E seus planos? Apartamento menor, seu curso, esqueceu?
─ Não, não esqueci dos meus planos, mas posso ceder um pouco de dinheiro para ajudar minha namorada. ─ Caso fosse necessário, renunciaria tudo somente para tê-la longe daquela casa, longe do pai, dos irmãos que não a valorizam, trocaria tudo que tenho só para ela ter paz.
As bochechas de Jasmim estão rosadas e com certeza as minhas também estão, nos distraímos tanto que só chegamos a notar que são meio-dia quando sentimos nossas peles queimando dentro das blusas de frio.
Ligo o ar condicionado do carro. Encaro meu reflexo no retrovisor e estou parecendo uma pimenta, Jasmim me zoa de pimenta-malagueta, mas as bochechas vermelhas não a safam desse apelido.─ Que tal, meu apartamento, nós dois debaixo do chuveiro, depois comida, filme e mais tarde sexo e seu verdadeiro presente de aniversário? ─ Sugiro com o tom mais safado que consigo reproduzir.
─ Comprou presente? ─ Em tanta safadeza ela pensa no presente? Decepcionante para minha cama.
─ Lógico, que namorado você julga que sou?
─ Pensei que conhecer seu lugar preferido fosse meu presente. ─ Fala, confusa.
─ Ver o sol nascer foi um dos meus planos para esse dia, o segundo é a gente pelado no meu banheiro, o terceiro é eu cozinhar seu prato preferido, terceiro é a gente pelado na minha cama e o último o seu presente.
─ O que comprou para mim? ─ Pergunta, ansiosa ao mesmo tempo, animada.
─ Não posso falar. ─ Tento manter o mistério.
─ Por que não? ─ Choraminga, imitando uma criança mimada.
─ Porque quero que seja nosso fechamento. ─ As sobrancelhas se erguem. ─ Bom após fazermos tudo o que combinei nada melhor do que você ganhar um presente que complete seu dia, que o torne inesquecível. ─ Contina com o mesmo semblante. ─ olha, estou tentando ser romântico e você me olhando dessa maneira não colabora. ─ Brinco.
Jasmim poderia simplesmente esquecer da palavra presente, porém, não, ela não esquece. Não a culpo também estou louco para ver a expressão quando entrega-la, estou louco para vê-la o usando, e a cada chute de resposta que ela dá, na esperança de acertar, meu bolço queima, querendo tirar pequena caixa e entregar o presente que passei horas escolhendo.
─ Que tal mudarmos a ordem? Pode ser: presente agora, banho em seguida, o almoço, o sexo e por último o filme, não acha melhor? ─ Empenha-se para mudar opinião.
Aponto o dedo para a porta do elevador que se abre atrás dela. Ela sai, fazendo biquinho.
─ Amor, por favor. ─ Passa mão por meu peito, alisando meu pescoço. ─ Depois do sexo no chuveiro você me fala o quê é?
Prenso seu corpo contra a porta do meu apartamento.
─ Não. ─ Sussurro no ouvido dela.
─ Affs! ─ Finalmente se rende.
Abro a porta. Jasmim é a primeira a entrar, retiro meu tênis e minha camisa, diminuindo meu calor, agarro jasmim pela cintura e afogo meu nariz em seu pescoço, beijando a pele macia e discretamente puxando a blusa de jasmim, ansioso para vê-la nua.
─ Sexo no chuveiro?
─ Sexo no chuveir...
─ Surpresa! ─ Jasmim se afasta de mim num movimento rápido e assustado, ao contrário, permaneço imóvel, sem capacidade de mexer nenhum membro, incapaz de acreditar que meus olhos mostram a realidade.
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Minha Garota
RomanceSempre gostei de fazer planos. Amava ter tudo sobe o meu controle, só que na verdade, não tinha controle de nada. Meu pai é um homem que vive no século XV, segue os preceitos que as mulheres não devem agir com liberdade, muito pelo contrário, defen...