Capítulo 19

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Acordo com barulhos de buzinas e carros passando para lá e para cá

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Acordo com barulhos de buzinas e carros passando para lá e para cá. Na minha cabeça nada é claro o suficiente, tem partes apagadas e são essas partes apagadas que me dão medo, principalmente quando você não usa nada mais e nada menos que uma calcinha e uma blusa de frio que nem mesmo é sua. As mãos depositadas em minhas costas me fazem temer pelo, o que aconteceu, mas o fato de Alex estar com blusa e calça diminui um pouco do meu desespero. Cuidadosamente afasto as mãos de Alex, e em centímetros a centímetros distancio meu corpo do dele, desejando que ele não acorde com meus desajeitados movimentos. Levanto a parte da coberta que me cobre e confiro se é verdade que estou quase seminua na cama de um rapaz, e sim, estou.

─ A gente não dormiu junto. ─ Rouca voz comunica, provocando um arrepio em meu corpo. Lanço um olhar para Alex, que mantém os olhos fechados. Quanto tempo faz que ele está acordado? ─ Você sempre acorda antes das seis da manhã? ─ A cabeça dele se vira em busca da minha imagem, desse modo também realizo minha curiosidade de saber como garoto é quando acorda. Poderia dizer que sua figura de manhã é igual à imagem que exibe a tarde, mas se dissesse isso mentiria. Negros cabelos bagunçados caem pela testa e fios intrometidos escondem lindas safiras radiantes que localizam no lugar que deveria ser simples olhos azuis, porém de simples não esboçam nada. Azuis, azuis ao ponto de poderem substituir a cor das águas dos mares, azuis o suficiente para acreditar que os olhos dele são janelas para o céu, vivo azul para tornar-se minha cor favorita.

─ Sim. ─ Respondo, vendo que o garoto espera por um retorno.

─ Como se sente?

─ Bem. ─ Não consigo evitar encarar indiscretamente os olhos dele. São lindos demais para pertencerem a um ser humano, são brilhantes demais para não serem estrelas do céu... são perfeitos. ─ Obrigada por cuidar de mim. ─ Desvio o olhar para o teto e desejando que minhas bochechas não estejam pintadas de vermelha.

Supus que ele devolveria um “de nada” ou “não foi nada”, contudo, nenhum som sai dos lábios dele e mesmo não lançando olhar furtivos em sua direção, sei que aquelas lindas pedras preciosas azuis recaem sobre mim sem piedade.

─ Odeio quando as pessoas não olham para mim. ─ Mesmo em tom baixo sua intimação consegue ecoar por dentro de mim, como se eu fosse uma boneca de porcelana tendo somente sua sorrateira voz para preencher cada centímetro do meu eu.

Luto.

Não o lanço nem se quer um olhar, se fizer isso ele percebera mais ainda que estou tensa por ter passado a noite em sua casa, nervosa por estar deitada em sua cama que tem o cheiro dele, que me sinto uma idiota por querer tanto voltar meus olhos aos seus, somente para contemplar mais alguns segundos da tonalidade rara. A coberta mexe, algumas partes da cama se afundam e meu corpo sente que ele se move, presume que chega perto e deseja que não sejam somente especulações. Sei que não deveria pensar dessa maneira, sei que é errado que meu corpo comporte atrevidamente, mas não consigo controlar, no fundo, não quero controlar.

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