Capítulo 50

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Acordo, ouvindo barulhos vindo da cozinha

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Acordo, ouvindo barulhos vindo da cozinha. São soluços, choro, talvez os dois. Esfrego os olhos, vejo as minhas malas e as de Bruno no canto do quarto, um frio congela meu peito, imaginando vários e vários desastres cometidos para Bruno estar chorando.
O nariz vermelho, um dos olhos inchados e com uma marca terrível, os punhos esfolados e uma parte da camiseta rasgada. Seus olhos melancólicos dispersos num ponto que não sou capaz de decifrar, sua boca meio aberta com a respiração decadente, sua atenção não permanece nesse local, divaga em algum lugar de seu subconsciente. Ajoelho em sua frente, ele me vê. Sua cabeça balança num movimento negativo, suas mãos grandes tocam meu queixo e os olhos examinam o meu rosto que, provavelmente possui um terrível roxo.

─ Vamos ficar bem. ─ Digo, quebrando o silêncio e esforçando para criar pensamento positivo em ambas as mentes.

─ É, nós vamos. ─ Puxa meu corpo para o seu, abraçando-me. Não consigo, choro como uma menininha chorona. Não posso conter, tenho que lidar com a dor física, com as dores psicológicas de como vamos nos sustentar já que a metade de nossos salários é para pagar o colchão e o fogão, e mesmo que fale para mim mesma que isso não doí, dói muito saber que não estou com Alex. Dói saber que aquele foi nosso último beijo, saber que não o tocarei, não dormirei mais em seus braços, que sua voz não me provocara mais. Fui em quem tomei a decisão, não deveria estar desse jeito, não deveria me importar, porque fui a responsável por tacar a realidade sobre a mesa, por fazê-lo concordar. Queria que ele estivesse aqui. Queria muita estar nos braços dele.

─ Eu te amo. Nós vamos sempre ser irmãos, não importa o que aconteça, você é a minha irmãzinha. ─ Bruno choraminga em meu pescoço enquanto usa de uma força suportável em meu corpo dolorido.

─ E você é meu irmãozão. ─ Deixo minha cabeça cair em sua clavícula. O ar quente da minha boca bate na pele dele e retorna para mim. ─ Você o viu? ─ Questiono triste por saber a resposta.

─ Foi ele quem me causou isso. ─ Comprimo os lábios com dor. Gostaria de ouvir qualquer outra coisa menos isso, só que as provas estão na minha frente e mesmo que eu feche os olhos, o meu corpo, a dor em minha coluna, no meu rosto revela a verdade. ─ Os garotos me contaram o que você fez com ele, recebeu alguns pontos, mas nada freia aquele cara.

─ Não entendo de onde ele tira forças para brigar. ─ Encosto as costas na parede e observo a parede branca do outro lado da cozinha, Bruno também faz o mesmo, negamos olhar um para o rosto do outro. Estamos destruídos.

─ Ele voltou para o hospital, com certeza ele não vai sair de lá hoje. ─ Viro minha cabeça para ele, duvidando que Bruno tenha tido coragem o suficiente para causar um ferimento grave em nosso pai. ─ Gabriel e Thiago também precisaram de alguém para cuidar deles. ─ Estou cética. É inacreditável que Bruno tenha batido no meu pai, Gabriel e Thiago, principalmente sabendo que Gabriel é bem mais forte que Bruno.

─ Tá brincando?

─ Não. ─ Fala sério, parece um pouco ofendido também. ─ Eles estão machucados para valer. ─ Bruno fala para si mesmo, até ele parece receoso em acreditar em suas próprias palavras. ─ Estamos sem carro. ─ Comunica, triste.

─ Tá tudo bem. ─ E realmente está tudo bem para mim, porém, não para Bruno. Ele era o principal a usufruir do carro, ele nem sabe o que é andar a pé e imagino que pegar ônibus será uma dolorosa sensação para ele.

Dois minutos de silêncios.

─ Estamos lascados!

─ Estamos.

─ Ferrou por completo. ─ Conclui. ─ E aí, gostando da liberdade?

─ Meu corpo super apoia o fato de não ganhar mais hematomas, mas meu cérebro sofre com a ansiedade que já começou atacar. Eba!

─ Tenho dez reais, bora comer para ver se a gente esquece dos problemas?

─ Bora.

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