Capítulo 59

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Abro a porta do carro para Jasmim sair

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Abro a porta do carro para Jasmim sair. Do lado de fora do carro, ambos encaramos o prédio enorme a nossa frente, as mãos pequenas seguram as minhas e em seus olhos amorosos, encontro força para meus próximos passos. Entramos no elevador e antes que as portas se fechem, vejo o porteiro pegar o telefone e falar: ele chegou e está com uma garota.

Isso não é um bom sinal.

As portas do elevador se abrem e o vejo. Jasmim não entende quem é o homem que nos encara, mas suas mãos alisam meu braço, percebendo que meu corpo está rígido, percebendo que todas as minhas células estão contraindo ao ver que esse filho da puta respirar, que está vivo, que está à minha frente.

─ Foi esfriar a cabeça com suas putinhas? ─ Largo a mão de Jasmim, mordo os lábios e antes que possa dar conta dos meus atos, meu punho está seguindo na direção da boca do homem, e em mais um piscar de olhos, o sangue escorre pela boca dele e seus olhos estão possessos de raiva e cada molécula do meu corpo deseja que ele se vingue, revide, porque no mesmo momento que eu ver sua mão se erguer para mim, eu juro ir para cima dele com toda raiva que queima minha pele.

─ Nem se atreva a olha-la ou dizer qualquer outra merda! ─ Alerto, entre dentes.

Respiro fundo.

Os olhos de Jasmim estão arregalados, está como uma criancinha assustada, encolhida num canto, apenas sendo testemunha de um taque de ódio. Estendo a mão e ela pega, a guio para dentro do apartamento e seguimos direto para o quarto, encontramos minha mãe e minha irmã sentadas na cama, brincando com Lorenzo. Os olhares femininos nos atacam e logo em seguida, correm para o traste que chega de mansinho atrás de mim.


─ Só vim pegar minhas coisas. ─ Comunico. Pego duas malas em cima do guarda-roupa, a jogo no chão, abro a primeira gaveta e atiro minhas roupas nela. Jasmim coloca meus tênis na outra mala e tudo que consegue encontrar pela frente. A pobrezinha está assustada e me sinto mal de está arrastando-a para isso tudo, sei o inferno que ela vivia na casa do pai, as brigas, a agressividade e sei muito bem que me comportar como um cachorro com raiva não é a impressão ideal que quero minha namorada tenha de mim, ainda mais agora, que vamos morar juntos, infelizmente não dá... estar perto desse homem, sempre desperta o meu pior lado.

─ Meu filho ─ Minha mãe começa. Ergue da cama e caminha até mim, antes que seus braços possam tocar em mim, desvio. ─ não seja precipitado, ouça o que seu pai tem a dizer. ─ Suplica.

─ Ele perdeu o direito de ser meu pai quando me expulsou de casa. Ele não é nada para mim e depois de hoje, você também não é. ─ O rancor devora meu tom de voz doce, deixando transparecer uma voz azeda e amargurada.

─ Deixe de ser dramático, Alex. ─ Reviro os olhos. ─ Que tal fazermos um acordo? Sabe que nos abandonar não será bom para você, sabe que precisa do meu dinheiro.

─ Amor, pode terminar de arrumar isso para mim?

Vou para sala, dou alguns passos indo e voltando, sem sair do mesmo lugar. Paro. Encaro o filho da puta, que senta no sofá e ajeita a roupa.

─ Vou te perdoar pelo soco, porque sei que quando o sexo é bom a gente perde a cabeça. Até que tem bom gosto. ─ Cerro os punhos rentes ao corpo. Eu vou mata-lo com gosto.

─ Meu filho, você vem de uma família com dinheiro, com um legado e o certo é você preserva-lo. ─ Encaro minha mãe que, senta ao lado do homem, que está com a cabeça na direção do quarto, ele olha Jasmim, agachada no chão arrumando minhas coisas. Não é um olhar de curiosidade, é um olhar sexual, desejoso.

Agarro um troféu de primeiro lugar de uma competição de xadrez e o acerto a garganta dele.

─ Não me importo com a porra do seu dinheiro, não ligo para a merda do seu legado, a merdas das suas vidas não significam nada para mim, porque vocês dois já estão mortos para mim. E você ─ Direciono minhas palavras especialmente para o homem que tenho nojo de chamar de pai. ─ não olhe para minha namorada!

─ Olha aqui seu pirralho mimado, quem pensa que é para falar assim comigo? ─ Ergue o tom de voz, enquanto passa a mão pelo pescoço que está vermelho. ─ Acha mesmo que eu quero a merda daquela putinha, ah meu filho, tenho dinheiro posso conseguir coisa melhor... ─ Me descontrolo por completo, agarro a gola da sua camisa e com impulso caímos em cima da mesinha de centro, que é despedaçada pelo peso dos nossos corpos. Um soco, depois outro, depois outro, cada um com mais força e com mais raiva.

Ouço minha mãe gritar, ouço a voz de Maria, o choro de Lorenzo, mas nada disso é o suficiente para eu parar de socar meus punhos no rosto do homem que não possui capacidade para reagir, não tem forças para se defender, o sangue começa a manchar meu punho, mas mesmo ele demostrando dor, o vermelho ser esparramado pelo chão, não tenho a capacidade, a força de vontade de parar, porque eu sei que ele merece isso e muito mais.

─ Alex! ─ Paro outro soco no ar. Viro para trás e Jasmim balança a cabeça de modo negativo. ─ Chega. Por favor. ─ Suplica, agarrando as alças das minhas malas.

Abaixo minha mão. Encaro o homem que me olha assustado. Saio de cima dele com cuidado, desviando dos cacos de vidro no chão.

─ Não me procure mais. Esqueçam da minha existência, não quero o dinheiro de vocês, não quero ter notícias de vocês. Só quero ter uma vida normal longe da ganância dos dois. ─ Respiro fundo e limpo o sangue da minha mão numa almofada. ─ Eu odeio vocês dois. Odeio vocês por terem me feito acreditar que eu nunca conseguiria amar, odeio vocês por nunca terem me dado amor, por nunca terem sido meus pais na hora que precisei. ─ Olho com nojo meu pai, que tenta se levantar. ─ Odeio você especialmente, você me fez acreditar que as mulheres eram todas iguais, que eram objetos que serviam apenas para prazer sexual. E você, mãe, é uma idiota. Meu pai te trai desde o nascimento da Maria Alicia e você nunca fez nada a respeito e quando vocês se divorciaram, foi porque ele te largou, porque se não fosse isso, você continuaria ao lado dele. O dinheiro é tão importante assim para você? O dinheiro é tão valioso ao ponto de conseguir te prender a um homem que não tem a capacidade de ama-la, de valoriza-la? ─ Ela abaixa a cabeça, envergonhada.

Passo pelos dois e pegou as malas da mão de Jasmim.

─ Os dois merecem estar juntos, uma interesseira e um egoísta fazem um bom par de infelizes para sempre.

Saio. Não consigo dizer nada e Jasmim também não. Está calada, olhando para as próprias mãos, talvez esteja assustada com a personalidade que conheceu, não a culparia, agi como um animal.

Abro a porta mala e coloco minhas coisas. O fecho.

Não aguento esse silêncio. Não suporto minha namorada não conseguir olhar para mim.

─ Não sou daquele jeito. ─ Começo e os olhos dela encontram os meus. ─ Sei que pareci um mostro é só... aquele filho da puta é um lixo. Ele me fez esconder da minha mãe as amantes dele, ele me fez acreditar em coisas terríveis, por causa dele nunca tive um relacionamento, por causa dele nunca conheci um pingo de amor. Não sou daquele jeito, amor, não sou aquele monstro que você viu. Nunca seria capaz de machuca-la como seu pai, não sou um homem violent... ─ As mãos de Jasmim aninham meu rosto, seus olhos amorosos dizem que tudo vai ficar bem.

─ Você nunca será como meu pai, por isso o amo. Não quero que entenda meu silêncio como julgamento, quero que o veja como admiração. Você foi contra sua família porque quer liberdade, porque recusa viver e seguir os preceitos dele, meu silêncio é de admiração, porque estou orgulhosa do homem que chamo de meu amor. ─ Acaricia a lateral do meu rosto e mantêm um sorriso enorme nos lábios.

─ A partir de hoje essas brigas de família acaba, porque agora você é a minha única família que tenho nesse mundo. ─ Passo minha mão pela cintura dela, trazendo seu corpo para mais junto do meu.

─ Então agora seremos nos dois contra o mundo?

─ Sim. Eu e você contra esse mundo gigante, com milhões de pessoas e de problemas. Mas, seremos mais fortes do que qualquer coisa que atrevesse nosso caminho, porque nos amamos de verdade.

Minha GarotaWhere stories live. Discover now