Capítulo 11

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─ Quer dividir o trabalho? ─ Alex se joga do meu lado, coloca o notebook sobre minhas pernas e pega um papel amaçado no fundo da sua mochila

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─ Quer dividir o trabalho? ─ Alex se joga do meu lado, coloca o notebook sobre minhas pernas e pega um papel amaçado no fundo da sua mochila. Desamassa o papel e consigo ver que é o papel que explica o trabalho. Força uma tosse e limpa a garganta. ─ Queridos alunos, nesse trabalho vocês terão duas funções: primeira é dizer o porquê de terem escolhido tal país para fazer o trabalho e quais são as coisas que mais gostam e admiram no país escolhido.Segunda, quero que troquem ideia com seus parceiros e criem uma história sendo vocês os protagonistas numa aventura no país que escolheram. Lembrando que tanto o texto quanto a apresentação devem ser na língua espanhola. ─ Alex lê o papel e tenta reproduzir a voz e o sotaque que a professora de Espanhol tem, e em cada palavra dada ele gesticula a mão ou faz uma careta, capitando as ações detalhadas que a professora usa em suas explicações. Sou forçada a contrair os lábios na intensão de seguras a risada, porém quando ele termina de ler não me aguento e liberto o riso preso. ─ Sou um ótimo ator, não sou?

─ Pretende seguir essa carreira?

─ Não.

─ Que bom. Se não passaria fome dependendo da sua atuação. ─ Ele semicerra os olhos, fingindo estar bravo. ─ Não fica triste, ator de meia tigela, você é bonito e mesmo sendo um péssimo ator, acredito que muitas mulheres pagariam para ver seu filme.

─ Você seria uma delas? ─ Passa seu braço pelo ombro e faz questão de me fitar com seu sorriso atrevidamente atraente. Será possível mantermos uma conversa sem esse galã usar seu tom e seus gestos que demostram segundas intensões?

─ Não. ─ Quebro o clima que ele insiste em criar. ─ Com certeza não. Gosto de qualidade e não dá aparecia. ─ Faz um barulho zombeteiro com a boca e retira o braço do meu ombro. ─ O que foi?

─ Você nem conhece o Lorenzo o que significa que contradiz totalmente seu próprio argumento. Você só gosta do idiota pela aparência, eu aposto que quando conhecê-lo de verdade vai ver que ele não é nada do que você imagina.

─ Como tem tanta certeza?

─ Confia, Chica, esse garoto é furada! Vamos começar a fazer o trabalho?

─ Furada? Como assim? ─ Desconsidero o semblante de "não quero falar sobre esse assunto" no rosto de Alex e insisto em obter respostas.

─ Ele usa as mesmas técnicas com todas as garotas e com você não vai ser diferente, o cara vai se comportar como um príncipe e depois que se divertir vai fingir que você nunca existiu, ele é desses. ─ Se afasta um pouco.

─ Soube que vão sair. ─ Comenta com desinteresse. ─ Vou te contar o que vai acontecer, ele vai abrir a porta do carro, vai elogiar sua roupa, seu sorriso, tudo em você. No fim, vai te roubar um beijo e vai dizer que nunca beijou alguém como você. No segundo encontro, ele vai te levar para uma festa e vai exibir você como o novo brinquedo dele e no terceiro, ele te leva para cama.

─ Ele vai me roubar um beijo! ─ Falo apavorada. Ai, meu deus, ele vai me beijar, eu nunca beijei! Se o beijo for ruim ele não vai querer nem ter um segundo beijo!

─ Eu falei um monte de coisa e você foca no beijo? Fala sério, até parece que você nunca beijou antes. ─ Se recosta no sofá e desvia o olhar, mas acho que por falta de resposta ou por meu silêncio incriminador faz com que ele repense em sua opinião sobre mim. Repense o suficiente para voltar os lindos olhos azuis surpresos na minha direção. ─ Você nunca beijou?

Não posso dar na cara que nunca beijei antes.
Jasmim aja de modo natural, como se você tivesse beijado várias e várias vezes antes.

─ Claro que eu sei beijar. Eu beijo todo dia, se deixar, toda hora. ─ Uso meu tom descontraído, mas minha voz gagueja não intensificando nada que eu explico.

─ Você nunca beijou! ─ Conclui. Passa a mão pelo rosto e rir da minha cara. Alex rir ao ponto de as bochechas ficarem vermelhas e até mesmo sair lágrimas dos seus olhos. ─ Beijo todo dia... você não sabe nem mentir! ─ Pego meu caderno e bato na cabeça de Alex que geme de dor. ─ Calma, agressiva. ─ Coloca as mãos sobre a cabeça evitando que eu dê outra cadernada. ─ Foi por isso que ficou nervosa e começou a rir igual uma maluca na hora que eu flertei com você? Claro que foi, nenhuma mulher em sã consciência me negaria.

─ Não foi por isso que eu rir. ─ Retruca com seu olhar duvidoso, me fazendo declarar a verdade. ─ Tá legal. Estava nervosa, mas você não é tudo isso. É bonitinho, no entanto, não faz o meu estilo.

─ Não faço seu tipo? ─ Passa as mãos pelos cabelos negros e umedece os lábios. ─ Sério?

─ Sim. ─ Responde depressa. Alex ergue uma das sobrancelhas, não me olha com seu olhar duvidoso, muito pelo contrário, dá de ombros. Não joga nenhuma piadinha nem provocação, tem coisa errada.

O silêncio surge entre nós. Encaro minhas mãos e Alex morde os lábios, seus olhos focam um ponto fixo, seus pensamentos não parecem estar aqui. Penso em falar para começarmos o trabalho, mas tudo muda quando ele sugere um absurdo que faz meu corpo inteiro arrepiar. Arrepiar e suar.

─ O quê? ─ Quase engasgo pronunciando tal pergunta, em contra mão, Alex mantém o semblante mais natural do mundo... como alguém não pode expressar constrangimento, nervosismo sugerindo isso?

─ Eu não faço seu estilo, isso significa que você nunca embarcaria em pensamentos de relacionamentos como as outras garotas... isso é perfeito! Posso te ensinar a beijar, eu ganho beijos e você a experiência, que tal? ─ Estava conversando esse tempo todo com um maluco. Jesus, quem sugere uma merda dessa? Eu, ele, beijando? Não. Nem pensar. Nunca. Mas por que uma parte de mim quer aceitar essa merda? Não sei. Mas não vai rolar.

─ Tem consciência do que propôs?

─ Jasmim, são beijos... não vamos transar, tranquila.

─ Eu mais você e mais beijo? Sério? Tá passando mal? ─ Coloco a mão na testa dele checando que ele não está delirando por causa de uma febre. E não, ele permanece sã, mas ainda não acredito que ouvi tais palavras saírem desses lábios finos, meio rosados que se movem num sorriso malicioso, enquanto me encara em busca de uma maluca resposta. Para por aí. Não posso olhar para a boca dele assim, daqui a pouco ele vai acreditar que estou afim dele, e não estou!

─ Não é para me gabar, mas eu beijo muito bem. E ter eu como seu professor deveria ser uma honra para você.

Uma honra? Se ele beijar do mesmo jeito que eleva seu ego, aposto que vai ser o melhor beijo da minha vida. Esperai, eu não vou beijar esse cara!

─ Eu não preciso de ninguém para me ensinar a beijar. Vai acontecer naturalmente... e eu desejo que beijar não seja tão difícil assim.

─ Não é difícil beijar... claro que beijo bom são aqueles com pegadas, mas no quarto beijo você começa a sacar os movimentos, o que deve fazer com a língua e como flertar para deixar o cara querendo mais, claro que posso te ensinar isso, só basta dizer sim.

─ Não! Vamos iniciar esse trabalho logo pelo amor da minha sanidade mental.

Minha GarotaWhere stories live. Discover now