Capítulo 33

395 34 134
                                    

Minhas mãos tremem

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Minhas mãos tremem. Não consigo controlar a ansiedade. Por que tanto nervosismo? É somente uma conversa com o irmão da Jasmim, não tenho nada a temer.

Não tenho nadar a temer.

A noite anterior foi impossível pregar os olhos, foi inevitável não pensar nos machucados, no que ela passa dentro daquela casa e exatamente por isso mandei uma mensagem para o Bruno, marquei um encontro com ele para discutir sobre essa situação, mesmo com 90% de certeza que o cara vai apoiar minha ideia, meu corpo reage com pavor. É a primeira vez que converso com um parente de uma das garotas com quem fico, e isso é apavorador.

Capito o garoto de boné entrar na pequena lanchonete. Ele acena para mim e aproxima da mesa, joga as chaves do carro na mesa e tira o boné, a cor do cabelo é igual de Jasmim, no entanto, os olhos, o rosto, a cor da pele não é nada parecido com a irmã. Se não os conhecesse, nunca suspeitaria que são irmãos.

─ Alex. ─ Cumprimenta com a voz rouca, mas educado.

Forço uma tosse em busca da voz que se recusa propagasse.

─ Bruno.

─ O que queria conversar comigo?

Coço a cabeça. Minhas mãos soam, muito, muito mesmo. Não entendo o que está ocorrendo comigo, é uma conversa simples, não há necessidade de tanto suor, de tanta tremedeira, de tanto nervosismo.

─ Não quero que Jasmim continue naquela casa.

─ Você não quer?

─ Não... espera... não expressei direito. ─ Gaguejo. Meu deus, qual é o problema comigo? Por que cada palavra que sai da minha boca parece errada? Por que eu ligo para isso? Por que estou tão preocupado que esse cara goste de mim? Por que quero tanto agradar a Bruno?

─ Bater em mulher não é certo! Não sei como as coisas funcionam na sua casa e não me importo, mas quando essas coisas começam a afetar a Jasmim, isso me envolve. ─ Respiro fundo, tomando folego para continuar a falar tudo o que penso. ─ Não quero vê-la marcada, não suporto a ideia de ver seu pai jogando a culpa dos fracassos, nela e principalmente, não suporto o fato dela ser humilhada. Jasmim é uma garota incrível, esperta, que tenta se a melhor em tudo, parece que vocês não enxergam isso. Sei que você é o único que cuida dela e é exatamente por isso que te chamei, achei alguns apartamentos na internet, os preços são bons e acho que vocês conseguem pagar, e se quiserem, posso ajudar. Preciso que tire ela desse inferno.

Bruno pisca. Pisca e pisca. Não fala merda alguma, em seu semblante não consigo detectar se estar pensando no que falei, se quer socar minha cara pelo fato deu ter exigido que ele saía e tire a irmã de casa, ou se quer me mandar a merda. O cara simplesmente não esboça nenhuma dica do que se passa nesse cabeção.

Cruza os braços. Inclina as costas na cadeira, a equilibrando somente nos dois pés de trás.

─ O que sente por minha irmã? Por esse discurso posso dizer que está apaixonado, certo? — Engulo a seco.

─ Eu e sua irmã somos amigos e somente estou cuidando de uma amiga. ─ Firma todos os pés da cadeira no chão e afunda seus braços cruzados em cima da mesa. Seus olhos analisam os meus.

─ Sério? Faz isso por todas as suas amigas?

Passo as mãos pela nuca, decidindo entre o silêncio e uma mentira.

─ Não precisa responder. Me passe os endereços dos apartamentos e darei uma olhada, não prometo tirar Jasmim da casa do nosso pai, mas prometo ficar de olho para que ele não a machuque mais.

Pego o papel amaçado no meu bolso e entrego-lhe.

─ Obrigada. ─ Agradece, se levantando.

─ Não precisa agradecer.

─ Não digo por isso. ─ Aponta para o papel em sua mão. ─ Agradeço por cuidar dela, por dar a ela aquele lindo sorriso. Depois que ela te conheceu as coisas parecem ser um pouco mais fáceis, suportáveis.

Esse foi o fim. As últimas palavras ditas por Bruno foram que faço que o mundo de Jasmim se torne mais fácil. É idiota me sentir feliz por saber que faço a diferença no mundinho dela? Talvez sim, talvez não, mas se isso me faz um idiota, quero continuar sendo idiota.

Minha noite servindo as mesas no restaurante não foi ruim como imaginei, na verdade, nesse momento preciso trabalhar mais ainda, caso Jasmim e Bruno precisem de dinheiro, terei como empresta-los.

Às vezes me pego pensando em que momento essa garota entrou dessa maneira na minha vida? Em qual segundo passei a coloca-la em meus planos de vida? Em qual dia eu notei que ela é o meu primeiro pensamento da manhã. Só tenho dificuldade para entender quando foi que comecei a me apaixonar por ela.

[...]

Chego em casa e tomo um banho para retirar o cheiro de gordura do corpo, para conseguir uma grana extra fiquei até mais tarde limpando a cozinha.

Troco de roupa e deixo meus músculos relaxarem pela primeira vez no dia. Pego meu celular, entro nas minhas mensagens e há várias, mas nenhuma da pessoa que quero.

Eu: Oi. Tem compromissos para amanhã?

Envio. Encaro a tela do celular e sinto uma alegria imensa ao ver a palavra on-line aparecer abaixo do contato dela.

Chica: Sim, meu irmão quer olhar alguns apartamentos amanhã.

Eu: Posso ir?

Será que pareço desesperado para vê-la? Não pareço, estou desesperado para vê-la.

Chica: Claro!

Eu: Combinado. Posso passar na sua casa ou preferem marcar um lugar de encontro?

Chica: Pode passar aqui em casa. Vamos sair as oito.

Eu: As sete e cinquenta estarei a sua porta.

Minha GarotaWhere stories live. Discover now