Capítulo 9

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A professora de espanhol deixou a aula livre para discutirmos sobre o trabalho que é para ser entregue na próxima semana

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A professora de espanhol deixou a aula livre para discutirmos sobre o trabalho que é para ser entregue na próxima semana. Poderíamos ter aproveitada mais, caso Alex não tivesse perdido tanto tempo tentando me convencer a fazer uma maquiagem artística de caveira no rosto, deixando claro que vamos tratar de um dos feriados mais importantes do México, o dia dos mortos. Sim, foi uma ideia boa, mas não tenho dinheiro para ficar bancando maquiagens desse porte. Por fim, conseguimos resolver somente as questões dos horários que vamos tratar assuntos do trabalho. Por hoje eu não trabalhar, combinamos que vamos iniciar o trabalho no apartamento dele, amanhã finalizamos na sorveteria e o resto da semana a gente treina a pronúncia, pois ela valerá mais do que tudo no trabalho.

Como o combinado de ontem, Alex me fez acompanha-lo durante todo o intervalo. Fui apresentada a todos os amigos dele, muitos me devoraram com os olhos, o que eu achei extremamente estranho, aliás, não sou nova por aqui, mas pelo que eu entendi, nenhum deles nunca me viram na vida. Conheci algumas meninas e ao contrário dos garotos, elas me conheciam muito bem, sabendo meu estado financeiro e que sou uma nerd. Sim, Nathalia, uma das garotas que eu julgo ter ficado com Alex me chamou no canto e teve o descaramento de insinuar que entre mim e Alex rola um "romance", claro, deduziu que estou com Alex por causa de dinheiro, na hora, eu quis socar a mão na cara dela, mas preferi me calar e sair.

Jasmim como sempre se calando e saindo com o rabo entre as pernas, igual a um cachorro que foi corrigido pelo dono. Não é culpa minha ser a sim, a vida me fez ser assim e mesmo que eu queira, não é possível mudar da noite para o dia. Depois dessa curta "conversa" fiz o que sei fazer de melhor, me escondi e é por isso que estou na biblioteca ajudando a bibliotecária a ajeitar as coisas.

─ Obrigada, querida. ─ A senhora Amélia agradece com sua voz rouca devido a gripe que contraiu durante o final de semana. ─ Se quiser pode ir aproveitar seu intervalo, não tem necessidade em me ajudar. ─ Poderia muito bem sair por aquela porta e encontrar minhas amigas, mas quero silêncio, não estou afim de responder às indagações das meninas e me nego a ficar no mesmo ambiente que aquela vaca da Nathalia e as amigas dela.

─ Falta cinco minutos para acabar o intervalo e não me importo de gasta-los ajudando a senhora aqui.
Pego um dos livros que está na caixa de devolução e entrego a senhora que arruma uma das prateleiras. Sinto meu celular vibrar, o pego e vejo que Alex me liga, espero a ligação cair na caixa postal para poder colocar meu celular no modo silencioso.

─ Devia atender. ─ Senhora Amélia aconselha, desviando seu olhar da prateleira e encarando a tela do meu celular que acende mais uma vez com o nome de Alex.

─ Não é importante. ─ Dou de ombros. Os olhos caídos da senhora me devolvem com "Tem certeza?".

Esqueço o celular e enfio o aparelho de volta ao bolso. Subo em uma das escadas e me encarrego de organizar os livros das prateleiras de cima. As escadas tremem e quando foco no chão vejo o causador.

─ Eu prometo te ensinar a se divertir, e você foge? Sabia que você é uma garota complicada? — Fala, parecendo aborrecido pelo meu sumiço.

Ignoro e continuo a organizar os livros.

─ Não vai falar nada? ─ Insiste.
Solto um suspiro e desço os degraus. Limpo as mãos na roupa e sem olha-los nos olhos, digo:

─ Temos conceitos diferentes de diversão. ─ Cruza os braços e ergue umas das sobrancelhas. ─ Não precisa cumprir a promessa, a noite de sábado já foi o suficiente.

─ Tá legal, o que rolou entre você e as garotas?

─ Nada.

─ Não me convenceu!

─ Também não me convenceu. ─ Amélia fala, e somente nesse momento noto, que a senhora continua sentada num baixo banco de madeira organizando os livros das últimas prateleiras. ─ Ela chegou aqui com uma cara bem triste, com certeza essas garotas fizeram alguma coisa para ela. ─ Lanço um olhar feio na direção da senhora que devolve um sorriso meigo. ─ Preciso organizar outros livros no segundo andar. ─ Avisa, se levantando e se afastando nos dando mais liberdade.

Alex espera Amélia sair para continuar.

─ Não devia ter deixado você sozinha com elas, principalmente com Nathalia. ─ Aparenta se arrepender e sentir culpado. ─ O que elas te fizeram?

─ Nada. Estou bem.

─ Não vai me contar? ─ Dou as costas a ele, continuo a ajeitar as prateleiras.

─ Tudo bem. ─ Diz, com a voz desleixada. ─ Se não vai me contar, vou perguntar a própria Nathalia o que ela fez a você. ─ O encaro e vejo que já se distância.

─ Não! ─ Grito. Me olha por cima do ombro e antes mesmo que seu rosto se vire completamente para mim é nítido o sorriso de batalha ganha desenhado em sua boca. Otário. Por que ele não pode simplesmente deixar para lá, assim como todos os meus irmãos, que nunca se preocupam com meus problemas? Ele não entende que se fazer isso vai aumentar as suspeitas de Nathalia sobre termos um "romance"? Claro, ele não se importaria por meu nome ser mais um dos que rola na boca do povo, deixando que as pessoas pensem que sou mais uma de suas ficantes ou uma das galinhas com quem ele dorme. ─ Alex, você é legal, mas...

─ Sabe que a gente não tem nada, né? ─ Interrompe. ─ Tá falando igualmente a mim quando vai dispensar as garotas grude.

─ É exatamente isso! A Nathalia pensa que temos alguma coisa... isso me incomoda. ─ Os ombros dele se enrijecem. ─ Você é lindo, pode ter a garota que quiser e isso faz com que qualquer garota se atire em seus braços, eu não sou essas garotas, e me incomoda muito ver que as pessoas pensem que há uma relação entre nós. ─ Minha voz se embarga à medida que expresso o que aleatoriamente surge em minha cabeça. ─ Tudo bem, eu gosto do Lorenzo, ele é igual a você no aspecto de pegar muitas e se por um caso eu ficar com ele já terei que carrega os olhares em cima de mim e sério, não quero passar nos corredores e ver os alunos comentando que além dele, fiquei também com você. ─ Comprime os lábios finos e de pouco a pouco vai perdendo sua postura rígida. Fecha o punho direito e o cobre com a mão esquerda.

─ Só acho que deveria parar de ouvir o que as pessoas falam. ─ Sua voz brusca, faz com que me arrependa de todas as palavras dita. Em passos ágeis recua sem ao menos me lançar um último olhar.

Minha GarotaWhere stories live. Discover now