Sempre gostei de fazer planos. Amava ter tudo sobe o meu controle, só que na verdade, não tinha controle de nada.
Meu pai é um homem que vive no século XV, segue os preceitos que as mulheres não devem agir com liberdade, muito pelo contrário, defen...
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Alex limpa a garganta antes de conseguir separar os lábios para conseguir libertar alguma frase.
─ Jurava que você diria tudo, menos isso. ─ Confessa. E, por um minuto não enxergo Alex como aquele garanhão, o vejo como um homem não tão confiante de suas armas de sedução. ─ As aulas podem funcionar da maneira que quiser, porém, quero pedir passe livre.
─ O que seria passe livre?
─ Permissão para te beijar a hora que eu quiser. ─ Engulo a seco. ─ Não vou te beijar em público, relaxa. ─ Acrescenta, dando de ombros.
Que merda, ele cismou que tenho vergonha dele.
─ Ok, você me beija na hora que de dar na teia e o que eu ganho nessa situação toda? ─ Ele abre os braços e dirige os olhos pelo corpo, como se falasse: Você me ganha.
─ Ambos saímos ganhando. Eu ganho ficadas sem compromisso e você experiencia. Lhe garanto, Chica, que depois de me beijar, nenhum outro beijo que você der na vida vai conseguir superar os meus.
─ Sua humildade consegue ser admirável. ─ Bato palmas.
─ Duvida que meu beijo seja tão bom quanto eu digo?
─ Já te beijei, e seu beijo é bonzinho. ─ Inferiorizo, provocando o ego de Alex.
─ Bonzinho? Levanta! ─ Ordena. Continuo sentada, olhando bem para ele, certificando-o realmente me deu uma ordem. ─ Por favor! ─ Acrescenta após perceber que não vou dar nenhum passo.
Ergo do chão com a ajuda dele e em menos de dez segundos estamos rodeados por mato. Não faço a menor noção de onde estamos, Alex resolveu ficar surdo de uma hora para outra e a único lugar que consigo ver é o chão, já que há tanto mato que me faz temer que eu encontre alguma cobra por aqui.
─ O maluco do ego sensível, para aonde vamos? ─ Indago pela terceira vez e mais uma vez sem respostas.
Ele para. Se vira em minha direção.
─ Meu beijo é “bonzinho”? ─ Questiona. Seu corpo se choca com o meu e seus olhos denunciam suas próximas atitudes.
As mãos dele percorrem meu pescoço antes de juntar nossas bocas. Não é um beijo delicado, não é um beijo sensível, é selvagem, intenso o suficiente para me deixar com gosto de quero mais. Nossas bocas se movem com desejos, as mãos dele descem para o meu quadril e as minhas sobe para sua nuca, o tocando para certificar que isso não é um sonho. Sinto minhas costas encostarem em alguma coisa áspera, mas antes de abrir os olhos, Alex revela ser uma árvore, não deixando que o beijo pare e somente evolua mais. Evolua ao ponto que meu corpo deseja bem mais que beijos, evolua na faixa dos meus pensamentos cogitarem ideias afobadas demais.
─ Tem certeza que esse beijo foi “bonzinho”? — Pergunta, esquecendo meus lábios. Explora meu pescoço, deixando um caminho até a minha clavícula e seguindo para a outra face do meu pescoço.
─ Se eu disser que seu beijo foi uma bosta, o que irá fazer a respeito disso?
Ele desliga-se do meu pescoço, as grandes safiras revelam brilho sexy que provoca um sorrisinho bobo invada meus lábios. As costas dos seus dedos roçam minha bochecha, enquanto seu corpo me pressiona contra a árvore e mesmo tentando manter minha total atenção na face do gostoso a minha frente, minha mente pira ao sentir algo duro encostar em minhas pernas.
─ Caso isso aconteça, serei forçado a beija-la várias e várias vezes até que sua opinião mude. ─ Sussurra, contra meus lábios.
─ O seu beijo é uma porcaria. ─ Sua boca se abre num sorriso mais do que perverso. Em menos de segundos a língua dele doma minha boca e estamos nos pegando no meio do mato, outra vez.
[...]
Abro a porta de casa e parece uma casa mal assombrada. Não há ninguém. Fecho a porta atrás de mim e entrando mais afundo contemplo a bagunça para todo o lado. Posso xingar, reclamar da minha vida e planejar como matar meus irmãos, mas para quê? A vida é mais que isso. É mais que arrumar casa, é mais que viver me martirizando, é mais que essa casa. É mais que viver remoendo os problemas. A vida é bela. A vida é feita para ser vivida de modo que faça eu olhar para trás e sentir vontade de fazer tudo de novo, e não olhar para trás e me sentir arrependida por não ter aproveitado nada.
Minha mãe morreu jovem. É o que ela levou foi as lembranças, mas ela também deixou a lembrança de cada momento vivido com os filhos, com os amigos... o melhor de tudo que as raras vezes que falamos dela, sempre citamos a risada engraçada, o sorriso que sempre em prontidão e às várias histórias que ela contava, ao menos é somente o que eu me lembro, mas é o suficiente para saber que ela teve uma vida boa.
Tomo banho e troco de roupa para ir trabalhar. Almoço o resto de pizza na geladeira e quando estou pronta para sair os olhos castanhos furiosos agarram minha atenção, provocando que eu recorde de que não avisei meu irmão que não precisava me buscar hoje.
─ Oi, coisa mais linda do mundo. ─ Bajulo. Mesmo usando a voz mais fofa e o carinho absoluto do meu corpo, Bruno nem faz esforço para desamarrar a cara.
─ Você não dorme em casa e ainda mata aula no dia seguinte, o que está havendo com você? ─ Grita. Bruno nunca gritou comigo antes... isso significa que infringi a fronteira da confiança.
─ Jasmim, você não pode ficar bebendo e parar na cama de quem nem conhece direito ─ A vaca da Luana abriu a boca. Eu a mato! ─ você é muito ingênua, imagina se esse cara tivesse feito alguma coisa com você? ─ Diminui o tom de voz. Não permanece bravo, mas sim chateado. ─ Você é minha única família, então preciso que confie em mim e me fale a verdade!
─ Prometo nunca mais mentir. ─ Abraço meu irmão, que retribui o afeto mais carinhoso de todos. ─ Sei que ama e isso significa que vai cuidar de mim, mas entenda que não sou mais um bebê. Não precisa segurar minhas mãos para me ajudar a andar. ─ Digo, relembrando de um vídeo em que estou dando meus primeiros passos e Bruno é o responsável por me colocar de pé todas as vezes que caia.
─ Você ainda não sabe nada da vida, Jasmim. ─ Retruca protestante.
─ Se eu continuar assim, também nunca vou saber. Bruno, eu vivo com sete homens, sou a empregada da casa, sou proibida de sair com minhas amigas, de beber, de viver... em dois dias com o Alex, eu vivi muito mais do que com 17 anos aqui, seguindo regras. ─ Respiro fundo. No começo minhas palavras eram nada, mas a pouco a pouco o semblante de Bruno evidencia que compreende meu lado.
─ Eu não vou me tornar uma piranha, também não vou sair e ficar bêbada, depois do mico de ontem acredito que seja muito improvável que eu beba novamente ─ Brinco, imaginando que Luana tenha dito a tudo que contei a ela. Pelo sorriso de vergonha alheia que aparece em seus lábios é certo que está por dentro da história do vómito na casa de Alex. ─ eu somente quero viver. Quero fazer que minha vida valha a pena.